Conto – Príncipe Impossível – Capítulo 44: Pesadelo
A vida continua. Gray e eu seguimos em frente deixando tudo o que aconteceu para trás. Um mês e três semanas se passaram desde o ataque. A recuperação fio árdua. Gray e eu ficamos com os braços imobilizados, mas por sorte nenhum dos nossos ferimentos foi sério. Depois de tirar os pontos e fazer fisioterapia todos os dias nós estávamos novos em folha… bom. Pelo menos um de nós estava. As feridas físicas de Gray foram inegavelmente curada, mas eu sentia que ele tinha uma dor interna a qual não falava comigo. Ele se fazia de durão e aparentava estar bem, mas eu sabia que não porque o brilho nos olhos dele tinham desaparecido.
Morgan ainda não tinha se decidido sobre o bebê de Jake que ela carregava a quase três meses. O tempo estava se esgotando e se ela deixasse o tempo passar ela não poderia mais abortar. Ela não tocava muito no assunto e fazia de tudo para esconder a barriga que começava a crescer para que as pessoas não a parabenizassem ou perguntassem qual o sexo. Morgan não tinha ido ao médico. Ela não tinha se decidido e também não tinha ido ao médico para saber sobre a saudade do bebê. Eu não sabia o que fazer para ajuda-la. Essa era uma decisão que ela tinha que tomar sozinha.
Depois de duas a três semanas tomando antibióticos Gray e eu conseguimos nos livrar da bactéria e depois de um último exame descobrimos que estávamos limpos. Aquilo tudo tinha sido muito estressante. Era bom sentir que o passado estava finalmente ficando para trás. Não tinha visto Rachel depois do ataque. Ela ficou muito tempo internada e fez duas cirurgias para conseguir deixar seu rosto do jeito que era antes. Ela e Oliver não estavam mais morando no apartamento de frente ao meu. Depois de toda a situação eles se mudaram para uma casa em Santa Mônica.
Tinha o telefone e o novo endereço de Rachel e Oliver, mas ainda não tínhamos ido visita-los. Gray não aprecia interessado em fazer nada fora da rotina. Era basicamente da casa par o trabalho e do trabalho para casa. Ele chegava, se deitava, acordava e saia. Nossa vida agora era basicamente essa.
Era quarta-feira de manhã. Gray sempre levantava Primero do que eu. Ele não andava dormindo muito bem a noite. Ele acordava devido a pesadelos e estava sempre tendo terrores noturnos. Ele achava que eu não sabia, mas eu acordo todas as noites sempre que ele tem um ataque de ansiedade ou acorda gritando. Eu sabia, mas não contei nada já que ele resolveu não em contar. Algumas pessoa lidam melhores sozinhas com seus problemas, mas começo a desconfiar que isso não está dando certo. Quase dois meses se passaram e ele parecia o mesmo. Sem o brilho.
Gray também estava tendo problemas de intimidade. Todo esse tempo e ele não tinha demonstrado interesse nenhuma fazer sexo. Eu procurava não insistir muito afinal eu não podia imaginar pelo o que ele tinha passado. Estar caído no chão imóvel sem poder se defender enquanto alguém o violentava. Isso sim tirava toda a masculinidade dele.
– Bom dia – falei vendo Gray sair do banheiro.
– já acordou? – perguntou ele surpreso.
– sim. Estou sem sono – falei olhando para o relógio que marcava antes das seis da manhã. Nós só precisávamos chegar no trabalho ás nove.
– eu também estava sem sono – falou ele tirando a toalha e vestindo sua roupa.
– porque você está pronto tão cedo?
– você sabe que eu tenho plantão ás seis.
– não Gray. Eu ligue no hospital e eles me disseram que você tem plantão ás nove, mas todos os dias você sai daqui as seis.
– é que eu chego mais cedo.
– sabe o que eu acho? Acho que você levanta cedo e vai para o trabalho porque tem medo de que eu queria fazer sexo Todo dia você chega, deita e dorme antes mesmo de eu me deitar. Você tem medo de que eu queria fazer sexo.
– não é isso… – falou Gray se sentando na cama calçando seus sapatos.
– não tem problema Gray – falei indo até ele e tocando os ombros dele – não vou insistir e nem pedir para que faça algo que não quero. Só quero que se abra comigo. Sei que ainda está ferido por causa do estupro.
– não fale essa palavra – falou Gray se levantando da cama colocando sua gravata.
– tudo bem – falei me sentando na beirada da cama.
Ele terminou de vestir sua roupa e se sentou ao meu lado. Ele ficou em silêncio e nós não nos olhamos um para o outro por um tempo.
– olha… – falou Gray fazendo uma pausa – meu amor a última coisa que eu quero é te afastar de novo.
– então não me afaste. Converse comigo.
– não quero. Eu não quero conversar eu só quero esquecer o que aconteceu.
– nós precisamos conversar com alguém.
– um terapeuta?
– você faria isso por nós? Se eu marcar uma consulta com a irmã da Eve você iria?
– claro. O que for preciso – falou Gray.
– vou ver se consigo um horário para nós hoje a tarde. Tenho certeza de que quando eu ligar marcando Ally vai nos agendar o mais rápido o possível.
– tudo bem – falou Gray aproximando o rosto do meu e dando um selinho na minha boca – quando você conseguir um horário me liga ou me envia uma mensagem.
– combinado – falei abraçando-o e ando um beijo no rosto dele – não precisa se preocupar Gray. Você esperou por mim então eu também, vou esperar por você.
– obrigado – falou Gray se levantando – vou para o trabalho – tenha um bom dia.
– você também – falei voltando a me deitar. Gray apagou a luz do quarto e eu me virei para o lado para voltar a dormir.
Acordei pouco antes das oito e meia e tomei um banho rápido para ai ao trabalho. Ao chegar na Pegasus fui direto para a minha sala e me sentei em minha cadeira. Peguei o cartão de Ally que Rupert me deu tempos atrás e disquei o número pessoal dela.
– alô – falou Ally atendendo.
– Alegra Mallory?
– é ela. Quem fala?
– é o Griffin. Griffin Blake.
– eu sei quem é você Griffin.
– desculpa te incomodar Ally, mas eu queria pedir um grande favor.
– claro. O que posso fazer por você?
– eu estou precisando de um horário com você.
– então você finalmente decidiu falar comigo? O que te fez mudar de ideia?
– na verdade é só para mim. É para Gray e eu – falei pausando – nós estamos atendo alguns problemas e Gray concordou em falar com um terapeuta. Acho que você é a melhor opção.
– eu posso ajudar vocês – falou Ally – só que eu estou com a semana cheia. Só poderei ver vocês semana que vem.
– você não consegue nos encaixar em algum horário? Nós já esperamos demais para falar sobre isso.
– pra dizer a verdade eu não ia atender ninguém agora cedo porque ia resolver alguns problemas, mas posso ver vocês em uns trinta minutos se assim vocês quiserem.
– Seria perfeito.
– tudo bem então. Vejo vocês em meia hora.
– obrigado Ally. De verdade.
– até daqui a pouco.
– até – falei desligando o telefone.
Assim que desliguei o telefone eu também desliguei meu computador e vi Morgan caminhar até a minha sal. Ela estava com uma bata preta que disfarçava bem a barriga dela.
– bom dia Griffin – falou la entrando na minha sala.
– bom dia Morgan, tudo bem?
– tudo horrível – falou ela se sentando em minha cadeira.
– o que foi?
– estou tendo enjoo matinal. Não consigo parar de vomitar. Não consigo comer nada e tudo e eu só tenho apetite para berinjela com sorvete.
– que nojo.
– eu sei – falou Morgan rindo – eu odeio berinjela. Imagina com sorvete, mas essa é a única coisa que consigo comer que não me faz vomitar.
– não se preocupe. Vou vomitar por você.
Morgan deu risada e em seguida respirou fundo.
– você tem ido ao médico?
– não.
– eu sei que talvez isso não seja da minha conta, mas porque você não vai ao médico? Eu sei que você ainda não tomou uma decisão sobre o que vai fazer, mas você claramente está em dúvida. Vá ao médico para ele fazer alguns exames iniciais. Talvez isso te ajude a decidir.
– vou fazer isso – falou ela pensativa.
– eu preciso te pedir um favor.
– o que é?
– marquei uma consulta pra Gray e eu com a Ally. Ela disse que tem um horário agora cedo. Será que eu posso ir.
– Gray continua com os pesadelos?
– sim.
– tudo bem. Tire o dia de folga.
– obrigado – falei me levantando.
A caminho do escritório enviei uma mensagem para Gray avisando que ela nos veria em trinta minutos. Ao chegar no consultório avisei a recepcionista que tinha marcado uma consulta diretamente com Ally e ela pediu que eu aguardasse. Peguei uma das revistas que ficava na recepção e comecei a ler.
– olá – falou Gray saindo do elevador.
– oi – falei largando a revista.
– Ally já chegou? – perguntou Gray se sentando ao meu lado.
– ainda não – falei pegando a mão dele e segurando entre as minhas – obrigado por ter vindo.
– faria qualquer coisa por você – falou Gray segurando minha mão.
– bom dia Zoey – falou Ally para a recepcionista ao chegar pelo mesmo elevador de Gray.
– Bom dia Dr. Mallory – falou a recepcionista – esses pacientes disseram que marcaram uma consulta diretamente com você.
– sim – falou ela com um sorriso vindo até nós – eles são velhos amigos.
– quanto tempo – falou Gray apertando a mão dela.
– obrigado por concordar em nos ver tão rápido Ally – falei apertando a mão dela.
– qualquer coisa para bons amigos – falou ela apontando a sua sala – vocês primeiro.
Gray e eu entramos e nos sentamos em um longo sofá. Ally fechou a porta da sala e se sentou de frente para nós. Ela tinha em sua mão um caderno de anotações e uma caneta.
– então… – falou Ally com um sorriso sereno no rosto – antes de tudo eu quero dizer que seja lá qual for o problema que vocês estão enfrentando quero que saibam que eu não tenho a resposta.
– então o que estamos fazendo aqui? – perguntou Gray cético.
– Porque vocês também não tem a resposta. Vocês estão aqui porque eu tenho um diploma que diz que eu sou a melhor pessoa para ajuda-los a encontrar a saída desse problema.
– desculpa – falou Gray tentando ser mais positivo.
– imaginem que o problema de vocês é um labirinto. No momento vocês estão perdidos, mas eu sou a guia que vai ajuda-los a encontrar a saída.
– tudo bem – falou Gray.
– OK – falei concordando.
– Então – falou Ally olhando para nós dois – o que trouxeram vocês aqui?
Gray não falou nada e olhou para mim. Nós nos olhamos por alguns segundos e ele não pareceu interessado em falar. Talvez por estar com vergonha. Decidi falar primeiro para que ele se sentisse seguro.
– bom… como você sabe Gray e eu passamos por uma situação infernal.
– sim. Eu vi no noticiário e Eve me contou todo o restante. O que vocês passaram foi horrível – falou Ally.
– pois é. Eu nem acredito que Gray e eu tivemos forças para enfrentá-lo – falei mostrando a minha mão. Além da cicatriz da agulha havia a cicatriz da faca – eu cortei minha própria mão, para conseguir cortar a corta. Basicamente foi isso que nos salvou.
– você se surpreenderia com o que as pessoas fazem para conseguirem viver – falou Ally com um sorriso – isso é bom. Significa que você estava disposto a viver.
– pois é. Ainda tenho pesadelos com facas. Facas por todos os lados. Facas e agulhas na verdade.
– o que você acha que isso te trouxe de negativo? Eu digo… toda essa experiência?
– não sei. Nos primeiros dias foi difícil sabe. Enquanto eu estava no hospital. Quando eu fechava os olhos para dormir eu o via. Via a máscara e via a faca. Eu acordava assustado. Nas duas primeiras semanas eu basicamente não dormia e eu meio que desenvolvi uma certa fobia por agulhas.
– é normal ter pesadelos e terrores noturnos. Isso geralmente via passando e você acaba desenvolvendo fobias quando passar por algo tão estressante.
– fora isso eu não sinto nada de diferente ou negativo. Eu sinto que estou seguindo com a vida – falei olhando para Gray. Ele olhava para mim pensativo. Talvez estivesse pensando se deveria falar ou talvez estivesse surpreso pelas minhas revelações. Nó não tínhamos conversado sobre essas coisas depois do acidente. Tudo o que contei foi novidade para ele.
– e você Gray? Você tem sentindo algo de negativo em toda essa experiência que você passou? – perguntou Ally.
Gray não disse nada e eu deslizei minha mão pelo sofá e segurei a mão dele para que ele soubesse que estava tudo bem falar.
– impotente – foi a palavra que Gray disse – nós estávamos amarrados no chão da minha casa e Jake nos disse que faria com Griffin – falou Gray parando de falar.
– o que ele faria? – perguntou Ally.
– Jake me deu a escolha… o corte de orelha a orelha ou o estupro. Eu escolhi o estupro – falei olhando para Ally. Percebi que ela tentou não julgar a minha escolha.
– porque você escolheu o estupro ao invés do sorriso? Não estou de julgando, só quero saber os motivos de ter feito essa escolha – falou Ally.
– eu queria sentir a dor de Gray.
Ally desviou seu olhar para Gray.
– Gray? você não tem nada a dizer sobre isso?
– eu não queria que ele sentisse minha dor – falou Gray olhando para Ally – essa é a última coisa que eu desejaria a ele. Isso é a última coisa que eu desejaria para qualquer pessoa.
– vocês não são as primeiras vítimas do Escultor que entram nesse consultório – falou Ally anotando algo em seu caderno de notas – algumas das vítimas se sentiam culpadas pelas escolas que fizeram. Todas as vitimas que vieram para uma consulta estavam se sentindo exatamente como vocês. Ou elas estavam recuperadas ou danificadas, mas elas se arrependiam das escolhas. É normal se arrepender. Ninguém deveria passar pelo o que vocês passaram.
– esse é o problema – falou Gray – eu não tive escolha.
– então ele te estuprou antes de dar a escolha a Griffin?
– não – falei interrompendo ela – Gray foi atacado no hospital semanas antes do nosso ataque. Ele não deu escolha á Gray e o estuprou. Gray não me disse nada no começo.
– Ele fez isso para te proteger – falou Ally – ele achou que você sofreria se soubesse o que aconteceu. Não estou dizendo que é a escolha certa se fechar e esconder, mas quando uma pessoa passa por um trauma ela tende a tomar decisões que parecem certas na hora, mas são estúpidas – falou Ally anotando algo – vocês estão tendo algum problema de intimidade?
– sim – falei olhando para Gray e depois para Ally.
– você não sente vontade Gray?
– não – falou Gray – não é como se eu não sentisse desejo ou atração por Griffin, mas eu não consigo me interessar. Não consigo ter uma ereção. Eu tentei tomar alguns remédios, mas não adiantou. Eu sei a falta que o sexo faz ao nosso relacionamento, mas eu não consigo.
– sinceramente não me importo com sexo. Me importo em como Gray está lidando com isso. Ele tem acordado a noite gritando, tendo terrores noturnos… ele não tem dormido direito.
Gray ficou surpreso ao me ouvir dizer aquilo.
– você sabe? – perguntou Gray surpreso.
– eu sei. Não disse nada a você porque se você não quis me contar eu não queria interferir na sua privacidade.
– passar pelo o que você passou deixa sequelas Gray – falou Ally – é difícil se recuperar.
– o que é mais intrigante é que nós dois fizemos sexo algumas vezes depois que o fato aconteceu então não entendo porque ele não consegue.
– eu sempre tive pesadelos – falou Gray – desde que aconteceu eu não durmo direito, mas isso não tinha me afetado muito e por algum motivo isso está piorado – falou Gray.
– é porque você sabe – falou Ally.
– porque eu sei? – perguntei confuso.
– vocês dois podem ser gays, mas continuam sendo homens. Gray se sente emasculado pelo estupro e ele lidou bem no começo, porque ele tinha uma espécie de proteção. Você não sabia. Quando você descobriu ele se sentiu novamente agredido porque ele sente que devia te proteger. Ele é mais velho e sabe de tudo o que você passou na adolescência e tem esse sentimento de proteção. Na verdade é normal um rapaz que foi negligenciado pelo pai procurar por uma figura paterna.
– então você está dizendo que o que nos atraiu foi o sentimento que eu tinha de ter um homem que se importava comigo?
– sim. Gray correspondeu a esse sentimento e esse é um dos motivos de estarem tão apaixonados um pelo outro. Vocês se completam. Gray representa o pai que você nunca teve. Ele te dá o amor que você carece. Pode não ser da mesma forma, mas é eficaz. Do mesmo jeito que uma mãe que perdeu um filho as vezes se recupera melhor se tornando professora ou desviando o amor para um sobrinho você se sente feliz com Gray porque ele te faz experimentar sentimentos que nunca sentiu antes. É por isso que você saber do estupro tem provocado piora em Gray. Ele acha que não será mais capaz de corresponder aos seus sentimentos agora que ele que está ferido.
– isso é verdade? – perguntei olhando para Gray.
– sim – falou Gray triste. O brilho do olhar dele ainda estava ausente – desde que você descobriu eu sinto que não sou o homem que você merece. Toda essa situação faz eu me sentir menos homem. Os pesadelos tem diminuído e eu tenho quase conseguido dormir uma noite toda sem acordar, mas eu não consigo sentir desejo.
– isso é importante – falou Ally – para alguns homens é vital a necessidade de se sentir macho e isso faz parte da identidade dele. Querendo ou não somos só meros animais nesse mundo. Macho ou fêmea. Independente da sexualidade.
– o que nós podemos fazer para conseguir voltarmos ao sermos o que éramos antes? – perguntei para Ally que fechou seu caderno.
– vocês precisam relaxar – falou Ally – claramente o trauma tem causado feridas em vocês e está danificando o relacionamento.
– mas o que nós fazemos? Mais terapia? Medicações?
– antes de partir para algo tão drástico como terapias semanais e medicações eu acho que vocês deveria ir pra cama.
– é isso? Ir pra cama? – perguntei confuso.
– nós dormimos na mesma cama todas as noites e isso não tem adiantado muito – falou Gray irritado com a solução de Ally.
– eu não estou dizendo para vocês irem para a cama e forçar o sexo estou dizendo para irem para a cama se divertir. Brinquem. Vocês são um casal e vocês podem experimentar, fazer coisas novas, fazer coisas que vocês gostam. Eu estou dizendo isso sem brincadeiras. É sério. Quero que hoje a noite vocês entrem no quarto e fiquem lá até conseguirem fazer sexo. Façam isso como se fosse uma lição de casa. Levem a sério e se empenhem. Tenho certeza que se voltarem a fazer sexo os pesadelos de Gray e as suas fobias irmão desparecer. Vocês precisam se empenhar nisso. Os dois precisam estar dispostos.
– eu estou disposto – falei olhando para Gray – você está?
– claro. Qualquer coisa – falou Gray segurando minha mão forçando um sorriso.
– eu vou contar uma coisa para vocês que nem mesmo a Eve sabe – falou Ally fazendo uma pausa – eu fui estuprada… pelo meu ex marido. Isso aconteceu a alguns anos. Na época eu me senti confusa e não denunciei afinal quem acreditaria que uma esposa foi estuprada pelo marido? Em alguns lugares isso nem é crime. Eu me senti envergonhada e algum tempo depois eu pedi o divórcio.
– sinto muito Ally – falei.
– tudo o que eu conseguia pensar é que o bastardo iria encontrar outra mulher e que ele fosse fazer a mesma coisa com ela. Eu convivi com essa culpa todos os dias. Fui fraca. Não quis fazer a denuncia por vergonha – falou ela pensativa – para minha sorte a mulher com que ele se relacionou foi mais forte do que eu. Ela não teve medo. Ele não foi preso afinal ele nunca tinha sido violento, mas ele foi humilhado, fichado como agressor sexual. Ele era médico e perdeu a licença. Nenhum hospital pode contratar agressores sexuais fichados. É a lei. De uma forma ou de outra ele foi punido – falou ela parecendo contente com o que disse.
– e você se sentiu bem? – perguntou Gray.
– não. Eu continuei com aquela dor e percebi que a minha dor não tinha nada a ver com ele. Tinha a ver comigo mesma e como eu tinha lidado com aquilo. Eu tinha negligenciado a mim mesma não dando importância para os meus sentimentos. Fiquei tanto tempo imaginando quando ele seria punido e esqueci de me curar. Levou anos até que eu pude me relacionar com outra pessoa outra vez. O que eu quero dizer é: não ignorem o problema. Ter vindo aqui foi um grande passo. Fico feliz de vocês terem sidos fortes o suficiente para enfrentar o problema.
– obrigado por contar isso – falei respirando fundo. Estava um pouco nervoso com tudo oque ela tinha dito.
– enfim… façam o que eu disse e levem a sério. Tentem isso essa semana. Se não der certo voltem e nós tentaremos algo mais radical – falou ela se levantando.
– obrigado Ally – falei apertando a mão dela.
– obrigado por nos receber – falou Gray apertando a mão dela.
– não há de que – falou Ally sorrindo – fico feliz que vocês tenham tomado essa decisão. Fazer terapia é a melhor opção no caso de vocês. Estupro é algo delicado e eu já vi eles destruírem casamentos de anos de duração. Tudo porque a pessoa que sofreu o abuso se fecha e recusa procurar ajuda.
– obrigado por nos ajudar. Espero mesmo que isso dê certo – falei saindo do escritório ao lado de Gray e Ally.
– vai dar certo – falou Ally – e o melhor de tudo é que vocês podem tentar de tudo. Se não der certo vocês podem tentar outra vez. É sexo. Divirtam-se
Gray e eu deixamos o prédio e assim quem chegamos ao estacionamento entramos em seu carro e antes de ligar o carro Gray olhou pra mim. Ele apenas me olhou por vários segundos sem dizer nada.
– eu vou para o hospital e você vai para a Pegasus – falou Gray – quando chegarmos em casa nós podemos tentar.
– pode ser – falei sorrindo para ele – você continua sendo o mesmo homem pra mim – falei aproximando e dando um selinho na boca dele – o que aconteceu não foi culpa sua.
– o problema não é você Griffin – falou Gray.
– fala do que?
– de não conseguir ficar… duro – falou Gray envergonhado – talvez você fique pensando que o problema é você, mas eu não consigo me excitar de maneira nenhuma.
– eu sei o que quer dizer Gray – falei sendo compreensivo – você está tentando dizer que não tem se masturbado?
– exato – falou ele envergonhado – O que Ally contou sobre o ex marido realmente falou profundo em mim. Quero que saiba que o problema não está em você. Está em mim. sou eu que estou danificado e eu tenho sorte de ter você para me ajudar a juntar as peças do que sobrou de mim. Estou disposto a fazer tudo para conseguir superar isso.
– nós vamos superar juntos – falei aproximando meu rosto do dele e dando um beijo em sua boca.
Não imaginei que aquilo tinha mexido tanto com Gray. Ele atuava bem. Parecia tão forte que por algum tempo eu pensei que ele estava bem. A minha sorte é que eu o conheço o suficiente e sabia que algo estava errado. Foi bom ter vindo a uma consulta com Ally. Espero que ela esteja certa.
OWN MEU DEUS QUE FOFO MAS, AO MESMO TEMPO TRÁGICO .
NA BOA DEEM UM PREMIO LITERÁRIO AO AUTOR DESTE CONTO, AMANDO CADA PALAVRA, SOFRENDO JUNTO, RINDO LITROS, NUNCA FIQUEI TAO PRESO A UM CONTO COMO ESTE
PARABÉNS