Contos

Príncipe Impossível – Capítulo 17 – Canção de Ninar

Tinha acabado de chegar no campus da UCLA e pedi informação para um dos alunos onde ficavam os dormitórios. Tudo parecia normal. Nenhum dos alunos parecia saber o que tinha acontecido de horrível naquele lugar. Por um lado eu entendia o fato de Alicia querer esconder o que aconteceu com ela. Eu quase estive no lugar dela uma vez. Por outro lado acho que é egoísmo. Seja lá quem fez isso pode fazer de novo. Se alicia não contar o que aconteceu com ela outras mulheres daquela universidade podiam sofrer o mesmo.

Eu queria dizer que não imagino o que Gray está sentindo nesse momento, mas não posso. Eu sei exatamente como ele se sente. Meu irmão também precisava ser defendido do meu pai e eu não o fiz. Me senti impotente. Por mais que eu tenha feito de tudo para impedir quem eu pai o maltratasse não foi o suficiente. Imagino que Gray sinta o mesmo quanto a irmã dele.

Não precisei procurar muito pelo prédio onde Alicia morava porque encontrei Kiff e Holly do lado de fora de um deles conversando.

– o que estão fazendo aqui de fora? – perguntei para os dois quando me aproximei deles.

– resolveu o que tinha que resolver? – perguntou Holly.

– sim. Estou bem – falei olhando em direção ao prédio de dois andares.

– respondendo sua pergunta… – falou Kiff – Eve e Morgan estão conversando com alguns alunos. Elas não conseguiram descobrir ainda qual quarto Alicia mora.

– porque nós não perguntamos para Alicia? – perguntou Holly.

– porque Alicia não quer que ninguém saiba disso então ela não pode saber que estamos aqui investigando – falei olhando em volta arquitetando um plano.

– olha lá Eve e Morgan – falou Holly apontando para as duas.
Eve e Holly caminhavam em nossa direção.

– não conseguimos – falou Eve – ninguém aqui conhece Alicia e nós teríamos que entrar no prédio para procurar qual o quarto dela, mas precisa de um cartão para destravar a porta de entrada.

– como vocês sabem que é nesse prédio que Alicia mora e não naquele outro?

– porque aquele prédio é masculino e esse é o feminino – falou Eve apontando para o prédio.

Sem prestar atenção no que Eve dizia eu comecei a caminhar contra o fluxo de três alunas que saiam do prédio naquele exato momento. Vi que uma delas tinha destravado a porta e colocado o cartão no bolso de trás.
Caminhei rapidamente até elas e esbarrei bruscamente em uma delas.

– me desculpa – falei olhando para a garota que tinha colocado o cartão no bolso – eu estou meio perdido.

– não tem problema – falou uma das garotas aceitando as desculpas – esse é o prédio feminino. Os homens moram aquele outro.

– Eu não sou estudante – falei forçando um sorriso – na verdade eu vim me encontrar minha irmã, mas não sei exatamente qual o quarto dela e eu estou ligando no telefone, mas ela não atende – falei olhando para o celular que estava na minha mão – talvez vocês a conheçam. Ela se chama Alicia Clarke.

– nós não conhecemos – falou a garota olhando para as amigas que também balançaram a cabeça negativamente.

– que droga – falei colocando o celular na orelha como se estivesse ligando para alguém – nossa mãe sofreu um acidente de carro e eu não sei o que vou fazer para avisá-la já que ela não atende o telefone – que droga Alicia.

– Não fica assim – falou a garota caminhando até a entrada do prédio –você pode procurar pelo quarto dela. Do lado de cada quarto tem o nome de cada aluno que o está ocupando – falou a garota com o cartão de liberação na mão. Ela foi até a porta e a destravou. A Trava apitou e um botão verde se acendeu.

– muito obrigado, eu nem sei o que dizer.

– espero que sua mãe fique bem – falou a garota sendo educada.

As três garotas se foram e eu sinalizei para que Holly viesse comigo afinal seria estranho ter aquele tanto de gente dentro do prédio. Holly veio o mais rápido que pode até mim e quando ela entrou eu fechei a porta.

– como você fez isso? – perguntou Holly.

– um pouco de atuação.

– esse prédio é enorme, como vamos saber qual quarto é o dela?

– a garota disse que tem o nome do estudante que ocupa cada quarto.

– então são dois – falou Holly apontando para a porta de um dos quartos. Tinha dois nomes em cada quarto.

– ela tem colega de quarto? – perguntei achando estranho – como alguém entra no seu quarto, te estupra e sua colega não percebe?

– talvez ela não estivesse.

– talvez – falei indo até as escadas – você procura aqui embaixo e eu procuro lá em cima. Quem encontrar primeiro liga para o outro.

– combinado.

Subi as escadas e ao chegar no segundo andar fui de porta em porta procurando pelo nome de Alicia. As estudantes não pareciam se importar comigo naquele andar afinal não era nada fácil entrar naquele prédio a menos que você tivesse o cartão então se eu estava dento elas provavelmente pensaram que eu conhecia alguém.

Segui pelo corredor e depois de olhar dezenas de portas finalmente encontrei o quarto ela que tinha dois nomes: CLARKE, Alicia Davis. Logo abaixo havia o nome de outra garota: WILLEY, Lucy Howard.

Peguei o meu telefone e liguei para Holly avisando que já tinha encontrado o quarto de Alicia. Para a minha sorte a porta estava destrancada e quando eu abria porta ouvi um grito e percebi que tinha uma garota lá dentro trocando de roupa.

– desculpa – falei fechando a porta.

– o que é isso? – perguntou Holly chegando onde eu estava.

– tem uma garota trocando de roupa. Eu abri a porta.

– eu vou chamar o segurança – falou a garota lá dentro do quarto.

– não precisa – falou Holly tentando abrir a porta, mas agora estava trancada – meu nome é Holly McQueen e eu sou amiga da Lucy e esse rapaz que abriu a porta é o irmão dela.

Alguns segundos se passaram e a porta foi destrancada e aberta.

– você não sabe bater antes de entrar? – falou a garota de cabelos pretos e com traços asiáticos abrindo a porta. Ela usava óculos de grau.

– não se preocupe, eu não vi nada – falei entrando no quarto.

– Alicia não está – falou ela de braços cruzados parada no meio do quarto.

– me desculpe pelo o que eu fiz – falei estendendo a mão – eu sou Nathan Clarke e essa é minha amiga Lori Hopkins.

– eu sou Lucy Willey – falou ela apertando minha mão – Alicia não me disse que tem irmão.

– ela não me considera irmão, somos meio irmãos na verdade. Só por parte de pai.

– vocês não deram sorte. Alicia não apareceu ainda – falou Lucy apontando para a cama arrumada.

– o que quer dizer? – perguntou Holly.

– ela saiu ontem a noite e não voltou até agora.

– ela não passou a noite aqui? – perguntei confuso.

– não.

– tem certeza?

– acho que eu saberia se ela tivesse dormido aqui – falou Lucy sarcástica apontando para a cama dela que era do outro lado do quarto. Não era um quarto muito grande e elas dividiam um guarda roupas. Tinha duas escrivaninhas. Era impossível Lucy não ver Alicia.

– isso é estranho – falou Holly olhando para mim.

– na verdade não é – falou Lucy – ela quase não passa as noites no campus e quando passa ela geralmente chega no meio da noite.

– porque ela faria isso? – perguntei tentando arrancar o máximo de informação de Lucy – não tem como ela ter dormido em outro quarto?

– não – falou Lucy – todos os quartos estão ocupados. Ela tem dormido fora.

– obrigado por tudo Lucy. Vou ligar para minha irmã e ver se consigo falar com ela – falei siando do quarto com Holly.

– olha eu sei que não é da minha conta, mas talvez isso ajude – falou Lucy entregando um cartão de visitas para mim.

– o que é isso.

– eu encontrei esse cartão no chão ontem. Deve ter caído das coisas de Alicia.

– obrigado – falei pegando o cartão.

Holly e eu caminhamos pelo corredor descendo as escadas.

– o que diz esse cartão? – perguntou Holly.

– nada. Só tem um nome – Trixie – e logo abaixo tem um número de telefone.

– é estranho – falou Holly quando chegamos no andar de baixo. Algumas estudantes saiam do prédio e nós aproveitamos para sair com elas.

– e então? – perguntou Morgan quando chegamos lá fora – conseguiram alguma resposta?

– não. Só mais perguntas – falei olhando o cartão.

– o que quer dizer? – perguntou Eve.

– A colega de quarto de alicia disse que ela não passou a noite no dormitório e isso é um costume dela.
– eu não entendo – falou Morgan – ela disse que aconteceu hoje.

– que cartão é esse? – perguntou Kiff.

– a colega de quarto disse que achou no chão e disse que pertence a Alicia – falei entregando a ele o cartão.
– é engraçado – falou Kiff rindo olhando o cartão.

– o que é engraçado? – perguntou Eve.

– se eu não soubesse de onde esse cartão veio eu diria que é o cartão de visitas de uma acompanhante de luxo.
– deixa de bobeira Kiff o que uma estudante fara com um cartão desses? – falou Morgan pegando o cartão da mão de Kiff.

– vocês não entendem? – falei olhando para Morgan – e se Alicia Clarke for Trixie?

– o que está dizendo? – perguntou Morgan confusa com o cartão na mão.

– você me disse que Alicia ganhou metade da bolsa de estudos. Talvez ela trabalhe como acompanhante de luxo para pagar o restante.

– isso é sexista – falou Morgan – ela pode trabalhar de várias coisas e você acha que ela é prostituta só porque ela ganhou metade da bolsa?

– você entendeu muito bem o que eu quis dizer Morgan.

– acho que você não fez um bom trabalho lá dentro – falou Morgan – a colega de quarto deve estar protegendo Alicia. Talvez Alicia pediu pra ela não contar pra ninguém.

– na verdade o que Griffin disse faz sentido – falou Holly – é muito difícil ter acesso ao prédio a menos que tenha um cartão para liberar a entrada. O dormitório da Alicia fica no segundo andar então não tem como o intruso ter entrado no quarto pela janela. Tem câmeras nos corredores então não tem como ele ter entrado por outro lugar e não ter sido visto pelos seguranças.

– o que vocês estão dizendo não é verdade – falou Morgan parando logo na nossa frente – eu conheço Alicia desde que ela era uma criança. Ela não é prostituta e vocês deviam se envergonhar por supor uma coisa dessas.

Holly e eu ficamos calados e apenas fomos embora. Holly e Kiff entraram no carro de Morgan que ficou me olhando.
– não vai entrar? – perguntou Morgan colocando o cinto de segurança.

– eu vou com Eve – falei caminhando até o carro de Eve.

Quando eu entrei Eve ficou olhando para mim;

– o que está fazendo? – perguntou ela surpresa.

– eu vou com você.

– porque não vai com a Morgan?

– sério? Ela está em negação. Eu acredito no que Holly e eu descobrimos. Não pode ser só coincidência.

– Talvez Gray acredite em você – falou Eve.

– Nem pensar. Graças a você Gray nem quer falar comigo.

– o que eu fiz?

– você me falou sobre a irmã dele e eu fui conversar com ele sobre isso e ele basicamente disse que não era da minha conta e que eu devia deixá-lo em paz.

– não fica com ele. Ele está sofrendo do mesmo jeito que você sofreu com seu irmão.

– eu sei. Eu entendo a dor dele e por isso que eu vou dar o espaço que ele precisar, mas convenhamos que ele não precisava ser tão cruel ao pedir isso.

– dê tempo ao tempo.

– vou tentar – falei vendo o celular dela tocar. Ela apertou o botão atendendo o celular no viva voz.

– Morgan? – perguntou Eve atendendo.

– Eve vamos para o hospital.

– porque? O que aconteceu?

– Gray acabou de me ligar e disse que Alicia teve uma convulsão. Ela teve que ser levada ao hospital com urgência.

– estamos a caminho – falou Eve desligando o celular desviando do caminho seguindo para o hospital.

– o que você acha da minha teoria? – perguntei para Eve enquanto estávamos a caminho do hospital.

– eu acredito – falou Eve – só que é nem todos querem acreditar em uma coisa dessas – falou Eve defendendo Morgan por não acreditar.

– eu sei, mas negar a realidade não a faz desaparecer só adia o inevitável. Uma hora ou outra eles vão ter que aceitar.

– eu podia dizer o mesmo sobre você mentir a Morgan – falou Eve olhando para mim – você sabe que ela vai descobrir. Sabe que você vai ter que contar. Cedo ou tarde então porque continua evitando?
Eve me deu o que pensar e eu sinceramente nem tive resposta para a pergunta que ela me fez então decidi ficar calado. Quando nós chegamos no hospital Eve e eu corremos para a emergência. Vimos que Morgan, Holly Kiff e Gray já estavam lá.

– o que aconteceu? – perguntou Eve quando nós chegamos.

– ela sofreu uma convulsão. Ela teve ferimentos sérios devido ao ataque – falou Gray parando para pensar – eu devia tê-la trazido antes. Se eu tivesse insistido um pouco mais talvez nós tivéssemos visto o problema antes.

– ela vai ficar bem – falou Morgan consolando Gray.

– o pai dela já sabe? – perguntou Eve.

– sabe. Ele é neurocirurgião e fez alguns exames e a levou para a sala de operações – falou Gray.

– ele sabe sobre o estupro? – perguntei.

– não – falou Gray – e é bom que nenhum de vocês diga nada. O pai ela já se sente péssimo por tudo o que aconteceu e claramente está me culpando pelo o que aconteceu… e devo admitir que ele está certo. Devia tê-la trazido antes.
Todos nós ficamos na emergência por mais de duas horas. Alguns estavam sentados. Kiff tinha saído para tomar u mar com Eve e Holly estava sentada no chão ao meu lado. Gray estava sentado e ao seu lado estava Morgan que segurava a mão dele o consolando. Todos nós estávamos em silêncio. Parecia que nada aconteceria e foi então que uma luz finalmente se acendeu. Vimos Kevin – o irmão de Alicia – caminhando pelo corredor até nós.

– e então? – perguntou Gray – ela está bem?

– está – falou Kevin – ela teve um aneurisma que rompeu e meu pai conseguiu disseca-lo. Ela ficará bem.

– graças a Deus – falou Morgan. Vi que Gray respirou aliviado ao ouvir aquelas palavras.

Quase que no mesmo instante que o irmão de alicia nos deu a noticia vi um médico caminhar na nossa direção.

– fico feliz que ela está bem Scott – falou Gray para o médico que pareceu não gostar do comentário. Percebi então que Scott era o pai de Alicia.

Nesse momento Scott deu passos rápidos até Gray com o punho levantando, mas Kevin o segurou.

– se algo tivesse acontecido com ela seria sua culpa – falou Scott gritando alto.

– pai fica calmo – falou Kevin segurando o pai que estava nervoso.

– você sabe que eu não podia obriga-la a vir – falou Gray tentando se explicar – sinto muito, mas você sabe que não podia.

– Eu sei – falou Scott tentando se acalmar – ela é minha garotinha – Scott colocou a mão na cabeça respirando fundo e sem seguida se sentando – quem faria isso a ela?

– ela vai ficar bem Scott – falou Morgan sentando ao lado dele.

– Gray precisamos falar com você – falou Eve.

Gray seguiu Eve que fez sinal para que eu viesse.

– o que foi? – perguntou ele parecendo perturbado.

– nós fomos até o campus tentar descobrir quem fez isso a Alicia. Gray que parecia distante começou a prestar atenção na conversa.

– vocês descobriram alguma coisa?

– na verdade sim – falou Eve olhando para mim e depois para Gray – nós descobrimos que alicia não passou a noite no campus e tem costume de dormir fora. Depois de uma visita ao local vimos que seria quase impossível alguém entrar lá e não ser visto.

– vocês estão dizendo que ela mentiu? – perguntou Gray.

– sim.

– ela não mentiu – falou Gray – ninguém mente sobre estupro. Ea não mentiu.

Nesse momento Eve tirou o cartão de visitas do bolso e entregou para Gray.

– o que é isso? – perguntou Gray olhando para o cartão.

– um cartão de visitas que encontramos no quarto de Alicia. Acreditamos que esse seja o cartão de visitas de uma acompanhante de luxo.

– o que isso tem a ver com alicia?

– acreditamos que esse cartão pertence a ela – falou Holly – acreditamos que Alicia é Trixie.

– vocês estão de brincadeira? – perguntou Gray parecendo furioso – quem foi que elaborou essa teoria magnífica?
Nesse momento Holly, Kiff e Eve olharam para mim. Gray fez o mesmo em seguida e percebi que ele não tinha gostado nada disso.

– você é inacreditável – falou Gray rindo sarcástico – você realmente não sabe o limite de algo? Como tem coragem de sugerir que aquela garota é acompanhante e mentiu sobre estupro.

– Eu não gosto disso. Você acha que eu fiquei feliz em descobrir isso? È o que as evidências tem mostrado e só tem um jeito de saber – falei apontando para o cartão -é só ligar no número.

– nós não vamos fazer isso – falou Gray rasgando o cartão e jogando na lixeira. Ele se virou e andou na direção ode Morgan e Kevin.

– e se eu estiver certo? Precisa conversar com ela. Essa vida é perigosa – falei caminhando atrás de Gray que se virou para mim no mesmo instante.

– porque você não vai embora? – gritou Gray chamando a atenção de todos. Gray olhou em volta e respirou fundo controlando o tom de voz – por favor Griffin… Vá Embora! Eu te imploro – falou ele de olhos fechados apontando para a saída implorando para que eu fosse embora.

– Não precisa pedir duas vezes – falei me virando e caminhando até a saída. Eve olhou para Gray decepcionada com a atitude dele e em seguida me seguiu até lá fora.

– espera Griffin, não vai – falou Eve quando chegamos lá fora.

– você ouviu muito bem o que Gray disse. O hospital todo ouviu.

– você não pode ir. Tem que ficar do lado dele.

– porque? Porque está defendendo ele? – perguntei finalmente parando e olhando para Eve.

– porque eu conheço Gray a muito mais tempo do que você. Conheço ele a quase quinze anos. Eu estava lá quando a irmã dele fez aniversário de três anos. Gray fez uma grande festa. Ele amava muito Valeria. Eu estive lá também quando ela foi estuprada e quando ela se matou. Vi a irmã dele crescer e morrer. Eu vi a luz de Gray se apagar pouco a pouco. Ele nunca superou. Não de verdade. É uma dor que nunca acaba.

– e você acha que eu não sei? Eu também perdi alguém importante na minha vida e eu sei que não importa o quanto você chore a dor nunca diminui. A dor nunca desaparece de verdade você só aprende a conviver com ela e toda vez que você sorri ou se diverte você se sente culpado por estar vivo.

– então você sabe mais do que ninguém o que ele está sentindo. Apenas vá lá e conte como se sente e fique do lado dele mesmo que ele diga para você ir embora.

– A minha vida era mais fácil quando eu era o funcionário que só fazia o trabalho interno. Era só eu e mais ninguém. Não tinha ninguém me forçando a ir em encontros que eu não queria. Não tinha ninguém gritando comigo e me implorando para ir embora quando tudo o que eu tenho feito é tentar dar apoio. Me arrependo do dia me que deixei minha vida profissional se expandir até a minha vida profissional – falei fazendo sinal com mão e um taxi parou á minha frente.

– Tem certeza de que quer desistir na primeira dificuldade que encontra? Isso é só uma briga Griffin.
– Me desculpa, mas eu preciso ficar sozinho – falei entrando no taxi que seguiu pela rua. A cada segundo ele se distanciava do hospital. Me sentia mal e tudo o que queria era ficar um pouco sozinho.

Quando cheguei no meu apartamento o relógio marcava quase três horas da tarde. A primeira coisa que fiz Ao chegar no meu apartamento foi tomar um banho demorado. Acho que foi um banho. Não sei bem como você deve chamar quando você fica trinta minutos agachado sentindo a água quente cair em você como pequenas agulhas.

Depois do banho fui até a cozinha e preparei algo para comer. Estava faminto. Por mais que eu quisesse esquecer o que tinha acontecido eu não conseguia tirar Gray da minha cabeça. O que ele disse me magoou muito. Ele não tinha esse direito e acho que no fim das contas precisávamos de um tempo separados. Acho que era algo que estava implícito e ambos sabíamos que era o melhor devido aos últimos acontecimentos.

Depois da refeição fui para meu quarto e me deitei na cama. Parei para pensar um pouco em tudo o que tinha acontecido nos últimos dias e nas últimas horas. Não sei se era pelas coisas que Gray tinha dito ou pelo fato de eu ter estragado o relacionamento com ele. Talvez o problema estivesse em mim afinal fui eu quem esteve em relacionamentos decadentes. Ao mesmo tempo que sentia vontade de avançar eu estava sempre com um pé atrás. Talvez seja melhor para Gray se nos separássemos de vez. Eu era o chato que não queria transar. Eu era o chato que não queria contar nada a Morgan. Apesar de tentar parecer alguém certo no fundo acho que sou só um hipócrita.
Me dói muito pensar nisso afinal não é porque Gray me disse algumas coisas que me machucaram que significa que o que sinto por ele simplesmente desapareceu. Nós ficamos muito próximos nesse último mês. Tudo aconteceu rápido demais e o que eu sentia por ele no começo tinha se transformado em algo mais forte.

Tudo o que tinha pedido a Gray naquele dia tinha sido um abraço e ele tinha me negado sem pensar duas vezes. Estava estressado. Meu corpo estava cansado e os demônios do meu passado me cercavam. Dormir cercado por aqueles sentimentos era horrível. Era como ouvir uma canção de ninar sombria e obscura que nunca acabava. Foi pensando em tudo isso que o cansaço me venceu. Antes que percebesse feche meus olhos e acabei adormecendo.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo