Conto – Príncipe Impossível – Capítulo 41: Ventríloquo
Tinha tomado minha decisão. Não importa o quanto eu esteja com Rupert os meus sentimentos por Gray sempre vão ser prioridade. Não posso mudar o que sinto por ele. Morgan está errada. Eu tenho sentimentos por Rupert, mas eu escolhi Gray porque eu tenho uma responsabilidade com ele. Depois de tudo ele merece uma chance. Depois do meu ataque e do coma nós acabamos nos ligando mais ainda. As dificuldades só nos uniram .tenho certeza de que mais esse desafio na nossa vida vai acabar nos fortalecendo. Amo demais ele pare deixa-lo escapar pro entre os meus dedos.
Vou ao encontro com Rupert e Roger de qualquer maneira. Rupert precisa saber os motivos de não escolhe-lo. O que eu sinto por Rupert é forte, mas preciso escolher meu namorado por que tenho uma responsabilidade com ele. Não posso jogar fora a nossa história de amor. O relógio marcava pouco depois das sete. Peguei um taxi e pedi para ir até a casa de Gray.
Ao chegar na porta toquei a campainha e esperei alguém me receber, mas Gray não apareceu. Peguei meu celular e liguei para Gray. A ligação foi diretamente para a caixa de mensagem. Liguei para Morgan e ela atendeu logo.
– oi Griffin – falou Morgan atendendo o telefone.
– oi Morgan ,desculpa te incomodar, mas eu estou na porta da casa de Gray e ele não atende o telefone. Ele não está com os filhos em casa? Pensei que ele ficasse com os filhos todo final de semana.
– sim, ele fica, mas ele está trabalhando. Precisou entrar em uma cirurgia de urgência e me avisou que só vai pegar os meninos amanhã.
– tudo bem então. Fiquei preocupado pensando que tinha acontecido alguma coisa.
– o que está fazendo ai?
– sou fraco Morgan. Não consigo ficar com raiva dele. Vim aqui dizer que vou dar outra chance a ele.
– acho que está tomando a decisão certa Griffin.
– eu também acho, mas me sinto mal por Rupert. Ele é uma boa pessoa um homem bom.
– ele vai encontrar alguém que o faça feliz.
– espero que sim afinal ele deixou a esposa e se assumiu.
– viu só? Mesmo que vocês não fiquem juntos o curto relacionamento de vocês teve um impacto positivo.
– sim. Pelo menos uma coisa boa tinha que sair disso tudo. Sinto que estou partindo o coração dele, mas também acho que estou fazendo a escolha certa.
– o que você achar que vir aqui para casa? Jake e eu estamos bebendo e assistindo ao um bom filme.
– não quero atrapalhar vocês. Vou lá para o hospital esperar Gray de cirurgia.
– tudo bem então. Tenham uma boca noite.
– você e Jake também – falei desligando o celular.
Caminhei pela calçada da casa de Gray até que encontrei um taxi estacionado. Ao chegar no hospital fui até a recepção.
– boa noite.
– boa noite – falou a recepcionista me reconhecendo da outra noite.
– quando Gray vai sair da cirurgia?
– já deve estar acabando. Não deve demorar mais do que trinta minutos.
– tudo bem então, vou esperar por ele.
– ok, vou pedir para avisá-lo que você está aqui.
– obrigado – falei indo até as cadeiras e me sentando.
Peguei o meu celular e abri um jogo qualquer para passar o tempo. Devia ter trago comigo um livro ou qualquer coisa para ler, mas o jogo deve ajudar o tempo e passar rápido.
Depois de vinte minutos jogando guardei meu celular porque a bateria estava se esgotando e além do mais meus dedos estavam doendo. Estava distraído jogando meu jogo e parei por alguns instantes porque meus dedos doíam. Olhei em volta e vi que algumas pessoas também estavam sentadas naquelas cadeiras. Essas pessoas provavelmente esperavam seus entes queridos saírem de alguma cirurgia. A duas fileiras ao meu lado uma mulher chorava com um lenço. Provavelmente tinha perdido alguém.
– você por aqui? – falou alguém se aproximando de mim. Vi que era Gordon.
– olá – falei respirando fundo.
– precisamos parar de nos encontrar assim – falou Gordon se sentando ao meu lado. Ele sentou tão perto que pude sentir o cheiro do perfume dele. Olhei para Gordon e respirei fundo.
– seu perfume é cheiroso.
– gostou? – perguntou ele com um sorriso.
– sim. Na verdade eu tenho um igual – falei me lembrando da noite que sai com Rupert. Foi o mesmo perfume que Gray passou em mim antes do encontro.
– e então? Esperando Gray sair da cirurgia?
– sim. E você? O que fez por aqui?
– hoje o dia está bem corrido. Todos nós precisamos fazer horas extras. Fim de semana, você sabe como é.
– pois é – falei respirando fundo.
– olha eu quero pedir desculpas por ter chamado você para sair comigo no outro dia.
– não precisa pedir desculpas. Eu é que devo pedir desculpas em nome de Gray.
– porque? – perguntou Gordon.
– pelas coisas que ele deve ter te falado. Sei que devia ter guardado em segredo, mas tive que contar pra ele que você deu em cima de mim.
– é mesmo – falou Gordon disfarçando – ele me chamou para conversar e tocou nesse assunto.
– espero que ele não tenha passado dos limites com você. Eu implorei para que ele não falasse nada e deixasse para lá. Eu não devia nem ter contado, mas eu gosto de ser sincero porque eu já fiz umas burradas com ele.
– não se preocupe. Ele não passou dos limites. Ele só falou que não gostou e eu me desculpei – falou Gordon disfarçando e olhando o relógio no braço – preciso ir agora.
– tudo bem, tenha uma boa noite.
– você também – falou Gordon.
Estava distraído e ansioso para que a hora passasse logo e meu celular vibrou no meu bolso. Era uma mensagem de Rupert – O VOO DE ROGER ATRASOU. O ENCONTRO SERÁ AS DEZ. TE ESPERO LÁ.
Respondi a mensagem dizendo que estaria lá. Enviei a mensagem e quando guardei o celular no bolso vi Gray caminhando pelo corredor.
– oi meu amor – falou Gray se aproximando com um sorriso – fiquei surpreso quando a enfermeira me disse que você estava aqui esperando por mim.
– eu vim aqui para conversar com você.
– são boas noticias? – perguntou Gray parando logo a minha frente.
– as melhores – falei me aproximando dele e dando um selinho em sua boca.
– está falando sério? – perguntou Gray com um sorriso segurando minha cintura me puxando para junto dele.
– sim – falei dando um beijo na boca dele.
– obrigado – falou Gray acariciando meu rosto – prometo que de agora em diante tudo vai mudar. Vou ser o melhor namorado possível – falou Gray tirando a aliança do dedo dele e me entregando.
– é bom ver essa aliança voltar para o lugar onde ela pertence – falei colocando a aliança no meu dedo.
– vamos embora?
– vamos – falei caminhado com ele para fora do hospital.
Quando chegamos ao estacionamento nós entramos no carro.
– vamos jantar em algum lugar para comemorar nosso retorno?
– não. Eu ainda tenho um encontro com Rupert. Preciso explicar para ele os motivos de escolher você e não ele. Não seria justo deixá-lo sem nem ao menos dizer o porque – decidi não contar que Roger também estará nesse encontro.
– o que vai dizer a ele?
– vou dizer que eu tenho sentimentos por ele, mas que eu preciso ficar ao lado do meu namorado afinal temos um relacionamento e não posso desistir desse relacionamento sem nem ao menos dar uma chance. Vou dizer também que ele é um homem especial e vai encontrar alguém que o faça feliz e essa pessoa será uma pessoa de sorte.
– você é especial sabia? – falou Gray com um sorriso colocando o cinto de segurança dele.
– Não precisa ficar triste. O encontro será só ás dez. Nós podemos ir para meu apartamento e podemos comemorar na nossa cama – falei colocando meu cinto de segurança.
– é bom ouvir isso – falou Gray dando um selinho na minha boca enquanto ligava o carro.
Ao chegamos nos apartamento Gray jogou a chave do carro dele em cima do sofá e segurou no meio das pernas.
– estou louco pra mijar – falou Gray indo para o quarto enquanto ia para o quarto.
– espera – falei segurando no braço dele – talvez você queira saber que eu fiz sexo com Rupert hoje.
– de novo? – perguntou Gray.
– sim. Nós estávamos separados, mas eu sinto que devo te contar porque quero começar certo essa nova fase do nosso relacionamento. Na verdade eu não planejei foi mais no calor do momento. Nós estávamos conversando e eu acabei ficando com ele.
– não tem problema – falou ele dando um selinho na minha boca – nós estávamos separados então não tem problema e além do mais eu não tenho direito a opinar já que foi eu quem criou essa situação.
– obrigado pro ser compreensivo – falei segurando na camiseta dele e puxando-o junto a mim. Nós demos dois selinhos e eu beijei a boca dele – não precisa se preocupar porque usamos camisinha e dessa vez não estourou.
– por falar nisso – falou Gray dando um último selinho na minha boca – pedi para o laboratório dar prioridade ao seu exame e ele já saiu -falou ele me entregando.
– obrigado – falei arrancando os meus tênis e pulando na cama. Me escorei na cabeceira e peguei o envelope com o resultado.
Gray foi para o banheiro mijar e deixou a porta aberta.
– só por precaução acho devemos fazer hoje com camisinha.
– também acho – falou Gray começando a mijar. Ouvi o barulho da urina caindo e em seguida Gray resmungando – caralho – falou Gray gemendo.
– o que foi?
– minha urina tá saindo igual lava – falou Gray ainda urinando.
Abri o envelope e ele tinha várias folhas. Gonorreia, HIV, Hepatite… haviam algumas doenças nas primeiras folhas e todos os reagentes foram negativos.
– devo estar com alguma infecção na urina – falou Gray vindo do banheiro e tirando a camiseta dele. Ele desabotoou a calça e ficou só de cueca. Passei todas as folhas e em seguida as coloquei de volta no envelope. Me levantei da cama e fui até a sala. Deixei o envelope em cima do criado mudo e peguei o celular de Gray.
Voltei para o quarto e Gray estava deitado na cama com as pernas abertas. Nota-se um grande volume entre as pernas dele. ele acariciava com as mãos.
– o que está fazendo com meu celular? – perguntou Gray com um sorriso no rosto.
– trouxe pra você – falei entregando o celular pra ele.
– o que foi? Quer pedir comida de fora?
– não.
– então oque eu devo fazer com isso?
– sabe os exames que você fez? – perguntei de braços cruzados.
– sim, o que tem eles?
– deu positivo para Clamídia.
Quando disse isso Gray mudou a feição dele.
– deve ser por isso que você está tendo dificuldade para urinar – falei respirando fundo.
– ainda bem que fizemos o exame – falou Gray se levantando preocupado – é bom que você não tenha nenhum sintoma. Um a cada quatro homens nunca desenvolve nenhum sintoma e o tratamento para Clamídia é rápido e eficaz. Alguns remédios e a bactéria já era.
– será que eu devo avisar Rupert? Quer dizer, eu posso transmitido pra ele.
– como assim? – perguntou Gray – foi ele quem te transmitiu.
– não seja ingênuo Gray. Rupert e eu fizemos sexo pela primeira vez ontem a noite e você claramente foi infectado muito antes de mim já que seus sintomas estão bem mais desenvolvidos então a pergunta que fica é… quem foi que transmitiu pra você?
Gray arregalou os olhos quando eu disse aquilo. Será que ele realmente achou que eu cairia na lábia dele de que foi Rupert que me transmitiu?
– Foi por isso que eu trouxe o celular.. Você precisa ser responsável. Quando você descobre que tem uma DST você liga para as pessoas que você teve relações sexuais e diz elas devem fazer o teste. Eu obviamente vou avisar Rupert já que a camisinha estourou ontem a noite. Agora me diz Gray, além de mim quem você vai ter que avisar?
Gray pareceu pensativo e seus olhos se dispersaram de seu rosto. Ele olhou para baixo confuso e claramente arrependido. Pude notar pela expressão que ele fez.
– me fala Gray.
– Gordon… – falou Gray cochichando.
– olha pra mim Gray, Olha nos meus olhos e diz.
Gray olhou para mim e por alguns instantes ele hesitou.
– Gordon – falou Gray olhando para mim. Seus olhos se tornaram vermelhos quando ele disse aquilo.
– Gordon? Okay – falei rindo da ironia. Peguei o celular de Gray em cima da cama e fiquei com ele na mão – liga pra ele e diz para ele vir até aqui. Diga que eu sai e que você está louco para vê-lo.
– não posso fazer isso Griffin – falou Gray com a voz tremida tentando se acalmar – foi coisa de uma vez só. Foi no calor do momento.
– não mente pra mim Gray.
– eu juro. Foi só uma vez.
– Não use essa desculpa comigo. Você deve ter pego Clamídia a muitos dias. Como eu sei? Porque a última vez que tranzamos – na terça – eu engoli sua porra. Quer dizer… você é meu namorado eu não achei que corria riscos se engolisse seu esperma afinal você é meu namorado. Meu fiel namorado – falei tentando manter a calma – então me diz: quantas vezes foi?
– foi só uma – falou Gray – foi quando você encontrou Rupert na porta de Pegasus. Quando eu encontrei o cartão dele no seu terno eu fiquei louco. Pensei que você estava saindo com ele. Eu não tive a intenção. Gordon começou a trabalhar no hospital na mesma semana e ele ouviu a conversa de que eu era bissexual e deu em cima de mim. Eu estava inseguro.
– quando você está namorando alguém e você fica inseguro você não come outro. Você em até seu namorado e pergunta.
– foi o que eu fiz.
– depois que tranzar não adianta Gray. Você devia ter vindo até mim antes e não depois que tranzou com Gordon – falei me sentindo um idiota – Deixa eu contar a minha teoria do que aconteceu – falei me virando e limpando meus olhos que lacrimejavam. Ele não merecia minhas lágrimas. Limpei os olhos e voltei a olhar para ele – Você encontrou o cartão de Rupert no terno que usei pra entrevista e achou que eu estava te traindo. Você então decidiu se vingar e então ficou tranzou com Gordon. Depois de um tempo você começou a duvidar do meu caso com Rupert já que não via evidência de que eu tivesse um caso com ele. Você não aguentou de curiosidade e decidiu me contar que encontrou o cartão. Quando eu te contei que não estava com Rupert e que só tinha esbarrado com ele, você se sentiu mal porque tinha me traído sem motivo. Então teve a brilhante ideia de me fazer tranzar com ele. Você armou todo esse teatro de “preciso proteger minha família” e me fez marcar um encontro com Rupert. Quando Holly contou a você que eu não transaria com Rupert e viria pra casa depois do jantar você veio pra cá me esperar. Quando eu não apareci você entrou em desespero e me ligou. Como meu celular estava em silencioso eu não vi as ligações e você ficou com raiva por eu estar com Rupert, mas dessa vez de verdade. Então o que você fez? Ligou para Gordon. Ele veio até o meu apartamento e vocês tranzaram na minha cama. Foi tão bom que vocês acabaram passando a noite juntos. Hoje cedo vocês tomaram banho e se arrumaram para irem ao trabalho afinal vocês teriam que fazer hora extra. Gordon não tinha nem tempo de ir para casa e por isso que ele está usando o mesmo perfume que eu. Ele usou um pouco do meu perfume hoje cedo. O mesmo perfume que você esborrifou em mim para o meu encontro com Rupert.
Gray não me desmentiu e apenas ouvia tudo em silêncio.
– seu plano teria dado certo, mas você não imaginava que se Gordon deu pra você ele dava pra outros e o melhor de tudo é que você nem usou camisinha. Talvez você tenha usado ontem, mas a primeira vez que vocês tranzaram, á três semanas atrás, você não usou já que como você mesmo disse foi algo no calor do momento. Até agora eu contei duas vezes que vocês fizeram sexo.
– eu nem sei o que dizer – falou Gray se sentando na cama.
– enfim… – falei jogando o celular de Gray de volta na cama – Quando você e Gordon tranzaram pela primeira vez ele gostou muito e queria mais, mas você não. Você só ficou com ele por vingança. Então você disse pra ele se afastar e disse que nunca mais aconteceria. Gordon aceitou, mas ele me viu no hospital naquele dia e deu em cima de mim. Não porque queria sair comigo, mas porque ele sabia que eu te contaria. Ele estava mandando uma mensagem á você. Então quando você foi trabalhar no outro dia você o confrontou disse pra ele ficar longe de mim, mas Gordon ameaçou me contar sobre o sexo. Pra fazer Gordon ficar calado você tranzou com ele de novo. Já são três vezes.
– OK, tudo bem! – falou Gray pensativo – foram três vezes.
– você foi muito traíra comigo Gray. Você trouxe seu amante pro meu apartamento e ficou com ele na minha cama. Você não tem uma sensação de dejavú? Foi exatamente a mesma coisa que fez com Morgan.
– o que você quer que eu faça?
– quero que ligue para Gordon e mande ele vir aqui.
– o que você vai fazer?
– liga logo Gray – falei indo até a gaveta.
– não vou ligar. Você já sabe de tudo.
– liga logo – falei pegando uma arma dentro da minha gaveta e colocando na minha cabeça.
-Wow! O que vai fazer Griffin? – falou Gray se levantando assustado.
– se você não ligar eu vou atirar.
– OK, eu ligo! Só não faça nenhuma idiotice – falou Gray discando o número de Gordon no celular. Ele esperou alguns segundos e em seguida Gordon atendeu – Gordon? Sou eu. Griffin saiu, será que quer passar a noite comigo de novo? OK. Te aguardado – falou Gray desligando o celular – pronto Griffin. Já liguei. Pode abaixar essa arma.
– não – falei com a arma apontada para minha cabeça – só quando ele chegar.
– só não faça nada idiota – falou Gray preocupado.
– você não sabe o quanto é fácil comprar armas nesse país. Depois que Roger me atacou eu queria me sentir seguro sabe. Então eu fui até uma loja e comprei. Simples assim. Você pode escolher cores e tamanhos como se estivesse em uma loja de doces. Tinha tantas opções, mas quando eu vi esse COLT 1911/1911A1 eu sabia que tinha que compra-lo.
– eu nunca imaginei que fosse desses – falou Gray se sentando.
– desses o que?
– desses que se mataria por causa de um namorado.
– eu não vou me matar Gray. Eu sou o protagonista dessa história não você. O meu mundo não gira em torno de você. Não mais.
– então porque está com essa arma? Me entregue e não faça nenhuma bobeira.
– já disse que não.
– por favor. Você está me preocupando.
– agora você quer bancar o namorado atencioso? Agora que eu tenho uma arma apontada pra minha cabeça eu chamei sua atenção? – falei apertando o gatilho, mas nada aconteceu. Gray se levantou da cama assustado e eu joguei a arma na direção dele.
– o que é isso? – perguntou Gray.
– eu não comprei balas – falei respirando fundo. Minha cabeça doía – Eu não teria coragem o suficiente para matar alguém – falei me sentando na cama – mas eu achei que essa arma poderia assustar Roger caso ele aparecesse por aqui.
– nós podemos resolver isso Griffin – falou Gray se sentando ao meu lado.
– acabou Gray. Eu perdoo qualquer coisa que você possa fazer comigo, exceto traição.
– porque você chamou Gordon aqui? O que vai fazer?
– ele vai me contar o que ele te deu que eu não dei. Quero saber o que ele tem de especial que te fez jogar nosso relacionamento no lixo.
– eu te conto – falou Gray.
– não Gray – falei tocando o rosto dele. Senti as lágrimas escorrerem em meus dedos – você me ama. Você não vai me contar os detalhes porque você não quer me machucar.
– você já não sofreu o suficiente Griffin? porque quer saber dos detalhes?
– é assim que eu funciono. Preciso saber.
Gray vestiu a sua roupa e guardou o meu revolver na gaveta. Aguardamos alguns minutos sentados na cama em silêncio até que o interfone tocou. Gray se levantou e foi atender o interfone. Alguns segundos depois ouvi a porta se abrindo e se fechando.
– como você está? – perguntou Gordon ainda na sala.
Levantei da minha cama e fui até sala. Gordon se assustou ao me ver. Percebi em seu olhar.
– boa noite Gordon – falei chegando a sala.
– o que está acontecendo aqui? – perguntou Gordon confuso.
– ele sabe – falou Gray se sentando no sofá.
– porque você me chamou para vir aqui? – perguntou Gordon para Gray.
– não foi ele. Fui eu quem pediu – falei ficando de frente á Gordon – Eu queria olhar nos olhos do homem que me infectou com Clamídia.
– o que está falando?
– ele fez exames e descobriu que tem Clamídia – falou Gray – eu tenho e isso significa que você também tem.
– eu vou embora.
– pode ir, mas antes me diga… o que você deu a ele que eu não pude?
– quer mesmo saber? – perguntou Gordon.
– quero.
– eu gosto de bissexuais – falou Gordon – especialmente aqueles que ficaram com mulheres, mas são virgens em relação a homens.
– mas ele ficou comigo. Ele não era virgem.
– você está certo – falou Gordon colocando a mão direita no meio das pernas discretamente – só foi preciso ele sentar aqui uma vez pra perceber que esse tipo de prazer você nunca ia conseguir dar a ele. Ele sentou, mamou e gozou.
– me desculpa – falou Gray olhando para mim – foi uma experiência nova para mim.
– uma experiência que você devia ter compartilhado comigo e não com outro – falei respirando fundo – mas eu te entendo até porque eu não gosto de ser o ativo, mas eu teria tentado se soubesse que você gostava. O pior de tudo é saber que vocês fizeram isso na minha cama.
– não queria acabar com o relacionamento de vocês Griffin, mas foi Gray que veio até mim. Você pode me culpar se quiser, mas não sou eu que compartilho uma aliança de compromisso com você – falou Gordon.
– é verdade – falei tirando a aliança do meu dedo e entregando para Gray – vão embora – falei me virando para entrar em meu quarto.
– não existe nenhuma chance de você me perdoar por isso? – perguntou Gray segurando em meu baço. Ele estava de pé logo atrás de mim.
– nenhuma – falei ainda de costas – eu não conseguiria ir pra cama com você sabendo que me traiu. O resto de carinho que tinha por você desapareceu. Você nem usou preservativo. Foi acima de tudo irresponsável – falei me virando e olhando para Gray – você deixou alguém gozar dentro de você e mesmo assim foi pra cama comigo.
– nunca ia imaginar que um médico não se cuidasse – falou Gray olhando para Gordon.
– eu tenho uma vida ativa – falou Gordon destemido – Essa coisas acontecem quando você é adepto do bareback – falou Gordon respirando fundo.
Gordon se virou para abrir a porta para sair, mas a porta se abriu de uma vez e uma pessoa se jogou dentro do meu apartamento. Era Rachel. Ela caiu de joelhos dentro do meu apartamento.
– Rachel! – falei indo rapidamente até ela.
– o que aconteceu? – perguntou Gordon tentando ajudar Rachel.
Ela não conseguiu responder porque sua boca estava cortada. Um longe sorriso de orelha a orelha. Me assustei ao ver o sangue escorrer do rosto dela.
– vou chamar a emergência – falou Gray pegando o celular.
– vai ficar tudo bem – falou Gordon deitando Rachel no chão.
Rachel segurou meu braço e tentou dizer alguma coisa, mas não conseguia. Elas apontava para a porta e gemia com dor.
– o que foi? Me diz o que foi?
– S… Sam – falou Rachel cochichando.
– quem é Sam? – perguntou Gordon.
– o filho dela! – falou Gray.
Soltei a mão de Rachel e sai pela porta para ir ao seu apartamento, mas levei um susto. Dentro do elevador – no fim do corredor – havia um homem vestido completamente de preto, com grandes botas e luvas de borracha segurando uma faca com a mão esquerda. Ele usava uma máscara branca que se assemelhava a um ventríloquo, mas a boca estava costurada e os olhos eram negros. As portas do elevador se fecharam vagarosamente, mas antes que se fechassem por completo ele acenou para mim.