Conto Gay – Não sou gay!! – Capítulo 3 – Viagem
Primeira Terça-Feira do mês. Hoje é dia de feira, e tem uma barraca de pastéis na frente da escola. Quando sai, encontrei Rafael e Felipe, almoçando pastel.
Rafael: Eai Miguel. Senta, come um!
Eu: Ah.. Sim. Quanto custa?
Felipe: 3,50.
Comprei um pastel de queijo, é o único que eu gosto.
Eu: Vocês comem pastel toda Terça?
Felipe: O Rafael veio só hoje, mas eu como toda Terça.
Eu: Vou ver se consigo almoçar pastel também.
Felipe: Ah, agora não vou almoçar sozinho!!
Acabei meu almoço. Vou para casa a pé e Felipe também. Felipe fica a uma rua abaixo da minha casa, então fomos andando juntos. Ele me deixou em minha casa, e logo depois foi para a própria.
Quatro meses se passaram. 18/05. Já tinha intimidade com boa parte da classe. Como sempre, cheguei cedo na escola e me sentei ao lado de Felipe. Rafael se sentou logo a frente.
Eu: Felipe, esqueci de te dizer. Dia 20/05 eu vou viajar e só volto no final do mês.
Felipe: Por que?
Eu: Minha mãe faz aniversário e quer comemorar em outro país. Vou para Nova York!!
Felipe: Uau. Fico feliz por você. Rafael, pode se sentar comigo na próxima semana?
Rafael: Oi?
Felipe: O Miguel vai viajar. Posso ficar de dupla com você na próxima semana?
Rafael: Ah sim, claro!
Era uma Terça-Feira. Como de rotina, comi meu pastel com Felipe, e ele me acompanhou até em casa. Quando chegamos, Felipe me disse que sentirá falta, mesmo sendo uma semana. Ele me abraçou, disse que eu era seu melhor amigo. Fiquei sem graça, disse o mesmo e entrei em casa. Deitei na minha cama, braços estirados, olhando para o teto. “Por que aquele abraço me deu um sentimento tão bom?” pensava eu.
No dia da viagem, liguei para Felipe, só para avisar. Fui ao aeroporto com minha mãe. Meu pai é falecido. Estava morrendo de sono e ainda eram 23:30. O embarque demorou, tive de esperar muito. Entrei no avião e dormi.
Quando acordei, era cedo, já tinha chegado na cidade. Saímos do aeroporto e fomos de táxi até o Hotel. Organizamos as malas e roupas. Minha mãe já estava querendo passear, gastar, e eu também. Os dias foram se passando, eu e minha mãe aproveitando muito. Mas algo estava errado. Algo não me deixava sorrir 100%. Sentia falta de algo. Passando por algumas lojas na Times Square, vi um chaveiro de rosto feliz amarelo. Comprei.
Os dias se passaram, já estava na hora de retornar ao Brasil. No avião, eu já me sentia quase chorando. Algo realmente estava faltando, e me causava tristeza. Peguei minha mochila, a mesma que uso para ir à escola. Procuro meu bloco desenhos e vi um papelzinho no fundo da mochila. Parecia um bilhete. Estava escrito isso: ” Espero que se divirta 🙂 – Felipe “. Será que eu sentia falta… Dele?
01/06. Cheguei no pátio. Felipe estava lá, olhando para o nada. Decidi não puxar assunto. Sentei, fiquei esperando dar o horário para subir.
Felipe veio do meu lado, sentou.
Felipe: E aí, como foi lá?
Eu: Ah, da hora!
Felipe: Comprou muita coisa?
Eu: Comprei um iPad.
Felipe: Caraca. Você trouxe?
Eu: Não. Não é permitido em classe então eu não quis trazer.
Felipe: Verdade… Comprou algo para os amigos?
Logo entendi que aquilo era uma indireta, para ganhar presente. Isso me fez lembrar novamente o Tonny falando sobre falsidade na turma da manhã.
Eu: Não.
Felipe: Nem para mim??
Ele fez uma cara de desânimo. Aí lembrei do chaveiro, com sorriso feliz que eu tinha comprado.
Eu: Ah sim, eu comprei sim!
Peguei o chaveiro, dentro da mochila.
Eu: Aqui. Gostou?
Felipe: Claro. Presente nunca se recusa não é? Obrigado.
Eu: De nada… Vi seu bilhete.
Felipe: Putz, eu até me esqueci. Tinha colocado no último dia que você veio.
Eu: Valeu… Que horas são?
Felipe: 7:00. Vamos subir?
Eu: Vamos.