Contos de Garotos – Capítulo 14 – Espionagem
Contos de Garotos
Capítulo
XIV
Espionagem
Hanz foi saindo lentamente do quarto, vendo como Julian beijava os lábios de seu primo e desta vez com delicadeza, sem pressão. Ele parecia ser um apaixonado.
– “Julian… só pode ser louco” – Hanz concluiu, fechando a porta.
E as horas foram se passando e no final da noite os garotos já estavam acordados, sentindo os sintomas da ressaca. Hanz estava deitado na sua cama, gemendo baixinho enquanto corei estava pegando um medicamento para sua dor de cabeça e enjôo.
A porta do quarto abriu lentamente e Kim adentrou olhando para o loirinho que estava ajudando Hanz a sentar-se na cama. Kim fechou a porta e caminho até ele, puxando o copo de água e a pílula da mão de corei e empurrando o loirinho para o outro lado do quarto. Kim sentou-se ao lado se seu namorado.
– Poderia ser mais gentil – Hanz comentou, pegando a pílula na mão e sorvendo um pouco da água.
– Está com muita dor? – Kim indagou, ignorando a reclamação de seu namorado.
– Ressaca – murmurou – não devia ter bebido tanto.
Kim riu baixinho e beijou os lábios secos de Hanz, a mão direta de Kim deslizou pela face de seu namorado, retirando uma mecha negra que cobria seus belos azuis-piscina.
– Hoje vamos comemorar seu aniversário – Kim sussurrou – onde quer ir?
– Hum… que horas são?
– Seis e meia passada – respondeu.
– Eu estou com fome. Vamos comer fora – sugeriu – tudo bem?
– Eu farei o que você quiser – murmurou – se quiser jantar fora será perfeito. E depois podemos ir num motel.
Hanz sorriu e jogou seu tronco para trás, Kim deslizou sua mão pelo tórax de seu namorado, fazendo sua mão correr por dentro da regata. As pálpebras de Hanz se fecharam para aproveitar melhor aquela carícia.
– Quer comer alguma coisa em especial? – Kim indagou.
– Você – respondeu, abrindo suas pálpebras, exibindo um olhar que carregava malícia e divertimento.
Kim sorriu de canto e balançou a cabeça negativamente. Hanz voltou a se sentar e segurou a cabeça de Kim com as duas mãos, olhando para os azuis cobalto que tanto admirava.
– “Eu acho que estou… ficando… apaixonado” – Hanz pensou – “mas eu acho que está tudo bem. Nós nos gostamos…”.
– Vai me querer então? – Kim indagou num sussurro.
– Com mel… – sussurrou, dando uma lambida nos lábios de Kim.
– Não prefere ser o prato principal? – Kim indagou.
– “Na verdade… eu adoro quando você me toma. Mas esta noite… eu te quero” – pensou – eu estou a fim de mudar o cardápio.
– Então vamos ter que fazer compras… – Kim sorriu – por acaso você tem mel no armário?
– Infelizmente não, pois adoraria preparar meu prato agora.
Corei olhava aquela cena ao longe. Ele sentiu seu estômago embrulhar. Corei não podia acreditar que dois garotos daquela idade estavam falando coisas tão melosas relacionadas à comida e a sexo ao mesmo tempo. Ainda mais Kim, que era frio e briguento. Definitivamente Kim era outra pessoa ao lado de Hanz.
Kim ia dizer alguma coisa, mas calou-se. O casal olhou para corei, o loirinho havia esbarrado na mesa de madeira, deixando algumas revistas caírem no chão do quarto.
– Por que não some? – Kim indagou com frieza.
– Eu… eu… er…
– Desculpe corei – Hanz pediu.
– Por que está se desculpando? – Kim indagou.
– Nós estamos no quarto dele também. Ele gosta de privacidade – Hanz comentou.
– Esse fedelho precisa apanhar mais para aprender ser menos irritante? – Kim indagou, olhando com severidade para corei que se encolheu com medo.
– Pára com isso! – Hanz pediu, dando um tapa de leve no braço de Kim.
– Some… eu não vou falar de novo – Kim disse.
Corei olhou para os lados com desespero, ele correu para fora do quarto. Hanz olhou para a porta fechada, sentindo remorso por ter que fazer corei passar por aquele tipo de situação. Se eles não estivessem no mesmo quarto, corei e Kim não ficariam se encontrando.
– Se arrume então – Kim pediu.
Uma hora depois, Hanz e Kim estavam prontos para saírem. Eles caminhavam pelo campus tranqüilamente, aproveitando a noite estrelada, mas pararam ao ver uma cena suspeita. Hanz fechou sua mão no braço de Kim e o puxou para ficar atrás de uma árvore.
– Hanz! Vamos embora – Kim pediu.
– Psiu! Eu quero ouvir – Hanz pediu num tom baixo, colocando sua mão na cabeça de Kim e o abaixando para ficarem ajoelhados atrás da árvore, espionando os dois alunos que estavam conversando.
– Eu não estou fazendo isso… – Kim lamentou num sussurro.
– Quieto, eu quero ouvir – Hanz pediu, dando um tapa no seu namorado.
Hudi estava encostado numa árvore e Miles estava ao seu lado, com um braço encostado no tronco, ficando ao lado da cabeça do ruivo. Miles estava com um cigarro na boca e seu olhar era calmo como sempre, ele coçou seu cavanhaque, que era uma mania dele e depois mirou seus orbes negros para o ruivo.
– Eu não vou ficar com você – Hudi disse.
– Ah… que coisa – Miles murmurou, deixando a sua outra mão deslizar até uma mecha ruiva, tocando-a com delicadeza, sentindo sua textura. Hudi ficou em silêncio sentindo aquele toque.
Alguns minutos se passaram e os dois continuavam na mesma posição, o ruivo se irritou e deu um tapa na mão do Miles, afastando-se da árvore o encarando com um olhar irritado.
– Você não vai parar de me perseguir? – Hudi indagou.
– Não – respondeu secamente – por que pararia?
– Ah… porque eu te recusei?
– Isso é o suficiente para você querer se afastar de uma pessoa? – indagou.
– Nossa. Essa foi à primeira vez que falou algo com mais de quatro palavras nessa noite – comentou – eu não gosto de pessoas quietas como você. Isso irrita sabia? Eu falo, falo, falo e falo… e você fica em silêncio olhando para a minha cara e…
O falatório de Hudi foi interrompido, Miles avançou até o ruivo, segurando sua cabeça com as duas mãos e inclinando-se para beijar os lábios que tanto desejava, dando um beijo apaixonado. Hudi paralisou, deixando aquela boca lhe levar aos céus. Talvez esse fosse o famoso beijo francês.
– Mon ange – sussurrou após encerrar o beijo.
– O… o que? – Hudi indagou atordoado.
– Mon ange – tornou a sussurrar – meu anjo.
Com a tradução, a cor das faces de Hudi se assemelhou aos seus fios ruivos. Ele abaixou sua cabeça e ficou olhando para o gramado úmido daquela noite, ele não sabia o que falar e um toque delicado nos seus cabelos o chama de volta para a realidade.
– Eu gosto da cor de seus cabelos – Miles disse – fique comigo.
– Eu… eu…
– Me dê uma chance.
– Por que quer tanto? – indagou com certa insegurança.
Miles não respondeu, deixando seu olhar penetrante desnortear o ruivo que aos poucos acabou se entregando, permitindo que Miles o beijasse novamente. O beijo era calmo, longe da euforia que os garotos aplicavam nos beijos. Miles era delicado, seus lábios eram macios e sua língua dançava pela sua boca numa melodia lenta e doce.
Quando o beijo acabou Hudi ficou com os olhos fechados e com a cabeça jogada para trás. Miles era tão sutil que não percebeu quando o beijo terminou, aos poucos Hudi abriu suas pálpebras revelando seus orbes negros, que combinavam com os orbes que lhe admiravam.
– Está esfriando – Miles comentou – vamos entrar.
Hudi balançou a cabeça positivamente, ele não conseguiria negar mais nada que Miles pedisse depois daquele beijo. O ruivo abraçou seu corpo ao sentir uma brisa fresca bater contra seu corpo e nesse instante, Miles retirou a sua jaqueta jeans jogando-a sobre o ombro do menor, fazendo Hudi ficar desconcertado com aquele cavalheirismo.
– Vamos – pediu o mais velho, começando a caminhar na direção dos dormitórios.
Quando o casal se afastou, Hanz e Kim se levantaram. Hanz estava com um sorriso bobo no rosto e Kim estava mal humorado, por ter sido praticamente jogado no barro por Hanz.
– Agora podemos ir? – Kim indagou.
– Ah! Sim… agora sim. Eu estou contente – Hanz comentou – não é legal?
– O que é legal?
– O Hudi ter contrato com alguém, oras! – sorriu.
– Ah, grande coisa. Esse tal de Miles terá problemas… os garotos do quarto ano adoram o Hudi.
– Eu sempre quis saber… o motivo – Hanz revelou – por que eles cismam com o Hudi?
Kim ficou um tempo em silêncio olhando para a face curiosa de seu namorado, pensando em como contaria ao seu amado Hanz sobre o ruivo.
– Digamos que o Hudi… bom… o corpo dele… as reações dele, gemidos… gestos… os garotos adoram – disse.
Hanz ficou um pouco desconfiado com aquele argumento, ele aproximou-se lentamente de Kim e tocou na sua face, olhando para seus orbes azuis cobalto.
– E você já ficou com ele? – indagou.
– Uma vez – revelou – mas nada intenso.
– Hum… não me contou isso.
– Não te contei muita coisa – Kim disse – não me cobre.
– Eu quero saber com quem já ficou nesse colégio – Hanz pediu.
De repente a risada de Kim cortou o silêncio daquele campus, ele não saberia contar quantos garotos ele já havia traçado naquele colégio. Sem contar que geralmente ficava bêbado nas festas e não se lembrava com quem se deitou.
– “Eu… estou com ciúmes” – Hanz pensou de repente, sentindo uma pontada no seu peito, ele não estava gostando de saber que seu querido namorado já havia rodado a catraca por Saint Rosre.
– Não foram tantos – disse.
– E alguém… pegou você? Pode me dizer quem? – Hanz indagou, franzindo seu cenho, mas logo deixou um sorriso desenhar-se em seu rosto fingindo não estar se importando. Ele não queria mostrar seus sentimentos.
Kim ficou pensativo, ele não queria falar sobre seu passado naquele colégio. No passado, pelo karateca ser muito irritado e briguento, ele sempre foi um dos garotos favoritos dos veteranos, apesar de evitarem mexer sempre com ele, pois apesar de Maccario ser um calouro, ele já tinha muita força e malícia numa briga.
– Depois falamos sobre isso – disse – vamos logo para o carro.
Hanz suspirou sentindo seu coração acelerar, ele continuou a andar lentamente com Kim, mas desta vez o karateca o puxou de repente para um canto, jogando Hanz no chão.
– O que deu em…
– Psiu! Olhe ali – Kim disse, apontando para um canto. Hanz ergueu sua cabeça lentamente e viu Kirios conversando com um garoto que não estava reconhecendo.
– Quem é? – Hanz indagou num sussurro.
– Mahoma – Kim respondeu.
O casal ficou em silêncio para tentar ouvir a conversa dos alunos. Mais à frente Kirios estava com os braços cruzados e um olhar sério, mirando a figura a sua frente. Mahoma era um aluno do segundo ano, ele tinha longos cabelos que chegavam um pouco abaixo de seus ombros, nas pontas havia uma leve curva deixando-os levemente enrolados. Sua pele era clara e limpa, parecendo um pêssego. Seus olhos eram azuis extremamente escuros. Seu olhar era sereno porém mudava a todo instante de expressão.
Os lábios finos de Mahoma abriram-se para um sorriso com um comentário de Kirios, exibindo seus dentes brancos e perfeitos. Ele ergueu seu braço e jogou uma mecha que caia por seus olhos para trás, revelando seu braço inteiramente tatuado com várias flores orientais ao fundo e no primeiro plano havia a imagem de Ganesha, um dos principais Deuses do hinduísmo. Ao longe parecia um elefante, mas para os mais interessados na cultura oriental, poderiam reconhecê-lo. Era uma bela tatuagem, muito detalhada e rica em cores.
O significado de Ganesha era “Senhor de todos os Seres” e combinava com o estilo de Mahoma, que admirava muito essa cultura e seus hábitos, apesar de não adquiri-los por inteiro, pois teve uma criação ocidental e capitalista.
Kim e Hanz prenderam a respiração quando Kirios tocou na mecha de cabelo de Mahoma, dando mais um passo a frente e tocando na sua cintura, puxando o corpo menor na sua direção. Os olhos do casal escondido estavam arregalados, esperando que alguma coisa acontecesse, mas Kirios parou e Mahoma olhou para o lado oposto do veterano.
Ao longe Alexis aproximava-se com passos rápidos. Hanz e Kim se entreolharam sentindo um frio correr por suas espinhas, aquela situação estava ficando cada vez mais caótica. Eles não poderiam sair dali, pois seriam descobertos.
– Kirios! – Alexis o chamou.
– Ah… o que foi? – Kirios indagou, desviando-se de Mahoma e cruzando seus braços em seguida.
– Eu quero falar com você – disse, parando a poucos centímetros dos dois, olhando com certa irritação para Mahoma que deixou sua expressão impassível.
– O que quer agora? – Kirios indagou – não disse que estava com sono? Vá dormir.
Alexis aproximou-se de Kirios e fechou sua mão no braço do irmão maior, puxando-o para cima, tentando arrancá-lo da frente daquele garoto que tanto lhe perturbava. Alexis sentia-se ameaçado.
Com um longo suspiro, Mahoma balançou a cabeça numa despedida para Kirios e se afastou com passos lentos, deixando o vento bater contra suas roupas de pano. Mahoma usava apenas roupas feitas de pano e raramente colocava um jeans. Suas vestes eram leves e com cores pastéis, lhe dando um ar mais sério e natural.
Kirios viu o moreno se afastar até que ele sumiu de sua vista, depois voltou à atenção ao seu irmão que começou a reclamar. E para acabar com aquele falatório, Kirios puxou uma mecha do cabelo de seu irmão com certa força e depois segurou seu rosto com as duas mãos.
– Eu te amo – Kirios disse – você sabe disso.
E quando terminou sua confissão, fechou seus lábios nos lábios de seu irmão menor, devorando sua boca. Alexis tentou desviar do beijo por causa da intensidade e força que seu irmão estava fazendo, mas não foi possível, pois os braços de Kirios envolveram seu corpo, esmagando-o. Após um minuto de tortura, Kirios soltou seu irmão que abriu a boca para buscar ar.
– Essa agressividade me irrita – Alexis reclamou.
– Você mesmo disse que não queria me ver hoje – murmurou – por que mudou de idéia?
– Eu o vi saindo com esse idiota. O que pensa que está fazendo? – indagou, franzindo seu cenho, mostrando irritabilidade no seu tom de voz.
– Eu o vi com aquele garoto novamente e foi o motivo daquele estúpido dos irmãos Honoi lhe agredir. Eu não o quero falando mais com ele – disse secamente.
Alexis riu baixinho e deu alguns passos para trás.
– Sempre é você que dita as regras. Eu não vou aceitar isso. Eu tenho minhas amizades também.
– Amizade ou é algo a mais?
O silêncio de Alexis deixou o clima tenso, o irmão mais velho sentiu um frio correr por sua espinha, ele estava ansiando por alguma resposta. Uma brisa fria passou por seus corpos, balançando seus cabelos loiros de encontro ao vento.
Alexis virou-se de costas e começou a caminhar lentamente, porém foi impedido pela mão forte que se fechou no seu braço. Kirios deu um tranco e puxou seu irmão para trás, abraçando-o por trás em seguida.
– Você não me respondeu. Aconteceu alguma coisa entre vocês que eu não saiba?
– Sim – confessou.
O abraço ficou cada vez mais forte, Alexis gemeu baixinho e fechou os olhos. Aos poucos Kirios afrouxou o aperto e afundou sua cabeça na curva do pescoço de seu irmão.
Com um leve empurrão Alexis caiu de bruços no gramado, ele virou-se e ficou sentado, olhando seu irmão que o encarava de cima. Kirios ajoelhou-se no meio das pernas de seu irmão e jogou seus ombros para trás, deixando-o deitado.
– Está irritado? – Alexis indagou.
– Óbvio.
Kirios puxou os pulsos de seu irmão, colocando-os no alto de sua cabeça para depois prendê-los com uma única mão, ele deixou seu corpo inclinar e capturou os lábios de Alexis, beijando-o com volúpia. A outra mão de Kirios deslizou até o cós da bermuda jeans do menor, desabotoando-a e a puxando para baixo com força, recebendo um gemido dolorido de seu irmão.
– Seu rude – Alexis resmungou, porém Kirios nem sequer deu atenção, ele retirou a roupa debaixo de seu irmão menor e depois fechou sua mão no seu membro adormecido, começando a acariciá-lo com delicadeza.
– Ele te deu mais prazer que eu dou? – Kirios indagou sussurrante.
O coração de Alexis travou uma batida. Não era verdade que Hiko havia lhe dando mais prazer que Kirios, na verdade não havia comparação. Foi uma experiência diferente. No fundo Alexis adorou sentir-se dominado por outra pessoa que não fosse seu irmão, sem contar que pôde assumir o papel de ativo também; uma coisa que Kirios jamais permitiu.
– Vamos conversar – Kirios disse, abaixando seu tronco até o membro de seu irmão menor, passando sua língua por aquele pedaço de carne.
– Sobre?
– Nós – respondeu – ambos queremos novas experiências. Mas você não aceita que eu tenha as minhas.
– Você que nunca quis me deixar com outros – reclamou – sempre querendo ser protetor…
– Eu me importo – disse, colocando aquele membro lentamente na sua boca, chupando-o lentamente.
– Você se preocupa… demais – disse, gemendo baixinho, sentando-se lentamente no gramado para observar a boca de seu irmão trabalhar no seu membro que ganhava vida aos poucos.
O veterano fez a sucção ficar mais prazerosa, fechando seus lábios com força, usando mais sua língua, deixando-a deslizar pela direção contrária de sua sucção.
– Ele te faz gemer como eu faço?
– Humm… Não tem como comparar – murmurou.
O corpo de Alexis tremia em leves espasmos de prazer, os seus suspiros eram cada vez mais freqüentes. A mão de Alexis fechou-se nos fios loiros do moicano de Kirios, ele olhou para baixo vendo os orbes cor de mel de lhe observarem, enquanto movia sua cabeça para frente e para trás, continuando aquela sucção divina que apenas seu irmão tinha o dom de fazer.
O calor apossou-se do corpo de Alexis, ele não tinha mais controle e estava afundado no prazer. Seus lábios abriram-se para aspirar o ar que lhe faltava, olhando para o céu estrelado. Aos poucos os espasmos foram se intensificando, e Kirios aumentou o ritmo da sucção recebendo sem aviso o sêmen de seu querido irmão menor. O líquido espesso adentrou pela boca de Kirios, deslizando para o interior de sua garganta; Kirios continuou a chupá-lo até a última gota. Quando terminou, lambeu o membro de seu irmão mais novo e se ergueu.
– Eu permito que você faça o que quiser… eu não posso prendê-lo – Kirios disse, erguendo seu tronco.
– Você está dizendo isso por que vai atrás daquele idiota – resmungou com a voz cansada.
Kirios puxou a bermuda de seu irmão juntamente com sua roupa de baixo, ajudando-o a se vestir, quando terminou, sentou-se e ficou a olhá-lo sem nenhuma expressão.
– E você quer que eu faça o quê?
– Pode ficar com quem quiser, menos com ele – disse enciumado.
– Não concordo – disse – você escolhe. Se quiser se relacionar com outras pessoas, você terá que permitir que eu faça o mesmo.
– Não sendo com o Mahoma, tudo bem – resmungou.
Kirios suspirou. Conversar com Alexis estava sendo difícil, seu irmão menor tinha um ciúme corrosivo por Mahoma, porém não podia culpá-lo, pois Kirios sentia o mesmo com relação a outros garotos que se interessavam por seu irmão menor.
– Desisto – Kirios disse – afaste-se desse garoto ou eu vou hospitalizá-lo amanhã mesmo.
– Não pode fazer isso – disse um tom mais alto, irritando-se com o comportamento destrutivo de Kirios.
– Claro que posso. Você não me dá escolha – comentou com descaso.
Os dois ficaram se olhando com seriedade, Kirios tocou na perna de seu irmão menor, fazendo uma leve carícia. Após um minuto de silêncio, Alexis fechou os olhos e balançou a cabeça positivamente.
– Tudo bem. Vamos tentar – disse – mas… se você se afastar de mim como daquela vez… eu não… eu… eu… sumo – ameaçou em seguida.
– Sumir para onde?
– Não sei, mas saiu de perto de você. O pai queria me colocar num intercâmbio na Austrália… Talvez eu vá mesmo para lá.
– Hum… como se eu fosse deixar. Mas tudo bem – disse com descaso – vamos tentar nos relacionar com outras pessoas.
Alexis estava com uma expressão preocupada, ele não queria deixar seu irmão livre para fazer o que quisesse, mas ter essa liberdade de pode ficar com outras pessoas estava sendo única. Desde a infância Alexis nunca pôde brincar com os outros garotos, pois seu irmão sempre o reprimia. Talvez Alexis tenha se acomodado ao jeito protetor e possessivo de Kirios, deixando-o inseguro para andar com as próprias pernas.
Os irmãos Javier levantaram-se lentamente, Kirios passou seu braço direito pela cintura de seu irmão o abraçando fraternalmente.
– Vai dormir, você parece cansado – Kirios disse.
– Eu vou… boa noite – disse, afastando-se do seu irmão.
Com um longo suspiro Kirios olhou para trás na direção de uma árvore e ficou um tempo parado.
– Podem sair daí – disse com uma voz alta.
Kim e Hanz ergueram-se lentamente olhando para Kirios. Hanz estava desconcertado e Kim estava agradecendo por Kirios ter pedido isso, pois ele estava com as pernas doendo. O casal aproximou-se do loiro.
– Finalmente vai poder ter um tempo livre – Kim comentou com um largo sorriso.
– Sim. Mas ele vai mudar logo de idéia – Kirios comentou, ignorando o fato de estarem lhe espionando – vocês não iam sair?
– Sim, mas ver você com Mahoma despertou meu interesse – Kim revelou.
– Está interessado em nos observar? – indagou com um sorriso malicioso – podemos fazer um troca-troca de casais um dia desses. Eu e o Hanz e você e Mahoma.
O coração de Hanz acelerou, ele olhou discretamente para a face de Kim vendo um largo sorriso no seu rosto. Um desconforto instalou-se no peito de Hanz. Afinal, estaria Kim interessado nesse tal de Mahoma? E novamente uma pontada de ciúme o invadiu.
– O que acha, Hanz? – Kirios indagou, olhando diretamente para o moreno.
– Ah… legal – respondeu sem prestar atenção, dizendo algo que despertou a atenção de Kim e Kirios que arregalaram os olhos e deram mais atenção a Hanz, que estava perdido nos seus devaneios – “Que legal… agora eu estou sentindo ciúme de Kim. Que droga… por que eu me deixei envolver desse jeito?”.
– Você… você quer? – Kim indagou.
– Hum? – Hanz ergueu sua cabeça olhando para os dois veteranos.
– Quer ir Hanz? – Kirios indagou com o mesmo tom surpreso.
Hanz ficou parado pensando no que eles estavam perguntando, aos poucos começou a ficar vermelho, sentindo suas mãos suarem levemente. Um sorriso malicioso desenhou-se nos lábios de Kirios, ele ergueu sua mão e tocou numa madeixa de Hanz, sentindo sua textura.
– Quando você quer fazer isso? – Kirios indagou.
– Kirios – Kim lançou um olhar de poucos amigos para Kirios, que resolveu se conter, dando um passo para trás.
– Vamos indo Kim? – Hanz indagou com um longo suspiro.
– Vamos – respondeu – até mais Kirios.
O casal se despediu e afastou-se do loiro que ainda sorria maliciosamente para o casal. Ter Hanz em seus braços era um de seus fetiches desde o dia que o moreno havia feito um carinho nele.
Kirios colocou as suas mãos no bolso da calça jeans e começou a caminhar até o dormitório com a cabeça baixa. Alguns garotos de outras séries o observavam a distância; alguns alunos do quarto ano se atreviam a cumprimentá-lo e quando Kirios os cumprimentava de volta, acabavam vendo que ele não era tão terrível.
Ao longe avistou o garoto que fez apaziguar seu amor carnal por seu irmão menor, Kirios começou a caminhar na direção de uma rodinha de garotos do segundo ano. Quando ele se aproximou os garotos se calaram.
– Quero falar com você – Kirios disse, olhando para Mahoma que estava sentado num banco de pedra – sumam – disse em seguida, olhando para os demais que se afastaram.
– Diga Kirios – a voz doce de Mahoma lhe chamou a atenção.
Kirios sentou-se ao seu lado e respirou fundo, olhando para frente, vendo os garotos conversando pelo campus.
– Eu falei com meu irmão – Kirios disse.
– Sobre?
– Novos parceiros – respondeu – ele não gosta de você.
– Eu sei – disse sem surpresa alguma – não o culpo.
– Não?
– Não. Você sempre o tratou como o centro das atenções, Kirios. Tirá-lo desse centro será duro para ele – comentou.
– Atualmente… você é o centro das minhas atenções – confessou, virando seu rosto na direção de Mahoma que exibiu um olhar surpreso. Os dois ficaram um tempo em silêncio. Kirios raramente dizia coisas doces.
– O que está querendo me dizer? – indagou.
– Eu vou ficar com você – respondeu.
– Kirios… – sussurrou – eu não quero mais me ferir – confessou – você me magoou demais.
Kirios ergueu-se e ficou parado na frente do calouro, olhando-o de cima. A mão do loiro deslizou até uma mecha negra dos cabelos de Mahoma, fazendo seus dedos brincarem com seu cacho.
– Com a dor você percebe que está vivo – Kirios disse.
– Você vive assim, eu não.
– Você está me recusando?
Mahoma balançou a cabeça positivamente. Kirios ajoelhou-se no gramado e tocou na face de seu segundo amor, deixando seus dedos tocarem seu lábio superior.
– Não aceito recusas – avisou.
– Eu imaginei que diria isso – disse com um sorriso amarelo.
– Você está se relacionando com alguém?
O silêncio de Mahoma deixou Kirios perturbado, ele abriu a boca para expressar seus sentimentos, mas parou ao sentir a aproximação de um aluno, o veterano olhou discretamente para trás vendo um garoto do terceiro ano se aproximando.
– Vamos Mahoma? – o intruso olhou para Mahoma que ficou com a cara pálida.
– Depois eu vou – Mahoma disse, porém sua voz saiu tão fraca que ficou num doce sussurro.
– E quem é esse ao seu lado? – o garoto indagou, não conseguindo ver de quem se tratava – ele está te xavecando? Que sem noção.
O coração de Mahoma parou uma batida, ele ergueu-se de repente e caminhou até o garoto do terceiro ano que se chamava Marcus, tocando no seu braço e o puxando para trás num tranco. Kirios ergueu-se e caminhou até os dois garotos com um olhar frio.
– Quem é esse? – Kirios indagou.
– Um colega – Mahoma respondeu secamente.
Marcus arregalou seus pequenos olhos ao ver que se tratava de Kirios, ele lançou um sorriso amarelo para o veterano e se afastou rapidamente de Mahoma, olhando para trás uma segunda vez para encarar o olhar raivoso do loiro.
– Agora vai ficar espantando meus colegas? – Mahoma indagou.
– Ele não parecia ser apenas um colega – comentou.
Mahoma suspirou e ergueu seu olhar para o céu estrelado, pedindo paciência para os Deuses. Depois tornou a olhar para Kirios que lhe abriu um leve sorriso, o veterano tocou na cintura estreita de Mahoma e aproximou seus corpos.
– Eu não vou te magoar – Kirios sussurrou – deixe-me tentar de novo.
– Vai ser sua última chance – disse baixinho.
Kirios abaixou um pouco sua cabeça e tocou nos lábios macios de Mahoma, beijando-lhe delicadamente para depois inserir sua língua com intensidade para o interior de sua cavidade, mexendo na língua adormecida, exigindo maior contato, maior ação e movimento do outro. Quando seu beijo começou a ser correspondido como desejava, Kirios apertou o abraço e deixou-se levar pelas sensações que envolviam seu corpo.
– Vamos para meu quarto – Kirios disse ao terminar o beijo.
Com um suspiro Mahoma deixou-se ser guiado pela mão forte que se agarrou a sua.
OoO
Na tarde do dia seguinte. No quarto de Kim, Hanz estava deitado na cama do veterano, esperando-o sair do banho enquanto estava lendo um romance policial.
A porta do banheiro abriu e Kim saiu com uma toalha enrolada na sua cintura, exibindo seu tronco perfeito que estava cheio de gotículas de água. O olhar dos dois se cruzou, mas Hanz logo procurou voltar a sua leitura.
– “E eu estou sentindo esse frio na barriga quando o olho… isso não pode estar acontecendo” – Hanz pensou – “Ontem a noite não foi das melhores. Para variar ele brigou comigo por alguma coisa estúpida… e não pude realizar meus desejos”.
Hanz observou Kim se trocar lentamente, o calouro sentou-se na cama com o livro fechado e depois caminhou até o karateca.
– Eu vou indo – Hanz disse.
– Fique aqui comigo – pediu.
– Eu tenho que fazer uma redação – disse.
– Eu ainda não fiz também. Façamos juntos – comentou, colocando uma regata preta.
– Depois eu passo aqui, Kim – murmurou, caminhando até a porta.
– Hanz…
Hanz abriu a porta e antes de sair olhou para seu namorado, encontrando um olhar sério e intenso.
– Perdão – pediu.
– Do que adianta pedir perdão se você não muda? – indagou – “seu ciúme pode acabar com essa relação. Por que não confia em mim?”.
– Eu vou mudar – disse com insegurança.
– E se não mudar?
Kim ficou em silêncio, olhando para a face pensativa de Hanz. E sem esperar uma resposta, o calouro saiu e fechou a porta, saindo do dormitório para refrescar sua cabeça.
A brisa quente daquela tarde jogava os cabelos de Hanz para trás, limpando sua bela face, deixando-a amostra para seus admiradores. Hanz sentou-se num banco de pedra, ficando a olhar para as nuvens esbranquiçadas que se apresentavam de formas variadas.
– Senhor Golden… Como está?
Ao ouvir aquela voz forte e confiante, Hanz não teve dúvidas de quem se tratava, ele olhou para o diretor que estava parado ao seu lado no banco, com um largo sorriso no rosto.
– Bem e o senhor?
– Eu estava pensando como é difícil para um garoto como você se adaptar a esse colégio – comentou, sentando-se ao lado de Hanz.
– Como assim?
– Você nunca foi a um colégio antes por causa da situação de sua falecida mãe. O Saint Rosre deve estar sendo uma experiência memorável – sorriu.
– Ah… sim – disse com certa irritação – “esse homem me irrita”.
– Faltam quatro meses para o encerramento do terceiro ano. Por acaso irá permanecer no colégio até o quarto ano?
– Sim – respondeu secamente – “por que meu coração está disparado? Eu estou incomodado”.
Maximiliano jogou suas mechas castanhas para trás com sua mão, seu sorriso alargou-se com aquela reposta seca e antipática de Hanz.
– Eu o vi ontem num restaurante com Maccario – Maximiliano comentou – seus tios sabem da relação que você tem com nosso querido karateca?
De repente os olhos de Hanz arregalaram-se, ele abaixou a cabeça e ficou olhando para o chão, sentindo o impacto daquela pergunta tão indiscreta. E percebendo a reação do aluno, Maximiliano passou sua língua por seus lábios, saboreando aquele poder que estava exercendo sobre o outro.
– Perdão a indelicadeza, Golden. Eu não queria perturbá-lo, mas como você é muito novo, eu estava pensando se seus tios sabiam de sua opção sexual. Eu acho que eles aceitarão muito bem – comentou.
– Não, eles não aceitariam – respondeu – melhor não saberem.
– Mesmo? – indagou, arqueando suas sobrancelhas – mas que triste notícia. Eu pensei que a senhora Alejandra fosse uma mulher com mente aberta.
– Minha tia é bastante conservadora – revelou.
– Ah… que triste, Hanz. O que ela faria se descobrisse?
– Provavelmente me daria um sermão, além de me levar para a igreja para me confessar. Creio que me deixaria preso em casa até me redimir – disse, lembrando-se do fanatismo de sua tia perante as questões que ela julgava serem éticas para com a sociedade.
– Senhor Golden… eu ficaria chateado se isso acontecesse. E acho que o senhor Maccario tem a mesma opinião.
– O que você quer afinal? – indagou com impaciência.
Maximiliano fez uma cara surpresa e depois deixou seu semblante triste, exibindo um par de olhos brilhantes para Hanz.
– Eu não posso te culpar, afinal deve ser difícil ser adolescente. Eu entendo sua agressividade, eu trabalho há anos com garotos. Perdoe-me se fui indelicado, senhor Golden – discursou com paciência e fazendo algumas pausas.
– Ah… tudo bem. Eu estou irritado… desculpe – disse, sentindo remorso de estourar com uma pessoa não tinha nada haver com seus problemas.
– Eu soube que Kim agrediu um garoto há um tempo. Eles se chamavam Marc e Hon. Eles estão afastados, mas eu terei que aplicar um corretivo no senhor Maccario por ter feito algo tão triste e sem motivo – comentou.
– Como assim sem motivo? Aqueles garotos mereceram! – disse num tom indignado.
– Mesmo? – indagou com uma falsa surpresa – mas por que?
– Bom… er… eles me agrediram.
– Então o senhor Maccario resolveu vingar-te? – indagou – que ato maravilhoso. Mas ele terá que arcar com as conseqüências.
Hanz ficou pensativo e disse:
– Se quiser castigar alguém. Que seja eu, pois ele não teve culpa.
O sorriso de Maximiliano foi tão radiante que Hanz sentiu um frio correr por sua espinha, ele não sabia o que significava aquele olhar, mas seus instintos estavam lhe alertando que uma tempestade logo chegaria a sua querida rotina.
– Então… Poderia acompanhar-me até a minha sala, senhor Golden? – indagou, erguendo-se e estendendo sua mão para Hanz, que ficou a observá-lo com insegurança.
Continua…
Por Leona-EBM