Contos de Garotos – Capítulo 10 – O Diretor
Contos de Garotos
Capítulo
X
O Diretor
Os dois foram caindo no gramado, ficando ajoelhados no chão abraçados. A cabeça de Kim caiu no ombro de Hanz e ele começou a chorar, soluçando, deixando seu corpo tremer.
– “Kim… está chorando?” – indagou em pensamento, assustando-se com o corpo que tremia.
Eles ficaram um longo tempo até que Kim parasse de chorar. Hanz acariciava seus fios castanhos avermelhados, deixando seus dedos enroscarem nos fios numa doce brincadeira.
O casal estava muito bem naquele lugar, mas não puderam usufruir aquele momento como queriam. Uma voz grossa e alta chama a atenção do casal, Kim ergueu seus olhos que já estavam secos, encarando o homem que estava em pé ao lado.
– Eu quero falar com o você Maccario – disse.
– Diretor? – Hanz indagou, olhando para o homem ao seu lado, não acreditando na sua presença. Maximiliano nunca aparecia no colégio, Hanz o havia visto uma única vez, e isso foi quando fez sua matrícula no colégio.
O diretor não fugia a regra daquela escola. Ele tinha trinta anos, era muito bonito e com uma boa aparência. Seus cabelos eram ondulados e castanhos escuros, seus olhos eram num tom cinza claro. Ele era alto e forte, seu olhar era sério e severo.
Kim ergueu-se, saindo dos braços de Hanz, que se levantou também.
– Acompanhe-me até minha sala – pediu – e você Golden, vá para seu dormitório.
– Sim, senhor – Hanz disse com uma voz fraca.
– Eu já volto – Kim disse, afastando-se, seguindo o diretor.
– “O rosto de Kim… ele está estranho” – Hanz pensando, vendo Kim se afastar com o mais velho.
OoO
Num prédio mais afastado do colégio com uma arquitetura menor e mais humilde. Era o lugar onde o diretor Maximiliano repousava quando estava no colégio. Havia seu escritório no primeiro andar e no segundo andar havia um quarto ricamente decorado com uma bela suíte.
Quando eles entraram no prédio, Maximiliano fechou a porta e caminhou até Kim, abraçando-o por trás, beijando sua nuca.
– Faz tempo que eu não te possuo – disse baixinho – ficou com saudade?
– Não – disse secamente.
– E quem era aquele garoto com você? – indagou, caminhando com Kim até a parede, virando-o para olhá-lo nos olhos.
– Um aluno.
– Você está judiando dos calouros novamente? Como você é malvado – sussurrou – mas eu judio de você por eles. E eu sei que você tem uma boa relação com o golden.
Kim arregalou seus olhos, fazendo Maximiliano abrir um largo sorriso.
– Não gostaria de convidá-lo para nossa festinha também?
– Não encoste nele – vociferou.
– Hum… parece que você está gostando do rapaz. Pela primeira vez está se importando com alguém. Que lindo, meu aluninho favorito está apaixonado – disse, abraçando Kim – Depois eu te dou uns conselhos, já que sou mais experiente no assunto!
Kim o empurrou para trás, mas Maximiliano nem se moveu, continuando a beijar sua pele. Uma mão se fechou nos cabelos castanhos de Maximiliano puxando-o para trás, mas nada disso fez ele parar ou se mover.
– Por que está tão inquieto hoje, Maccario?
– Eu não quero mais. Não te agüento mais. Deixe-me em paz!
– Você não pode escolher. Lembre-se, você só está livre por minha causa, Maccario. Você matou aquele homem e eu tenho como provar.
– Maldito. Deixe-me em paz – gritou, fechando os olhos com força, lembrando-se daquele dia fatídico de sua vida.
– Não, não vou deixar. E você repetiu o ano ainda, que pena! Agora era para estar terminando o quarto ano – riu alto.
– Você me repetiu o ano alterando minhas notas! – gritou, com toda sua fúria.
– Ninguém pode provar – disse.
Maximiliano voltou sua atenção ao pescoço de Kim, e após deixar aquela região bem molhada e vermelha, ele se afasta e olha nos azuis cobalto de seu aluno, vendo como eram belos e puros, e como estavam irados. Ele agarrou a sua mão e começou a puxá-lo para o quarto.
Kim ficava resistindo, mas sabia que tinha que obedecer ou seu segredo seria revelado. Quando chegaram no quarto, Kim foi jogado na cama soltando um gemido baixo.
Kim pensava em como não deixar que aquele monstro o violentasse de novo, mas não tinha saída. Ele tinha um grande trunfo contra ele, se não fosse por isso, teria mandado Maximiliano para o inferno.
A última peça de roupa foi jogada no chão. Maximiliano foi andando até a cama, subiu nela indo de encontro a Kim, que fechou os olhos com força, quando sentiu aquela mão pesada no seu rosto. Aos poucos as roupas de Kim foram sendo retiradas de seu corpo e jogadas no chão, ficando apenas com sua cueca.
Uma mão foi levada até a nuca de Kim, que foi imediatamente puxada na direção dos lábios sedentos de Maximiliano, que devorou sua boca num beijo. Kim abriu mais a boca buscando um pouco de ar. Aquele beijo era esmagador, sentia os seus lábios serem pressionados contra seus dentes machucando-os. Aquela língua invadia sua boca com força e velocidade como se quisesse arrancar algo dele.
A mão direita de Maximiliano desceu por seu corpo indo até sua cueca a arrancando de vez do seu corpo. Ele olhou para baixo vendo aquele membro adormecido, então agarrou e começou a estimulá-lo, fazendo Kim enfiar as unhas nos seus braços.
– Hum! Você vai gostar meu querido.
– Doente, louco, maldito!
– Assassino – sussurrou nos ouvidos de Kim.
Maximiliano sorriu. Quanto mais Kim xingava e se debatia mais seu prazer aumentava. Adorava subjugar os mais fracos. Kim era um coitado aos seus olhos, no entanto, um coitado muito sedutor e adorava tomá-lo quando estava no colégio.
E deixando o membro de Kim de lado, Maximiliano subiu seu tronco indo até seus lábios calando-o com outro beijo de tirar o fôlego, que acabou cortando a parte interna do seu lábio inferior, já que foi pressionada com muita força na direção dos seus caninos.
A mão de Maximiliano deslizou por seu corpo, apertando-o, arranhando-o, beliscando-o, relembrando as suas curvas, passeando por eles sem pressa alguma, sentindo o calor da sua pele, enquanto deixava um rastro de destruição. Suas unhas contavam superficialmente sua pele, que ficou com marcas de sangue pisado, e depois ele a beliscou fazendo o corte se abrir mais e por último apertava, fazendo o sangue sair.
Maximiliano o puxou pelos cabelos fazendo-o ficar ajoelhando na cama, então ele senta no colchão com as pernas abertas apontando para o seu membro, que já estava acordado, com algumas veias saltando. O veterano faz um não com a cabeça, então Maximiliano lhe vira um tapa na face.
– Anda! – disse, impaciente.
– Não.
– Idiota! – disse, desferindo outro tapa – Não sabia que gostava de apanhar.
– “Até quando vou ter que suportar esse monstro?” – pensou.
Kim deixou uma lágrima escorrer por sua face, sem se importar com seu sofrimento, Maximiliano puxou sua cabeça para baixo, na direção do seu membro.
– Se me machucar, eu não vou mais ser tão caridoso e vou colocar você atrás das grades, Maccario.
– Eu não sou culpado – disse baixinho – eu não sou, foi defesa própria. Você sabe.
– Foi o filho de um nobre. Ninguém vai te dar atenção e você o matou – murmurou – Agora me chupe logo.
Kim foi colocando aquele membro na sua boca aos poucos, começando a chupá-lo como o dono queria. No começo foi lento, mas aos poucos o ritmo foi aumentando. Os cabelos de Kim eram puxados para frente e para trás, e seu rosto era forçado contra seu baixo ventre quase o sufocando.
Maximiliano olhava para baixo com os olhos semi cerrados vendo como seu membro sumia e aparecia dentro daquela boca tão macia. Aquela visão o deixava cada vez mais excitado. Sentia a sua força diminuir ao longo do tempo, e seu corpo tremia levemente a cada chupada que recebia. Vendo que iria gozar logo, afastou Kim o jogando para trás novamente. Então o virou de barriga para baixo segurando suas duas mãos no alto da sua cabeça.
Kim ouviu os seus lençóis serem rasgados, antes mesmo de pensar no motivo sentiu seus braços serem amarrado pela tira branca. Quando foram presos tentou se soltar, mas não conseguiu.
Maximiliano ficou olhando para o seu corpo tentando acalmar um pouco sua respiração. Ele se inclinou para baixo e começou a lamber as suas costas enquanto a sua outra mão descia por seus braços os arranhando com força, fazendo-o gritar.
Os olhos de Maximiliano pararam de repente ao ver uma escova de cabelo em cima da cômoda que ficava ao lado da cama. Então uma idéia passou pela sua cabeça. Ele se levantou da cama e o pegou analisando seu cabo grosso e redondo de madeira que media uns 20 centímetros. Kim arregalou os olhos só de imaginar o que ele faria com aquele objeto.
Voltando para cama, Maximiliano continuou a lamber o seu dorso sentindo o gosto salgado do seu suor. Sua língua foi descendo até suas nádegas, quando chegou nelas começou a mordê-las com força, deixando marcas de dentes e ao mesmo tempo ouvia os gemidos contidos de Kim. Sua língua começou a deslizar no meio das suas nádegas molhando aquele local tão escondido. Maximiliano se afastou e puxou a cintura de Kim para cima fazendo-o ficar de quatro, apoiado pelos cotovelos.
– Eu não quero que você segure seus gemidos, Kim. Eu já te pedi isso, eu quero que você grite, implore. Não me irrite, você sabe o que acontece quando eu fico bravo! – riu baixinho.
Ele abriu mais as pernas do aluno e ficou olhando para o meio das suas nádegas com um sorriso sádico no rosto. Então ele introduziu um dedo no seu interior fazendo gemer, incomodado. Ficou mexendo o dedo em movimentos circulares até que o retirou e colocou mais um dedo. Quando os retirou ouviu um suspiro aliviado de Kim.
Pegou o cabo da escova que tinha nas mãos e começou e pressionar contra seu ânus, fazendo Kim gritar, ao sentir aquele objeto grosso e duro lhe invadir. Maximiliano empurrava de uma vez sem parar, fazendo Kim ficar tenso e dificultar ainda mais a penetração. Quando colocou o cabo pela metade, deslizou a mão pelo seu dorso, sentindo as gotículas de suor que saiam por seus poros.
– Shhhh… calma! – sussurrou – já está acabando… – sorriu.
– Ti… tira isso…
– Por que? Não é gostoso? – indagou, empurrando mais o cabo.
– Na… não.
– Prefere o meu pau ao invés disso?
Kim ficou em silêncio. Qual seria a melhor resposta?
– Hein? – insistiu.
Maximiliano sorriu ao não receber sua resposta. Continuou a empurrar o cabo de madeira até chegar nos fios de aço da escova, parando de empurrar o objeto para dentro daquele corpo. No entanto não parou, e começou a puxar e empurrar o cabo várias vezes, fazendo Kim gemer baixinho e apertar suas mãos com força tentando suportar a dor daquela penetração.
A escova foi finalmente retirada e jogada para trás. Maximiliano virou-o de frente olhando para o seu rosto. Ele tocou nos seus olhos, e acariciou sua face. Quando terminou agarrou o sexo de Kim que já estava duro.
– Parece que não foi tão ruim – comentou.
As pernas de Kim foram abertas novamente para que Maximiliano afundasse sua cabeça ali, para poder saborear o seu membro, que deixava escapar algumas gotas de sêmen. Não demorou muito para colocar tudo na sua boca, ouvindo um gemido tímido de Kim. Maximiliano começou a chupá-lo com força, fechando bem a boca para que lhe desse mais prazer.
O diretor segurava a sua base daquele membro com as mãos, mantendo-o no lugar, ora chupava só sua cabeça, ora o massageava com as mãos e voltava a chupá-lo, ora lambia seu saco dando leves chupadas. Ficou nesse ritmo até que Kim gozasse na sua boca.
Maximiliano se levantou limpando sua boca com a língua, sentindo aquele gosto tão típico que ele tanto apreciava. Ele passou a mão por seu próprio corpo deslizando por seu peito dando uma leve apertada no seu mamilo soltando um gemido de leve, para depois descer até seu membro dando duas estocadas fortes, fechando os olhos e os abrindo rapidamente. Ele olhou para o seu alvo e depois para os olhos de Kim, que se fecharam imediatamente.
Seu membro foi pressionado no meio das nádegas de Kim pedindo passagem, sendo nada delicado. Começou a empurrar até que entrou com a glande, ele olhou para Kim que abriu a boca num grito mudo. E continuou a se enterrar dentro daquele corpo tão quente e fechado vencendo a resistência daquele anel, que aos poucos o abraçava o aconchegando. Quando entrou por inteiro, parou um pouco para acalmar sua respiração.
– Está gostando? – indagou – diga! – empurrou-se mais para dentro, fazendo gemer alto.
– Estou… – murmurou o que Maximiliano o havia treinado para responder após lhe tomar tantas vezes.
– Ahhh… Você é tão inteligente! – disse sorridente.
Um vai-e-vem foi iniciado por Maximiliano. Ele saia lentamente e depois entrava com força e velocidade dando fortes trancos no mais novo que gemia cada vez mais alto.
Kim estava desesperado por ficar com as mãos presas para o alto e nem podia mexer suas pernas, pois Maximiliano segurava suas duas coxas com as mãos. Estava imóvel perante aquela besta doentia.
Eles ficaram se movendo em uníssono por um tempo, até Maximiliano gozar no seu interior gritando bem alto e erguendo o seu corpo para cima, para depois cair com tudo em cima de Maccario, fazendo os dois desabarem na cama.
– Estava sentindo falta de você, Maccario – revelou – e eu vou ter uma conversinha com seu amiguinho depois.
– Não! – gritou desesperado.
– Por que não? Vai ser divertido…
– Por que quer infernizar a vida dele também?
– Para que você deixe de ser tão rebelde – disse, alisando os cabelos de Kim.
– Eu te obedeço! – disse indignado.
– Mas está rebelde agora! Está me tratando friamente – disse – você poderia me beijar sem eu te pedir.
Nesse instante Kim puxou a cabeça de Maximiliano na sua direção, começando a beijar seus lábios com certo desespero. Maximiliano se afastou, rindo baixinho, voltando a acariciar a face de Maccario.
– Também não precisa ser tão falso – disse, rindo alto – Eu não vou mexer com seu garotinho se você for um bom garoto para mim.
– Deixe-o em paz, por favor, ele não tem nada haver com isso – disse.
– Esse mundo é tão cruel Maccario, meu querido. Muitos inocentes morrem e são presos todos os dias por envolverem-se indiretamente as coisas. Estar na hora errada e no lugar errado pode ser fatal – disse pausadamente – seu garotinho está se envolvendo com a pessoa errada. Ele não é culpado, mas também não é inocente.
– Não me venha com essa filosofia barata, Maximiliano.
– Maccario, não fique bravo. Veja você. Um garoto que estava no lugar errado e na hora errada. As coisas acontecem com mais freqüência que parece. Muitas pessoas são presas e mortas todos os dias sem terem culpa – disse.
– Mas você sabe… ele não tem culpa nenhuma – disse.
– Eu não estou me referindo a Hanz Golden – disse, passando seu polegar pelos lábios de Kim – eu estou me referindo a você, Maccario. E de como você está fazendo seu amigo se envolver em seu mundo sujo e manchado de sangue.
– Ele não está em nada sujo! Eu o conheci aqui… ele não me conheceu há dois anos! – disse, sentindo seu corpo começar a queimar por dentro.
– Mas se envolver na vida de um assassino é muito perigoso. Ou não me diga… que ele não sabe? – indagou, rindo baixinho, vendo o desespero instalar-se nos olhos de Kim.
– Ele não sabe. Só você sabe – disse – e ele vai continuar sem saber.
– Será que ele te julgaria, Maccario? Eu não te julgo… eu te amo do mesmo jeito. Será que ele te julgaria?
– Você é doente!
– Não seja agressivo comigo – disse, dando um tapa de leve na face de Kim – eu só estou indagando sobre a reação do seu amiguinho. Eu não estou dizendo que irei… contar para ele.
– Não faça isso! – pediu.
– Eu não irei… ou irei? – riu alto – não se preocupe. Eu gosto de ficar provocando você, Maccario. Mas pode voltar para sua vida escolar!
– Não precisa mais de mim? – indagou com desconfiança.
– Não, pode ir – disse – e o campeonato começa em agosto. Eu quero que você traga medalhas para o colégio.
– Eu irei – disse.
Kim levantou-se e começou a vestir suas roupas. Ele saiu rapidamente do quarto, fechando a porta. Finalmente estava livre daquela besta selvagem.
– “Por que eu tenho que passar por isso? Eu não tenho culpa” – pensou – “Eu não tenho culpa… Hanz, eu não tenho culpa!”.
OoO
No dormitório de Hanz. O moreno estava vomitando o que havia bebido. Ele puxou a descarga quando terminou e começou a retirar suas roupas, adentrando no Box e ligando o chuveiro, deixando a água morna cair por seu corpo.
– “O que foi aquele sentimento de agora? Eu não entendo… eu sinto raiva de mim mesmo por ter perdoado o que Kim fez comigo. Eu estou aceitando que ele tenha me agredido” – pensava – “e… aquele olhar… quando o diretor veio. Kim me disse que ele o cobra por causa do campeonato… mas buscar ele no campo àquela hora…”.
Hanz fechou a torneira, e ficou olhando para água descer para o ralo, observando seu curso com atenção. Seus pensamentos divagavam silenciosamente.
“O diretor é um depravado, você deveria conhecê-lo, ou melhor, acho que não deveria”.
As palavras de Kim sobre o diretor no primeiro dia que conheceram retornaram a cabeça de Hanz. O moreno passou a mão por seu corpo e pegou a toalha, começando a se secar.
– “Será que o diretor… e o Kim? Não… isso seria repugnante. Um diretor não desceria a tanto. Ou desceria?”.
Hanz vestiu um short azul claro de algodão e uma regata do mesmo tecido. Ele penteou seus cabelos com os dedos e saiu do quarto, encontrando Corei deitado na sua cama, roncando baixinho.
A porta do quarto abriu lentamente, Hanz estava pronto para deitar, mas parou, olhando para o homem que adentrou. Era Kim, que ainda tinha o péssimo hábito de entrar no quarto dos outros sem bater na porta.
– Você é um cachorro difícil de se domesticar.
– Hanz, vamos fugir.
– O que? – indagou perplexo.
– Vamos. Faça suas malas, vamos sair daqui – disse.
– Você ficou louco, Kim? Acho que bebeu demais – disse.
– Não. Aqui não é seguro – disse, aproximando-se de Hanz.
– Você está louco, Kim. Vá para seu quarto – disse, caminhando para trás, batendo suas costas na janela, era o fim da linha.
– Hanz, venha comigo. Eu não quero que você continue nesse colégio doentio – disse, estendendo sua mão e agarrando o pulso de Hanz.
Nesse instante Corei sentou-se na cama, bocejando. Ele olhou para Kim e Hanz que o encaravam em silêncio.
– Vocês não dão um tempo! – reclamou – eu quero dormir. Conversem lá fora, por favor – disse, com uma voz bêbada. Obviamente o loirinho tinha que estar muito bêbado para falar assim com Kim.
Kim não esperou Hanz reagir, ele começou a puxar o mais novo para o banheiro, fechando a porta. Corei olhou para o casal e depois balançou a cabeça negativamente.
– Esses dois… até no banheiro? Não conseguem ficar um dia sem se amassarem. Que terrível! – falou consigo mesmo, voltando a deitar – isso já é doença.
No banheiro, Hanz estava tentando se soltar, enquanto Kim falava repetidamente que eles deveriam sair daquele colégio e se mudarem para um lugar distante.
– Kim, você fez algo para querer fugir? – indagou.
– Não – mentiu – mas eu sei que aquele louco irá te fazer mal.
– Que louco? – indagou.
– Não interessa agora. Apenas vamos sair logo – disse.
Hanz conseguiu se desvencilhar de Kim e se afastar dele, caminhando até a privada, acabando por sentar em cima da tampa do vaso. Kim aproximou-se dele, tocando no seu rosto, olhando-o como se fosse uma jóia delicada e que precisava de proteção.
– Kim… vamos conversar amanhã sobre isso, tudo bem? Eu prometo que vou te dar ouvidos. Agora nós dois estamos bêbados… você está mais que eu pelo visto – disse baixinho, começando a acariciar os braços de Kim para tentar acalmá-lo – vamos dormir. São quase sete horas.
– Mais tarde conversaremos, então – Kim disse, voltando a razão.
– Sim. Agora vá para o seu quarto e descanse – ergueu-se e tocou o rosto de Kim, acariciando-o como se fosse uma criança.
– Não saia do quarto – pediu – espere eu te buscar.
– Por acaso alguém está atrás de mim? – indagou.
– Não – disse.
– Então, não se preocupe.
Hanz começou a sair do banheiro com passos lentos, ele abriu a porta do quarto e olhou para Kim, que vinha na sua direção. O mais velho passou sua mão pela face de Hanz e lhe depositou um beijo rápido nos seus lábios.
– “Kim está louco! Céus… eu só encontro caras problemáticos!” – Hanz pensou, fechando a porta do quarto com a chave, voltando para sua cama.
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As horas passaram-se e a noite começou a chegar. Eram seis horas da tarde e Hanz começou a abrir seus olhos lentamente ao sentir alguém lhe cutucar.
– Acorda, Hanz. Você dormiu demais – Corei disse baixinho.
– Ah… que horas são? – indagou com uma voz sonolenta.
– São seis e meia – disse.
– Nossa! – exclamou, sentando-se na cama – dormi o dia inteiro. Por acaso… Kim veio aqui?
– Sim – disse &ndashndash; ele veio umas sete vezes.
– Sete!?
– Sim. E ele estava mal humorado – disse – Ele está me tratando mal novamente – reclamou.
– Ah… eu vou pedir para ele parar com isso – disse, coçando seus olhos.
– Eu agradeço. Afinal, você consegue domar aquele cachorro…
– Quem é cachorro?
Corei e Hanz olharam para a porta, vendo Kim parado com os braços cruzados e seu inseparável cigarro na boca. Corei estremeceu e fechou sua mão no braço de Hanz.
– Você é o cachorro mal educado que não aprendeu a bater na porta – Hanz disse, soltando um bocejo em seguida.
– Eu… eu… vou deixar vocês a sós – Corei disse, passando por Kim correndo, saindo do quarto.
Hanz sentou-se na cama e passou as mãos por seu rosto, massageando-os. Ele levantou e foi até o banheiro, sendo acompanhado por Kim.
– Ai… minha cabeça dói – reclamou.
A torneira da pia foi aberta e Hanz começou a lavar seu rosto, passando um pouco de água nos seus cabelos. Ele se secou e ficou olhando para Kim que lhe observava em silêncio.
– “Ele está estranho” – pensou, saindo do banheiro e indo até seu armário. Ele pegou uma bermuda jeans preta e uma camiseta da mesma cor. Hanz vestiu-se e depois se sentou na sua cama.
– Eu queria falar sobre ontem – Kim disse baixinho – desculpe-me, eu devo ter te assustado.
– Realmente, você me assustou – admitiu – o que deu em você? Quem estava me perseguindo? Um aluno do quarto ano?
– Ah… isso… isso um idiota. Eu estava preocupado com… sua segurança. Então fiquei… revoltado e queria fugir – mentiu, sem olhar para o rosto de Hanz. Ele não conseguiria mentir tão descaradamente olhando para aqueles azuis piscina tão sinceros.
– E quem é? – indagou com preocupação – e por que está atrás de mim?
– Porque é um idiota. Não ligue, eu já resolvi. Mas Hanz, eu peço uma coisa, não vá ao prédio da secretaria sem me avisar – disse.
– O prédio da secretaria? O que tem lá? Por que eu iria lá? – indagava, começando a ficar curioso.
– Esse garoto… costuma ficar lá. E mesmo que alguém de alta posição lhe chame, antes de ir… ligue para mim, me procure no colégio, deixe recado, mas não vá sozinho – pediu.
– Esse pedido é estranho – disse – por que isso agora?
– Não pode simplesmente me obedecer uma única vez?! – indagou, num grito, batendo sua mão no armário, fazendo o móvel estremecer.
– Si… sim – disse baixinho, temendo aquele olhar furioso. Ele não queria ser agredido novamente – só… não me machuque… de novo – pediu, sentindo medo.
De repente, Kim voltou ao seu estado normal, deparando-se com o olhar assustado de Hanz. Ele havia perdido o controle novamente. Maccario controlou sua respiração e aproximou-se da cama, tocando no rosto de Hanz que estremeceu.
– Eu disse que nunca mais ia te machucar – disse – não se preocupe, Hanz. Vamos comer alguma coisa, você deve estar com fome.
– “De onde surgiu esse Kim gentil? Ele deve ser esquizofrênico!” – pensou, sentindo aquele toque carinhoso.
– Quer que eu compre algo para você ou quer descer? – indagou.
– Ah… bom… se quiser me comprar algo eu fico feliz – disse – não quero sair do quarto. Eu estou com dor e cabeça e meu estômago está embrulhado.
– Tudo bem, eu vou comprar algo para você. E pegar um remédio na enfermaria – disse, inclinando-se e beijando os lábios de Hanz – eu já volto.
– Ta bom…
Kim saiu do quarto e Hanz ficou de boca aberta com aquela mudança de temperamento. Ele não entendeu o pedido de Kim, mas desta vez ia obedecer. Ele não havia ouvido Kim e acabou caindo nas graças do professor Iago, mas desta vez não ia ser tão ingênuo.
– “Kim foi levado pelo diretor ontem… até o prédio da secretaria. E hoje ele me aparece dizendo que um aluno que vive na secretaria me quer fazer mal. Isso é muita coincidência… o que aconteceu ontem? Alguém ameaçou Kim? Mas o diretor Maximiliano estava com ele… Maximiliano… Aquele olhar…” – pensava.
Um tempo depois Kim voltou com um lanche vegetariano e alguns comprimidos para a dor de cabeça. Eles comeram juntos em cima da cama enquanto conversavam sobre um assunto qualquer. No entanto, Hanz percebeu que Kim estava perturbado com alguma coisa, ele parecia estar desconfiado e se olhasse com mais atenção podia ver o medo estampado nas ações de Maccario.
E duas semanas passou-se desde então, com o retorno das aulas e para o terror de Hanz que tinha que se deparar com o professor de química que sempre lhe sorria maliciosamente nas aulas. O campeonato entre colégios ia começar na semana seguinte e Kim havia sumido, ele só vivia dentro da academia e de seu quarto.
Era uma segunda-feira ensolarada, Hanz estava no refeitório almoçando com Hudi. Ambos estavam distraídos, rindo de um aluno que havia irritado o professor de literatura.
– Seu aniversário é amanhã, não é? – hudi indagou – vai querer comemorar?
– Eu… não sei, não pensei nisso ainda – revelou.
– Como não? Ficou pensando no quê então? – indagou, tomando seu refrigerante.
– Eu estava pensando mais em contratar um bom advogado – disse baixinho – eu preciso resolver alguns assuntos.
– No seu aniversário? Não pode ser depois?
– Ah… bom, pode – disse timidamente.
– Então vamos sair para beber. O que você acha? – indagou, dando um cutucão em Hanz.
– Pode ser – respondeu – “Afinal Kim estará fora para o campeonato. No final eu não consigo fazer nada sem ele. Sou um fraco mesmo!”.
Hudi levantou-se chamando a atenção de Hanz.
– Eu vou avisar aos demais! – disse, correndo pelo refeitório.
No meio de tantos garotos e alguns colegas, Hanz começou a sentir-se incrivelmente sozinho. Ele ficou olhando para o guardanapo, começando a fazer alguma dobradura, pensando no rapaz que estava nos seus sonhos.
– “Ele partiu há uma semana… e eu já estou assim. Como sou estranho. Quando eu acabar o terceiro ano aqui, eu já estarei formado. Esse quarto ano é só um complemento estúpido. Eu não vou ficar nesse colégio… e será que você ficará Kim?” – pensava – “No fundo eu sinto que você queria sair daqui, mas você foi tão burro para repetir o ano. Só precisava estudar um pouco mais. Mas se você não repetisse… eu não o teria conhecido”.
As mãos de Hanz começaram a esfregar sua cabeça, tentando retirar Kim da sua cabeça, mas apenas estava fazendo papel de louco para os outros alunos que passaram longe da sua mesa. Hanz levantou-se e começou a se afastar do refeitório, indo até a arquibancada das quadras, sentando-se lá e ficando a observar os outros garotos.
– Vai cabular aula, Hanz?
– Ah, é você kirios – disse, olhando para o loiro que se aproximava – Só estou precisando relaxar.
– Faltam quatro meses para concluir o terceiro ano, não vá amolecer – disse – ou quer repetir o ano como Kim? – indagou, sentando-se ao lado do moreno.
– Kim amoleceu no final do ano? – indagou – por isso repetiu?
– Na verdade, eu não sei o porquê dele ter repetido – revelou – ele tinha boas notas e sempre foi bem nas provas. Ele é muito inteligente apesar de não aparentar.
– Ah… Kim inteligente? – indagou, rindo baixinho ao se lembrar da nota da prova de química do karateca.
– Hum, ele é sim – disse, olhando de canto para Hanz – mas vai saber o que aconteceu! Ele deve ter relaxado…
– E o que você faz aqui, kirios? – indagou.
Kirios estendeu sua mão e apontou para a quadra onde o professor de educação física estava iniciando uma atividade para os alunos do segundo ano. No meio da turma Hanz reconheceu alexis, que estava conversando com Hiko.
– Está vigiando o irmão? – Hanz indagou.
– Não é óbvio? – indagou secamente.
– “Apesar de ter feito amizade com kirios… ele ainda me dá arrepios” – pensou, olhando para o semblante frio e inexpressivo do loiro.
– Aquele garoto não larga o meu irmão. Ele está me irritando.
– Hei, kirios. Por que decidiu fazer o quarto ano? – indagou.
Kirios desviou sua atenção de seu querido irmão por um momento, dando mais atenção para Hanz.
– Não é óbvio? – indagou com o mesmo tom – meu irmão ainda está no segundo colegial. Quando eu soube que meus pais iam colocá-lo aqui, eu já estava no terceiro ano.
– Mas você vai sair agora, não vai? – indagou.
– Sim, infelizmente – disse – mas eu já estou deixando o meu recado para todos.
– Mas não poderá ficar ao seu lado – Hanz disse.
– EU SEI! – gritou, dando um soco na sua perna, olhando com ódio para o chão – eu sei, eu sei, eu sei… todo mundo me diz isso. Todo mundo, eu estou de saco cheio.
– Desculpe – pediu, antes que a criatura do seu lado perdesse o controle.
– Hanz…
– Hum?
– Poderia cuidar do meu irmão? Você e Kim? – indagou, erguendo seu olhar – pedir para Julian é o mesmo que falar com a parede.
Aquele pedido deixou Hanz sem reação, ele não sabia como responder. O olhar de kirios era tão emotivo que não conseguiu falar nada. Ele devia um grande favor a kirios por tê-lo ajudado acalmar Kim naquele dia fatídico.
– Eu não… pretendo fazer o quarto ano – disse – senão eu faria.
– Imaginei que diria isso – murmurou – Kim também me disse a mesma coisa quando eu pedi para ele.
A perna de kirios começou a balançar, ele levantou-se e passou a mão por seus cabelos, balançando sua cabeça de um lado para o outro. E sem dizer nada desceu correndo as arquibancadas e sumiu da vista de Hanz.
– “Ele é… louco. Deveriam interná-lo. Mas eu admiro o fato dele querer proteger seu irmão a todo custo. Isso é muito legal, eu queria… ter tido um irmão” – pensou – “como será que ele me trataria? Ele seria igual ao kirios? Ou então igual a Haziel e Amín que não ligam para Corei?”.
Após ficar vadiando pelo colégio, Hanz começou a caminhar para exercitar suas pernas. Ele parou em frente ao bebedouro e começou a beber água e sem perceber havia alguém ao seu lado, olhando-o de cima.
– Boa tarde.
Hanz quase engasgou quando ouviu aquela voz grossa e forte que soava como um trovão. Ele ergueu-se e deparou com o olhar severo de Maximiliano.
– Está todo molhado, golden – disse, apontando para os lábios de Hanz, que estavam escorrendo algumas gotículas de água.
O estado de choque de Hanz estava divertindo Maximiliano. Os dois ficaram se olhando em silêncio, até Maximiliano pronunciar-se novamente.
– Por que não está na aula?
– Eu… bom… er…
– Está cabulando? Seus tios ficariam tristes em saber que está fazendo isso, golden. Não seja tão irresponsável! Assim suas notas irão cair – disse pausadamente.
– Eu… não estava bem hoje – disse – eu nunca faço isso e…
– Se não se sente bem vá a enfermaria – murmurou – acompanhe-me até minha sala, por favor.
OoO Por Leona-EBM
Continua….