Contos

Apaixonado por um Traficante – 2° Temporada – Capítulo 9

Eu tinha que fazer algo…

Sair dali, era a única solução que eu podia ver.
O que quer o Júnior pensa em fazer, se eu não estiver aqui ele não fará. Sem mim ele não pode chegar no Felipe, não vou deixar que ele se machuque, ele não tem nada haver com essa confusão.

Logo depois que Júnior anunciou a sua presença via mensagem, e o pânico me dominou. Não vi outra escolha a não ser arrumar minhas coisas e escondido de todos em meio a madrugada fugir dali o mais rápido possível.

Simplesmente no meio da noite me levantei peguei minha mala, coloquei todas as minhas roupas dentro, me vesti de forma simple. E peguei uma cardeneta de recados que ficava na mesa de centro da sala.

Sentei penosamente, naquele duro sofá. Passava frenético a mão no rosto,  em sinal de nervosismo. Eu não podia sair sem ao menos dar uma explicação, então naquela pequena caderneta me pus a escrever exatamente o que eu mais sentia naquele momento:

Mãe, eu te amo muito, o meu amor por você e pela Suelem são as coisas mais importantes na minha vida, mas nesse momento estou passando por algo que nem eu mesmo sei como lidar, e não quero que isso afete vocês. Por isso, acho melhor eu primeiro resolver toda essa situação que estou passando para depois te falar do que se trata. Porém, peço que não me julgue, tudo o que eu preciso é do seu apoio para que eu possa fazer isso. Estou me afastando por um bom motivo, não se preocupe, tudo vai acabar bem.

Com amor que tenho a você e Su,Guilherme.

Eu juro que volto mãe.

Coloquei o bilhete perto do vaso encima da mesinha da sala, olhei mais uma vez para dentro de casa, me despedindo da casa. E sai.

Tinha que resolver isso de qualquer forma, e não podia colocar minha família no meio de toda essa merda.

E se algo fosse acontecer, só eu poderia evitar. Mas uma certeza eu tinha e muito óbvia, Júnior não faria nenhum mal a mim, mas faria qualquer um que ficasse no seu caminho.

E eu tinha ciência do poder daquele traficante,sabia em quantos Júnior mandava e desmandava. As “cadelas”, como o mesmo chamava seus homens. Quantos ele deve ter chamado para vir atrás de mim?

Estava a vários minutos, a andar por aquela rua deserta. As casas fechadas e os cachorros das vizinhança, que latiam,  eram a única coisa no cenário. Mesmo assim continue a andar, sem querer olhar para trás.

Era triste pensar como minha mãe se sentiria quando ler aquela carta, mas era preciso que eu fosse embora.

Andei mais, até chegar em algum lugar familiar, reconhecia por que já tinha vindo com Felipe ali. Era aquele estranho hotel abandonado.

Larguei minha mochila em cima da mesa qualquer. Me sentei suspirando e imaginando tudo que poderia acontecer, e ainda não sabia como faria para me livrar de tudo isso. Era angustiante.

E por um momento me deixei enfraquecer. Me deixei chorar.

Sentia muita falta de meus amigos; da minha turma da escola; sentia falta do rafa; sentia falta da minha vida normal, antes do Júnior.

Foi eu que fiz a burrada de me meter com com aquele cara. Eu não podia envolver mais ninguém. Então aqui estava eu sofrendo. Sozinho.

Continuei sentado naquela mesa, tentando enxugar as lágrimas. E sinto meu celular vibrar dentro do bolso.

Pego-o meio apreensivo, mas sem pensar muito. Nele olho para a tela do mesmo.

– Alô? Atendo cansado, sem muita reação.

– Cadê você? A voz grossa, soou pelos meus ouvidos.

– FUJI! Agora me deixa em paz!

– Do que você esta falando, Mané, para de ladaia e me diz aonde você tá Guilherme. Ordena, como das outras vezes que me ligou, me diz, se não eu juro que eu estouro a cabeça do teu amiguinho!

– Amiguinho? Como assim, Júnior? Do que você esta falando cara? Pergunto nervoso, achando que ele falava do Felipe.

– Sabe aquele amigo teu lá do morro, ele adorou me fazer companhia nessa, o tal de Rafael, e ai? Vai dizer aonde você tá, pra dar um passeio nós três. Diz dissimulado.

– O rafa? Tu ta com o Rafa? –Fico apreensivo.

– Quê tu acha? Te disse Guilherme, eu faço de tudo, de tudo mesmo, para você ser meu, agora Guilherme! Eu juro por tudo que é mais sagrado que vou explodir os miolos desse pivete, se tu não me falar já aonde, caralhos! você está.

– Júnior, não, por favor. –Estava começando a chorar, estava em choque, ele havia sequestrado o Rafa, não faz nada.

– Não tem essa, bundinha, já ficamos separados por muito tempo, quero você agora, entendeu!?

– Júnior, me diz como o Rafa tá cara, por favor, ele ta bem.

– Para de viadagem, e me diz aonde tu tá , porra! Ou ele não vai ficar nada bem.

– Tudo bem, tudo bem, eu juro que eu digo, mas não faz nada com ele.

O moreno nesse momento se calou, simplesmente, ficou em silêncio.

Ouvia sua respiração forte no telefone, como um tigre feroz que ia me matar a qualquer momento.

– Você tem cinco minutos para me ligar e dizer, e só! Pensa no que tu vai fazer. Se não você sabe, sangue inocente vai rolar.

E assim desliga o telefone na minha cara. Eu pego minha mochila e atiro com toda a minha força no chão, chorando muito, me desesperando pelo fato de eu estar amaldiçoado por esse desgraçado, filho da puta!

Eu estava pegando raiva dele, já. Por ele está fazendo isso comigo? Por que?

Aonde eu estava com a cabeça, eu ter ficado com ele e pensar que Júnior poderia mudar por minha causa…

Merda!

Eu sou mesmo um idiota mesmo.

Chorei muito, em cima de minhas coisas.

Então, sinto uma mão sobre meus ombros, e um grito soou pela minha boca. Enquanto a outra mão da pessoa tapava a minha boca.

– Calma ai, sou eu cara, o que você tá fazendo aqui meu?

– Felipe, que bosta. –Olho para ele desesperado e assutado.

– Calma Gui, o que foi que te aconteceu? E por que ta aqui à essa hora,cara?

– Ta tudo acabado, Felipe! Ele vai arruinar tudo, arruinar a minha vida,  e eu nem sei o que fazer.

– Como assim? me explica direito, o que aconteceu?

E assim, explico tudo ao Felipe. Enquanto ele tentava me acalmar, dando aconselho e me repreendendo, que eu não podia sair daquele jeito de casa e largar tudo como se não fosse merda nenhuma.

Mas do jeito que eu estava, disposto a largar tudo mesmo. Para salvar a vida da minha família e agora do meu amigo que estava em perigo.

– Você o ama!? –Felipe pergunta, depois de um tempo me olhando,mas seu tom era quase de uma afirmação.

– Do que você tá falando…

– O que você sente por ele, Gui, você o ama mesmo? Ama aquele cara?

Felipe esperava uma resposta, talvez já sabendo qual ela seria. Por um instante tentei pensar em uma resposta.

Mas o Rafa, meu melhor amigo passando por tudo aquilo por minha causa, nas mãos do homem que eu amo.

– Não faça isso comigo Felipe, agora eu preciso encontrar uma forma de salvar meu amigo. Pouco importam meus sentimentos agora.

– Mas Gui.

– Por favor, se você está do meu lado, e quer me ajudar, vai embora!

– Ir embora? Isso nunca, vou ficar aqui, independente do que tu for fazer.

Suspiro nervoso e farto de tudo isso. Então, sobre o olhar do Felipe, ligo para o Junior, e aquilo foi muito difícil pra mim.

– E ai te decidiu é?

– Ok, já chega dessa brincadeira, vou te falar aonde eu estou sim, mas tu não vai fazer nada contra o Rafa, se me prometer isso, juro que faço tudo o que você quiser.

– Tudo mesmo? -Diz irônico- então fala logo.

E fim revelo o que ele tanto queria.

O Felipe ao meu lado, bateu o pé no chão, dizendo que não iria sair dali. Mesmo eu mandando, novamente, ele ir embora.

Mas ele ficaria ali comigo até o fim. E isso era o que eu temia.

Fiquei com ele sentado na beira da calçada, tudo o que podiamos fazer agora era esperar.

Ali olhando para o mar parecia que o mesmo falava comigo, parecia que alguém lá no fundo me acorajava. Me fazia acreditar em algo que pudesse me dar esperança.

Bem, essa esperança só durou até o momento em que um carro enorme prateado com o motor potente fez barulho. Parando na rua perto de nós.

– É chegou a hora.–Parecia ate que eu iria para uma guerra.

– Guilherme? – Pergunta felipe com a voz trêmula.

– É ele. – Eu digo com a voz fixa e pousada no carro.

O carro era facilmente reconhecível. Seus faróis acesos e pareciam que nos encaravam naquela noite escura e densa.

Senti meu estômago se revirar.

Mas mesmo assim imaginei minha mente flutuou.

Levantamos,e parei na frente do Felipe como se fosse possível eu proteger ele.

Logo em seguida a porta do carro se abre e o primeiro pé sai de lá , e logo após a montanha que era aquele ser. As luzes de rua batiam em seu rosto,e seus olhos negros pairavam sobre mim como um predador vendo a caça.

Deus!

Ele tava tão lindo, eu diria até majestoso, sem camisa, andando como um rei, potente e viril.

O pavor e o medo caiam em segundo plano, e minha mente se perdia entre a coleção de músculos e a pele marrom daquela criatura.

Ele por um instante deixa de olhar para mim e ergue o rosto aprofundando a vista, para Felipe atrás de mim, e assim que o fez começou a andar , e quando me dou conta, seu peitoral está de frente ao meu rosto.

– Entra no carro! –Foi a única coisa que ele disse, com a voz mais grossa do que eu recordava.

– Solta o Rafael, primeiro – Eu digo encarando ele, vendo até aonde poderia ir.

– Quando você vier comigo eu solto.

– Então eu não vou.

Ele revira os olhos e agarra meu braço com força. O que fez Felipe pular de susto e tentar tirar a mão dele do meu braço.

Júnior ainda agarrando meu braço, pega Felipe pela nuca e mete uma joelhada no meio da cara dele, sem fazer o menor esforço.

– Felipe! –Me alerto, olhando ele com o nariz sagrando, devia ter quebrado.

Júnior, sem me deixar ajuda-lo me arrasta, sem dó, abrindo a porta do carro, e me jogando lá dentro.

– O que você vai fazer? –Júnior voltava até onde o Felipe estava– Júnior pelo amor de deus. Não!

Só via suas costas fortes,enquanto ia até o menor,que sangrava.

Me desesperei, olhei para minha volta e não vi o Rafa ali dentro, não vi ninguém, onde ele estava? Será que? Não!

Saio do carro, e fui correndo até Júnior que já levantava Felipe pela camisa. Pude ver o rosto de Felipe banhado com sangue.

– Sai daqui porra! Vou matar esse trouxa –Júnior falava com muita força na voz e com muito ódio olhando para Felipe.

– Por favor, Júnior não, eu vou contigo,deixa ele.

– Não quero saber! Quer tomar o que é meu? Mandar vara no cu que me pertence é? -Dizia com ódio para o Felipe.

– PARA! – Eu dou um grito que fez ele soltar Felipe

– Por favor, para.

Ele joga o Felipe no chão com força. E me olha, e sem uma palavra.

Me pega no ombro brutalmente, e me leva para o carro como se fosse um monte de batata dentro de um saco e me coloca de volta dentro do banco traseiro.  Dá a volta no carro e parando no banco do motorista, abrindo a porta e entrando.

– Aonde você vai me levar….

– CALA A BOCA PORRA! – Ele grita comigo, o que faz eu me encolher no banco– SENTA ESSE RABO AÍ! TU NUNCA MAIS VAI SAIR DA MINHA VISTA ENTENDEU, SEU MERDA!

Sua fúria era tangível, mas outras coisas também eram notáveis: as lágrimas em seus olhos.

Aquilo me surpreendeu!

Ele rápido ligou o carra e arrancou, muito veloz, cantando pneus. Deixando o Felipe ali estirado na calçada.

– Só me diz para onde você vai me fazer comigo,e cadê o rafa? Me diz,por favor.

Eu falo chorando também.

Mesmo assim Júnior não me olhava mais. O meu sistema nervoso sem saber o que fazer, estava entrando em colapso.

Ele não me olhava…

Ele não falava nada…

Ele só dirigia alucinadamente…

E agora o que será que o Júnior vai fazer comigo? para onde ele vai me levar?

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6 Comentários

  1. AAAi como eu adooooroooooo essa história!!!Cada vez me surpreendo,e espero ansioso para os próximos capítulos!!!
    AAAAA,muuuitoo obrigado por atualizar e continuar a escrever….Sou muito grato a você,a cada conto que leio é uma nova aventura,esperança,felicidade,mesmo eles sendo veridicos ou ficticios,não importa.Me sinto bem melhor lendo eles,sabendo que gays podem sim amar,viver uma história de amor incrível,cômica ou até perigosa como acontece nessa história.
    Ler os contos(esse conto <3),me faz muito bem,me sinto melhor,animado,desintediado.Eles parecem dar asas a imaginação!!!
    Obrigadoo mesmo!!!Desejo muito sucesso a você,em todos os sentidos,profissional,amoroso,afetivo,enfim hehe!!
    Esperoooo ansiosamente pelos novos capítulooos!!! <3 <3 :*

  2. Bem, essa esperança só durou até o momento em que um carro enorme prateado com o motor potente fez barulho. Parando na rua perto de nós.

    GENTE me mata logo, tô sonhando junto com o conto, amei essa parte em diante.
    Nossa é muito mais que paixão envolvida, é amor verdadeiro misturado com ciúmes.

    #quevenhaoproximocapitulo❤

  3. Esse conto está maravilho, cada capítulo deixa agente mais curioso para saber como o gui vai se livrar do júnior, estou com muita pena dele

    1. Pensei que fosse o único que quisesse que ele largue logo o Júnior e o Júnior saia de vez da vida dele e de chances ao Felipe.

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