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A Grande Maça – Capítulo 16 – A Grande Maçã

Eu estava pensativo no caminho de casa, o que eu faria? Eu estava muito feliz por ter ganhado 80% da bolsa, mas era em Nova York.

Eu cheguei na porta da minha casa e peguei minha chave abrindo a porta.

– mãe, cheguei – falei fechando a porta.

– mãe? – falei indo até a cozinha. Minha mãe estava caída no chão.

– mãe? – falei indo até ela e me ajoelhando – ela estava inconsciente, eu dei tapas de leve no rosto dela chamando por ela. – acorda mãe.

Eu coloquei os dedos no pescoço dela e ela tinha pulso.

Eu me levantei e peguei meu celular ligando para a emergência e passei meu endereço. Depois que desliguei eu liguei para Charles.

– alô – falou ele.

– Charles minha mãe está desmaiada – falei.

– o que?

– eu cheguei em casa e ela estava caída no chão da cozinha.

– eu vou aí agora! – falou ele desligando o celular.

Eu olhei para ela caída do chão e entrei em desespero e eu me ajoelhei e alisei a testa dela.

– Fry – falou ela fraca acordando.

– mãe, sou eu.

– o que aconteceu! – falou ela fraca abrindo os olhos.

– eu não sei, eu cheguei e a senhora estava caída no chão.

– me ajuda a levantar – falou ela.

– fica deitada a ambulância deve estar chegando.

– não precisa – falou ela forçando.

– tudo bem – falei ajudando ela a se levantar e eu ouvi o barulho da ambulância chegando.

Eu ajudei ela a se sentar no sofá e a porta abriu e meu irmão entrou pela porta e logo atrás os paramédicos.

– ela já acordou – falei.

– mãe você está bem? – falou meu irmão se sentando no sofá ao lado dela.

Eu fiquei em pé e fui até os paramédicos.

– ela já acordou falando ele se sentando ao lado dela para medir a pressão. O outro paramédico veio conversar comigo.

– quando você chegou como ela estava?

– ela estava desmaiada no chão, ela tinha pulso, mas estava um pouco fria, depois de alguns minutos ela voltou a consciência e ela insistiu que queria se sentar eu a ajudei.

O paramédico foi anotando tudo o que eu dizia.

– ela… – falei mais baixo – ela é HIV positiva e tem Hepatite C.

– ela já faz o tratamento da Hepatite C?

– sim, está sobre controle, nós temos alguns dias bons, outros não tão bons, mas nos últimos dias ela estava muito bem.

– ela teve uma queda de pressão – falou o paramédico que a examinava, mas agora ela está estável, não tem necessidade de leva-la ao hospital.

– graças a Deus – falou meu irmão.

– obrigado – falei agradecendo aos paramédicos.

Eles saíram e eu fechei a porta.

– eu estou bem Charles – falou minha mãe.

– aonde você estava? – falou Charles se levantando.

– eu tinha um compromisso e cheguei agora a pouco.

– você não se sente culpado? E se acontecesse alguma coisa com ela?

– por favor meninos, sem briga. – falou minha mãe.

– aonde você estava Charles? Eu não te culpo por não estar aquí eu esperaria que não me culpasse também.

– me culpar? A culpa é de você e sua gente.

– como assim Charles? Minha culpa?

– não se faça de idiota Fry, todo mundo sabe que foram vocês os gays que trouxeram a maldição da AIDS para o mundo?

– como é que é? Os gays é que são culpados pela AIDS?

– Charles! – gritou minha mãe.

– é claro que foram vocês, eu duvido muito que minha mãe pegou AIDS no hospital com aquele acidente com a seringa, deve ter sido você mesmo que passou para ela, sabe-se lá quantas vezes você foi praticar seus atos mundanos e veio poluir toda a casa.

– Charles! – gritou minha mãe outra vez.

Eu fiquei calado não consegui nem dizer nada, foi como um corte no meu coração ouvir meu próprio irmão dizer aquilo para mim.

– porque você acha que você não é bem vindo em minha casa? Porque você acha que nunca deixo você tocar no meu filho?

Foi como um tapa no meu rosto. Até minha respiração ficou mais fraca quando ele disse aquelas coisas. Sem dizer nada eu apenas fui em direção ás escadas subindo.

– Cala a boca Charles, como você tem coragem de falar essas coisas para seu irmão! – gritou minha mãe se levantando – Fry vem aquí.

Eu subi ás escadas e entrei no meu quarto me deitando na minha cama e tentei abafar meu choro com o travesseiro. Como uma pessoa tinha um pensamento tão medieval? Como ele podia me acusar de ter passado AIDS para minha mãe? Como ele podia supor que eu tinha AIDS apenas por ser gay?

Eu chorei por um tempo até que finalmente fiquei sem lágrimas. Eu não tive nem oportunidade de falar para minha mãe que tinha conseguido a bolsa. Eu olhei para o relógio e já era 19:20.

– vou ligar para meu tio e contar para ele – falei pegando meu celular e se sentando na cama me escorando na cabeceira.

– olá Fry – falou ele atendendo o celular.

– oi tio – falei tentando disfarçar minhas voz triste.

– o que foi? Sua voz está tão triste. – falou ele.

– não é nada.

Ele ficou calado por alguns segundos.

– aconteceu alguma coisa com sua mãe? – perguntou ele.

– não tio, foi meu irmão.

– o que seu irmão aprontou dessa vez. – perguntou meu tio.

Eu respirei fundo.

– ele disse que fui eu quem transmitiu AIDS para minha mãe.

– não acredito que ele disse isso. – falou meu tio – seu irmão é o maior idiota que eu conheço não sei como ele tem coragem de dizer isso para o próprio irmão.

– apesar disso tudo eu tenho uma boa noticia – falei.

– qual?

– eu consegui 80% da bolsa de faculdade de medicina.

– nossa Fry, estou muito feliz por você, eu disse que você iria conseguir.

– mas tem um problema tio, eu consegui a bolsa para uma faculdade em Nova York.

– má notícia? É uma ótima noticia.

– eu não posso abandonar minha mãe.

– Fry você não pode perder essa oportunidade.

– quem vai cuidar da minha mãe tio?

– eu – falou ele – eu posso me mudar e morar com sua mãe.

– você não pode desistir de sua casa e conforto apenas para que eu vá para a faculdade.

– claro que posso. – falou ele – eu posso e vou.

– obrigado – falei.

– o que sua mãe disse?

– ela ainda não sabe.

– está esperando o que para falar com ela?

– na verdade eu estava esperando meu irmão ir embora e acabei dormindo e acordei agora a pouco.

– fala pra ela agora!

– tudo bem. Obrigado mesmo tio.

– sempre que precisar.

– obrigado.

– eu estou inconformado com seu irmão – falou ele.

– esquece isso, eu já devia estar acostumado com as coisas que ele fala. Eu só não sei o porque dele ser tão incomodado pelos gays.

– eu tive uma idéia – falou meu tio – eu vou chamar seu irmão para uma conversa aquí em casa na terça-feira.

– não precisa tio, eu não quero que você brigue com ele por causa disso.

– pelo contrário Fry, nós não vamos brigar, eu quero saber porque ele implica tanto com os gays, você pode vir aquí em casa na terça? Assim nós dois conversamos juntos com ele.

– eu não sei.

– confia em mim, eu tenho uma idéia para acabar com essas implicâncias.

– tudo bem, obrigado tio.

– não há de que. Eu fico te esperando na terça ás 19:00 aquí em casa.

– até terça.

Eu falei isso desligando o celular e descendo ás escadas para contar para minha mãe.

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