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Contos de Garotos – Capítulo 11 – Aniversário

Contos de Garotos

Capítulo

XI

Aniversário

O estado de choque de Hanz estava divertindo Maximiliano. Os dois ficaram se olhando em silêncio, até Maximiliano pronunciar-se novamente.

– Por que não está na aula?

– Eu… bom… er…

– Está cabulando? Seus tios ficariam tristes em saber que está fazendo isso, Golden. Não seja tão irresponsável! Assim suas notas irão cair – disse pausadamente.

– Eu… não estava bem hoje – disse – eu nunca faço isso e…

– Se não se sente bem vá a enfermaria – murmurou – acompanhe-me até minha sala, por favor.

– “Droga… me ferrei. Por que ele não pega outros garotos… tem vários vadiando por aí. Por que justo eu?” – pensava revoltado.

Maximiliano sorriu de canto e começou a caminhar lentamente em direção ao prédio da secretaria, Hanz andava logo atrás pensando em como seu dia estava sendo péssimo. Quando adentraram no prédio, Maximiliano caminhou até o escritório, sentando-se à sua mesa.

– Sente-se, por favor – pediu, apontando para a cadeira à frente da mesa, onde Hanz sentou-se em silêncio.

– Vai me passar uma advertência? – Hanz indagou.

– Não. Eu apenas queria conversar com você. Afinal você ainda é novo no colégio e eu queria saber o que está achando – disse.

– Eu… acho que deveria ter algumas regras nesse colégio – disse.

– Quanto ao quê? – indagou, fingindo surpresa.

– Quanto ao comportamento dos alunos. Você sabe o que acontece aqui por acaso?

– Não. O que acontece? – indagou cinicamente.

– “Ele só pode estar brincando!” – pensou indignando-se com a calma do homem a sua frente – os garotos abusam dos outros, agridem, violentam, ameaçam.

– Oh! Que terrível. E você tem provas? – indagou.

Hanz travou, ele abriu a boca para responder, mas não conseguiu. Ele não tinha provas concretas sobre o assunto, mas era só pegar alguns alunos do primeiro ano e tirar suas roupas para ver a agressão que sofriam.

– Não tem provas? Acho que garotos sempre brigam. É difícil manter um colégio interno para garotos, se fossem meninas, seria mais civilizado. Mas essas coisas horríveis que você comentou não podem ser reais. Não é, meu querido Golden?

– “Esse homem… me irrita” – pensou, franzindo seu cenho.

– Ah, que olhar irritado. Eu não estou duvidando de você, Golden. Apenas preciso de provas – disse, passando sua mão por seus cabelos, jogando-os para trás.

– Provas? Quer provas? Apenas pegue um garoto do primeiro ou segundo ano – disse.

– Algo já aconteceu a você aqui? – indagou provocante.

E mais uma vez Hanz travou, ele não queria falar sobre suas experiências naquele colégio. Maximiliano ficou curioso, ele ergueu suas sobrancelhas esperando alguma resposta, mas Hanz ficou em silêncio, olhando para a mesa a sua frente.

O telefone tocou de repente, retirando Hanz de seu estado mental. Maximiliano pegou seu celular e atendeu, ouvindo a voz de um professor que estava fora com os garotos para o campeonato.

– Ah, os garotos estão com você professor Helio? – indagou.

– Sim, diretor. Quer falar com algum deles?

– Sim, por favor, chame Maccario.

Hanz ouviu com atenção a conversa, prestando mais atenção quando ouviu o nome de Kim. Um tempo passou e Maximiliano voltou a falar.

– Maccario, como está indo o campeonato?

– O campeonato de karate já passou, você sabe disso – disse com raiva. Afinal Maximiliano já havia ligado para ele três vezes na semana.

– E você trouxe ouro novamente. Eu fico feliz por isso. Mas você ainda está no campeonato de natação, tente trazer alguma medalha também – disse.

– Eu vou tentar. Não é minha área. Agora eu preciso ir e…

– Eu estou com um colega seu no meu escritório. Eu estou aplicando uma advertência nele – disse, olhando para a face assustada de Hanz.

– O… O que? Não me diga que você… você fez alguma coisa com ele? responda! – gritou.

– Ah, quer falar com ele? – indagou.

– Sim, sim. Passe para ele – pediu desesperado.

– Onde está sua gentileza, Maccario?

– Por… favor – pediu.

Maximiliano sorriu e entregou o aparelho para Hanz, que o pegou sem entender aquela situação.

– Alô?

– Hanz! O que você está fazendo aí? Eu disse para você não ir aí!

– Eu estava cabulando aula – respondeu – o diretor pediu para eu vim aqui. Qual o problema? – indagou sem entender o desespero de seu companheiro.

– Saia daí – gritou.

– Sair? Como assim sair? Está louco, Kim?

– Saia daí e fica num lugar que todos possam de ver. Não fica com esse crápula e…

A ligação foi interrompida, Maximiliano puxou o aparelho de volta, voltando a falar com Kim.

– Maccario. Eu preciso voltar ao serviço, dê o seu melhor pelo Saint Rosre. Nós nos vemos daqui uma semana – disse.

– Maximiliano seu maldito eu vou…

Maximiliano fechou o aparelho encerrando a ligação, ele voltou a olhar para Hanz que estava perturbado com aquela ação.

– Maccario é rebelde. Ele sempre fala mal de mim por pegar no pé dele, mas isso é para o bem dele. Afinal, se ele tivesse sido um bom aluno desde o começo eu não teria que pegar no seu pé – disse – você me entende, não é?

– Ah… sim – disse um pouco atordoado.

Maximiliano mexeu no seu computador, digitando algumas coisas, buscando a ficha de Hanz, começando a lê-la com atenção, abrindo um largo sorriso em seguida ao ver que o seu aniversário seria no dia seguinte.

– Você faz dezoito anos amanhã? – indagou.

– Sim – disse.

– Hum… que interessante. E responda-me, Golden. Por acaso pretende ficar no colégio até o quarto ano?

– “Eu vou responder que sim para ele não pegar no meu pé” – pensou – sim.

– Mesmo? Então gostou daqui – comentou.

– Sim, eu achei um bom ensino – disse, tossindo em seguida.

– Eu fico feliz. E suas notas são ótimas, eu acho que você poderia participar do campeonato de matemática – comentou – o professor Iago falou muito bem de você para mim.

– Iago!? – indagou quase num grito.

– Iago, o professor de química – disse – por que a surpresa?

– Não… nada – disse, acalmando-se – “Eu quero sair daqui. Por que ele não me libera logo?”.

Maximiliano soltou um longo suspiro e olhou para Hanz, que estava apreensivo.

– Pode ir, Golden. Mas procure se concentrar nos seus estudos – pediu.

– Sim – disse, levantando-se e caminhando para fora da sala, sem perceber o olhar devorador do diretor. Hanz saiu rapidamente daquele prédio, andando com passos rápidos.

Maximiliano o observava da janela com um sorriso divertido no rosto. Finalmente achou alguém que poderia lhe divertir sem ser Kim, e o melhor, além de poder se divertir com Hanz, ele poderia provocar Maccario. No entanto, Maximiliano não apreciou Hanz por muito tempo, logo seu telefone voltou a tocar, chamando-o para o trabalho.

No jardim, Hanz caminhava com o coração na mão. Ele estava suando frio. Ele não sabia o que Maximiliano tinha, mas não gostava dele, do jeito que ele falava e olhava. Alguma coisa nele irritava.

O celular de Hanz começou a tocar de repente. Ele puxou sua mochila para trás e pegou o aparelho.

– Alô?

– Hanz! Você está bem? – indagou com desespero.

– Ah, Kim. Eu estou. O que houve com você?

– Eu… nada… Maximiliano brigou com você?

– Ele pediu para eu não cabular mais a aula – disse – e como está o campeonato?

– Eu já venci o de karate. Mas Hanz, não volte lá sozinho.

– Qual o problema? Você acha que Maximiliano vai me morder? – indagou, rindo baixinho.

A ligação ficou muda de repente, Kim não sabia o que falar e Hanz esperava alguma resposta.

– Eu tenho que desligar – disse – e ande mais com o Kirios.

– Kirios? Por quê?

– Porque sim, droga. Eu vou desligar agora – disse.

– Tudo bem. Boa sorte!

A ligação foi encerrada, Hanz respirou fundo e começou a caminhar para o dormitório do terceiro ano. Ele não podia entrar no meio da aula de matemática que era a última do dia.

Chegando no seu quarto, Hanz encontrou Kirios sentado na sua cama, olhando para a capa de um livro que ele estava lendo. Hanz fechou a porta e puxou sua gravata que lhe sufocava, retirando-a em seguida.

– O que devo sua visita? – Hanz indagou, retirando seu casaco.

– Kim me ligou – disse – pediu para eu ficar de olho em você.

– Ah, aquele cachorro. Sempre desconfiado – disse com irritação.

– Não, desta vez é mais sério – disse – Kim não gosta de Maximiliano por motivos que somente eu sei.

– Que motivos? – indagou, retirando seus sapatos e desabotoando sua camisa.

– Não posso falar e não são do seu interesse – disse pausadamente, até agora não havia dirigido seu olhar uma única vez para Hanz, que estava se despindo.

– Ele tem um caso com o diretor, por acaso? – indagou, rindo baixinho, pegando uma calça jeans azul clara e uma camiseta preta, vestindo-as.

Kirios não respondeu, ele olhou para Hanz de canto, vendo que o moreno não estava dando muita atenção ao que estava acontecendo, mas não podia culpá-lo. Afinal Hanz não fazia idéia do passado de Kim.

– Hanz, o que você achou de Maximiliano? – indagou, pegando uma pequena faca afiada que ficava no bolso de sua calça, começando a passar a lâmina por sua unha, cortando-a lentamente.

– Isso é aflitivo, Kirios – Hanz disse, olhando para a ação do loiro que não parou com o que fazia – eu achei aquele cara um… crápula! – disse, lembrando-se das palavras de Maccario.

Ele não é uma boa pessoa. E aprova todo tipo de abuso que acontece nesse colégio.

– Ele disse que não sabia de nada e que eu não tinha…

– Provas? – indagou, supondo o que Maximiliano havia dito.

– Isso – disse com surpresa. Afinal Kirios estava na sala também?

– Ele sempre diz isso – comentou – ele pega muitos alunos também, Hanz. Por isso Kim não quer que você vá lá sozinho. Por acaso você se esqueceu o que Marc e Hon fizeram com você?

– Não me lembre! – pediu num tom mais alto, dando um soco no armário, lembrando-se daquele dia, sentindo uma revolta no seu interior.

– Se não quer se lembrar, então ouça mais o Kim e a mim – pediu, erguendo-se – você deveria ser mais grato.

– Do que está falando? Eu não fiz nada! – disse. Afinal, que culpa ele tinha de ter sido pego pelo diretor e levado uma advertência?

– Exatamente. Você não faz nada que Kim lhe pede. Tente prestar mais atenção nesse colégio – disse, passando a lâmina da faca pelo braço de Hanz, deixando o mais novo tenso – entendeu, Hanz?

– Sim – disse, dando um passo para trás.

– Eu não vou te cortar, Hanz. Eu tenho simpatia por você – disse, guardando a faca no seu bolso.

– Ah… que bom – disse, soltando um suspiro aliviado.

– E eu estou pensando em repetir o ano – disse.

– Mesmo? Não acredito! – disse.

– Já estou faltando às aulas – comentou – não posso deixar meu irmão sozinho e meus pais não me ouvem. Eu peço para trocar o colégio, mas eles acham que eu sou louco e o colégio faz bem para mim e meu irmão.

Os dois ficaram conversando no quarto até que Corei adentrou no quarto, ficando intimidado com a presença de Kirios. Corei estava começando a se acostumar com a presença dos alunos do quarto ano, mas ainda sentia medo deles.

Kirios saiu do quarto depois de um tempo, passando suas ordens para Hanz que ouviu e as acatou em silêncio. Ele mesmo não tinha coragem de discutir com o loiro como discutia com Kim.

– Amanhã é seu aniversário! Pena que caiu numa terça-feira, mas vamos comemorar assim mesmo – Corei disse, esparramando-se na sua cama.

– Eu não sei o que fazer – revelou.

– Vamos comer alguma coisa gostosa no quarto à noite – disse – afinal, não podemos ir a cidade na semana.

– Eu sei. Obrigado.

O resto da tarde passou sem problemas. Hanz e Corei acabaram dormindo, sendo acordados no dia seguinte pelo irritante som do despertador. Quando Hanz abriu os olhos, Corei pulou em cima dele, começando a lhe dar os parabéns.

Eles se vestiram e começaram a caminhar para o refeitório, onde vários alunos começaram a cumprimentar Hanz. Corei se afastou do moreno que se sentou à mesa de Hudi com os demais.

E apesar de ser seu aniversário, Hanz teve um dia normal de aula. Quando a tarde chegou, ele estava cansado. Ele adentrou no seu quarto e pegou seu celular que estava desligado, quando o ligou, viu que tinha dez chamadas não atendidas e antes de ver que eram os contatos, seu celular tocou novamente.

– Alô?

– Parabéns!

– Ah… obrigado, Kim.

– Eu estarei de volta na sexta. Vamos sair para comemorar – disse.

– Seria bom. Já que não fiz nada hoje além de estudar – resmungou, jogando-se na cama.

– Eu estou com saudade. Como você está?

– Eu estou bem. E… quero te ver… também – disse, com um pouco de dificuldade.

– Você dizendo essas coisas? É hoje que eu ganho o campeonato de natação! – comentou, rindo baixinho.

– Desculpe. Eu não me expresso muito bem – pediu.

– Eu estou acostumado. Um dia você muda – disse – eu vou desligar agora. Tenha um ótimo final de tarde. Nos vemos na sexta.

– Sim. Obrigado, e boa sorte!

– Eu te amo! Um beijo.

– Eu…. er… um beijo! – disse, rapidamente, encerrando a ligação com o coração acelerado – “Por que ele sempre fala essas coisas? Me deixa encabulado” – pensou.

Hanz retirou seu uniforme e colocou somente uma calça jeans preta, ele jogou-se em sua cama e fechou os olhos, sentindo seus músculos relaxarem. A porta do quarto foi aberta e Corei adentrou com uma sacola cheia de guloseimas.

– Vamos engordar! – gritou, fechando a porta em seguida.

– Como conseguiu tudo isso? – Hanz indagou, sentando-se na cama.

– Eu tenho meus contatos – disse, dando uma piscada para Hanz que lhe sorriu.

Os dois atacaram os pacotes de bolachas e chocolate. Ficaram horas conversando, e logo vieram mais alguns garotos que eram amigos de Corei.

Após a festinha do quarto, os amigos de Corei foram embora, deixando os dois solitários. Hanz sentou-se na sua cama, com as mãos na barriga.

– Eu acho que vou ficar com dor de estômago – Hanz comentou.

– Eu também – disse – misturamos doces, salgado, refrigerante, cerveja… que horror!

– Eu estou com sono… – Hanz murmurou.

– Durma – disse – afinal temos educação física logo de manhã.

– Natação? – indagou.

– Sim. Sete da manhã, ninguém merece. E depois teremos ginástica e alguns exercícios e… depois do almoço voltamos às aulas de química e física – comentou.

– Hum… Animou-me muito. Eu não quero ter aula com o Iago – disse.

– Ele continua a flertar você?

– Sim – murmurou – fica me olhando… e percebeu como ele me segurou um pouco na última aula?

– Ah… e se o Kim souber disso? – indagou.

– Eu vou contar para ele – disse – vou contar tudo que ele me fala e faz, assim ele não vai mais ter aquele ataque.

– Você acha bom contar? – indagou com receio.

– Sim. Acho… assim ele não sabe de outros.

– Tem razão – concordou.

Os dois ficaram mais um tempo conversando até que caíram no sono. E nesse ritmo o dia passou, chegando até sexta-feira. O dia que Kim e os outros garotos voltariam dos campeonatos escolares.

Um ônibus chegou e os alunos desceram com os uniformes de educação física juntamente com três professores. Havia sorrisos nos rostos de alguns alunos, olhares frustrados em outros e um olhar orgulhoso dos professores.

Kim foi o último a descer do ônibus, ele estava com duas medalhas no pescoço. Ele havia conseguido uma medalha de ouro no karate e uma medalha de bronze na natação. Sendo que Max havia conseguido conquistar a medalha de ouro na natação.

O olhar de Kim correu por toda área, desviando-se dos seus amigos a fim de encontrar Hanz, porém não conseguiu vê-lo no meio da multidão e antes que Maccario pudesse ir atrás de Hanz, ele foi pego no colo por alguns alunos do quarto ano, que começaram a jogá-lo para cima, saldando-o.

– E no final você conseguiu duas medalhas – Kirios comentou, dando um tapa nas costas do moreno.

– Pois é… fiquei incentivado – disse, com um sorriso de satisfação no rosto. Afinal ele merecia toda aquela comemoração.

– Vamos sair para comemorar – Julian disse, aproximando-se.

– Eu já tenho um compromisso – disse – vamos amanhã.

– Com o Hanz? – Julian indagou – eu já falei com ele.

– Falou o que? – Kim indagou.

– Para irmos comemorar juntos – Julian disse – amanhã vocês fazem o que quiserem.

– Onde ele está? – Kim indagou, voltando a olhar ao seu redor.

– Ele estava ao meu lado – Kirios comentou – mas quando vocês desceram, o pessoal começou a empurrar… eu acho que ele está lá trás – disse, apontando para um canto.

O trio começou a olhar ao redor, procurando encontrar Hanz no meio daquela euforia. Kim avistou Corei ao longe, abrindo um largo sorriso.

– O avistou? – Julian indagou ao ver seu sorriso.

– Eu estou vendo aquele menino que é grudado nele – comentou.

– Hum… está feliz por ver aquele pirralho, Kim? Está interessado nele? – Julian indagou, passando seu braço pelos ombros do moreno.

– Nem brincando – comentou – Hanz deve estar com ele.

O trio começou a caminhar na direção de Corei. O loirinho estava distraído, mas logo começou a tremer ao ver o trio parar na sua frente.

– Onde está Hanz? – Kim indagou.

– Er… ah… oi – disse.

– Onde? – Kirios indagou, olhando ao redor.

– Eu… eu… eu… – o loirinho começou a suar frio. Ele não gostava de Julian e muito menos de Kirios, aos poucos começou a tremer levemente.

Maccario estava começando a perder a paciência, ele abriu a sua boca a fim de xingar aquele garoto, mas parou ao sentir um toque no seu ombro, o moreno olhou para trás encontrando quem tanto desejava.

– Parabéns – Hanz disse, abrindo um leve sorriso.

Os braços de Kim envolveram o corpo menor, abraçando-o com felicidade, deixando sua boca deslizar por sua face, chegando até seus lábios, beijando-os com saudade.

– Consegui o meu bronze na natação por sua causa – sussurrou.

– Mesmo? – indagou sussurrante – como conseguiu essa façanha?

– Você disse que estava com saudade. Eu imaginei você do outro lado da piscina… e nadei com toda minha fúria– revelou no mesmo tom de voz.

– Hum… que romântico – murmurou.

Julian suspirou, sentindo uma pontada de ciúme ao ver aquela cena. Ele ainda não havia desistido de Hanz e mesmo que tivesse dormido com ele uma vez, isso não o fez perder o interesse, pelo contrário, Julian ficou mais apaixonado. Quanto a Kirios, ele ficou olhando para Corei com irritação, até fechar a mão no braço do loirinho que tremeu.

– Eu ainda não peguei o irmão mais novo dos Honoi – disse com um sorriso sádico no rosto.

– Kirios? – Hanz o chamou.

– Hum? – o loiro virou-se para encarar Hanz.

– O que está fazendo? – Hanz indagou.

– Não é da sua conta – disse, voltando a virar-se, encontrando um espaço vazio a sua frente. Corei havia fugido.

– Não se preocupe, Kirios. Depois a gente o pega – Julian disse – mas que mal gosto você tem!

– Não é da sua conta também – Kirios disse – vamos beber mais tarde num barzinho, então.

– Sim – Kim disse – eu vou para meu quarto. Depois passem lá.

O karateca fechou sua mão no braço de Hanz começou a arrastá-lo daquela confusão. Ele queria um pouco de privacidade. Eles chegaram no quarto de Kim depois de um longo tempo, pois muitos garotos paravam o campeão a todo instante para lhe parabenizar.

Ao entrar no quarto, Hanz foi jogado na direção da cama, batendo a cabeça contra o colchão, ele gemeu baixinho e antes que pudesse se recuperar daquele ataque, Kim pulou em cima dele e começou a beijar suas costas.

– Kim… espera…

– Eu estava louco de saudade – revelou.

– Calma… devagar – pediu.

E antes que Hanz pudesse fazer algo, suas roupas foram arrancadas de seu corpo. Maccario tratou de livrar-se das suas vestes e cair em cima de seu amado namorado, consumindo mais um ato de amor.

Horas mais tarde. Hanz estava deitado no chão do quarto, com as pernas em cima da cama. Ele gemia baixinho, aos poucos começou a se levantar, sentindo seu corpo suplicar por descanso.

– “Esse maluco acabou comigo” – pensou, puxando sua cueca e a vestindo em seguida. Ele tateou o chão pegando sua calça do uniforme escolar e antes que pudesse vestir sua camisa, Maccario o impediu, puxando-o para sentar-se ao seu lado na cama.

– Quer ir beber com o pessoal? – Kim indagou.

– Sim. Vamos comemorar – disse.

– Amanhã será somente você e eu – disse, beijando a bochecha de Hanz.

– Hum… onde está o meu presente? – Hanz indagou, estendendo sua mão.

– Ah… bom… eu não tive tempo de comprar nada. Mas prometo que eu vou dar na semana que vem – disse, com um sorriso amarelo.

– Eu estou brincando, seu besta – disse, dando um soco de brincadeira no braço de Kim – vamos sair amanhã, para mim é o suficiente.

Kim o abraçou com força, apertando até Hanz gemer baixinho reclamando. O moreno sorriu e beijou a boca de Hanz.

– Quer treinar karate comigo? – Kim indagou.

– Não – respondeu.

– Por que não? Kirios treina comigo também. Seria legal se você viesse.

– Eu passo. Obrigado – disse.

– Hum… e o que você fez nesse tempo que fiquei fora? – indagou.

– Vejamos… primeiro eu fui ao dormitório do quarto ano e liberei geral, sabe? – disse com um largo sorriso.

– Hum… mesmo? Eles gostaram de você? – indagou, acariciando os fios negros do menor.

– Mesmo e eles adoraram. Depois eu chifrei você com mais alguns alunos do primeiro ano – disse.

– Claro, não podia deixá-los de fora. E o pessoal do segundo ano? – Kim indagou.

– Ah, esses aí fizeram uma festinha no meu quarto – disse, rindo baixinho juntamente com Kim – mas falando sério… nada demais – disse, dando um beijo rápido nos lábios de Kim.

– Ah… e quanto ao diretor? – Kim indagou.

– Ele veio me dar uma bronca por ficar vadiando. Mas foi tão injusto, tinha um monte de gente fora da aula, mas ele veio diretamente em mim! – disse com certa revolta.

– Diretamente em você… – Kim falou baixinho consigo mesmo, pedido nos seus pensamentos.

– Ele é meio louco, não? Cínico também. Não gostei dele!

– Eu o odeio também – disse – não vejo a hora de sair desse colégio.

– Ele perguntou se eu ia fazer o quarto ano. Aí eu menti falando que sim. Eu não quero ninguém pegando no meu pé – comentou.

– Boa Hanz! Respondeu muito bem – disse, passando a mão pelo tórax do menor, sentindo o pouco de músculos que se formavam na região.

– Eu liguei para um advogado e ele já estava resolvendo tudo. Eu espero conseguir mexer na minha herança até o final do ano – revelou – eu quero sair logo daqui.

Maccario acomodou-se na cama, encostando-se na cabeceira de madeira, puxando Hanz para sentar-se no meio de suas pernas deixando as costas do calouro bater no seu peito.

– Eu quero sair daqui também – Kim comentou.

– Kim… o que você quer fazer quando sair daqui? – Hanz indagou.

– Me mudar para bem longe, onde eu não encontre mais ninguém – disse.

– Por quê?

– Er… porque eu não gosto daqui – revelou.

– Nem do pessoal? – indagou.

– Ah… eu manteria amizade com o Kirios – disse.

– E Julian?

– Desde que ele pare de ficar babando em você – disse, dando um beijo na cabeça de Hanz.

– Hum… estão você se incomoda com o Julian? – indagou provocante num tom de brincadeira.

– Eu só não o quebrei quando ele quis fazer o contrato com você, pois se ele não tivesse feito o contrato, muitos alunos do quarto e terceiro ano iam voar em você, por isso eu agradeço por você ter aceitado. Mas tirando isso, eu tive uma conversinha com ele depois – revelou.

– Teve? – indagou com surpresa, virando seu corpo na direção de Kim.

– Claro, pois eu estava começando a me irritar com os comentários de Julian em cima de você. Ele não tem limite – disse.

– E o que ele disse sobre mim? – indagou.

– Prefiro não comentar – disse.

Hanz fechou suas mãos nos braços de Kim e começou chacoalhá-lo na cama, suplicando para Kim falar.

– Ah… chega Hanz – pediu, tentando afastá-lo.

– O que ele disse?

– Se quer tanto saber… ele disse que queria te comer todos os dias como eu te comeu naquele dia. Eu fiquei puto e dei um soco no estômago dele… e é isso! – disse – satisfeito? – indagou com certa irritabilidade.

Hanz constrangeu-se abaixando sua cabeça. Kim passou a mão pelos fios negros de Hanz, acariciando sua face em seguida.

– Eu quero sair logo daqui. E você Hanz, o que quer fazer? – Kim indagou.

– Morar numa casa só minha – disse – bem espaçosa, com vários cachorros e um jardim.

– Que desejo mais feminino – comentou, rindo baixinho.

– Esse era o desejo da minha mãe também – murmurou – mas vivíamos num apartamento fechado a sete chaves. Ela era doente, tinha Agorafobia e tinha crises.

– Eu sinto por isso – disse.

– Não sinta. Já é passado – disse, dando um sorriso amarelo para Kim que o abraçou carinhosamente.

– Vamos nos arrumar? – Kim indagou.

– Ah, vamos. Eu vou para meu quarto – disse, afastando-se do abraço caloroso de Kim.

Hanz vestiu-se rapidamente e deu um beijo rápido nos lábios de Kim, saindo do quarto em seguida. O moreno correu até seu quarto, adentrando e encontrando Corei sentado no colchão com um olhar preocupado.

– Aconteceu alguma coisa? – Hanz indagou, aproximando-se.

– Aquele maluco do meu irmão falou merda para o Alexis – comentou – e eu não quero nem ver a cara de Kirios por aqui.

– Mesmo? Não acredito! – exclamou com perplexidade. Afinal, todos sabiam que Kirios era vingativo – Quem fez isso? Haziel?

– O próprio – bufou.

– E quando foi isso? – indagou.

– Agora pouco – disse – acho que Kirios ainda não soube.

– Céus! E agora? – Hanz não sabia o que falar ou aconselhar. Kirios era realmente um grande problema quando estava bravo.

– Hanz, se puder ficar aqui comigo eu agradeceria – disse – por favor, não me deixe sozinho com aquele doente.

Agora quem estava em desespero era Hanz. Ele queria sair para comemorar a chegada de Maccario, mas não podia deixar o loirinho naquele estado. Hanz pegou seu celular e ligou para seu namorado.

– Fala Hanz…

– Eu estou com um problema.

– O que houve?

– Poderia vim aqui?

– É urgente?

– Não, mas eu queria que viesse.

– Já vou descer.

– Obrigado.

A ligação foi encerrada, Hanz sentou-se na sua cama e ficou olhando para Corei que agradecia mentalmente por Hanz estar lhe ajudando. A porta do quarto abriu lentamente e Hanz e Corei sorriam, imaginando que seria Kim, porém para infelicidade de Corei, era Kirios que adentrou no quarto.

– Kirios! – Hanz exclamou – que faz aqui? – indagou em seguida com um pouco de receio.

– Nada que lhe diga respeito – respondeu – poderia sair do quarto, Hanz?

Hanz levantou-se e olhou para o homem a sua frente que era bem mais alto que ele. Kirios era forte e tinha um olhar de pouquíssimos amigos, não seria fácil enfrentá-lo. E quanto a Corei, o loirinho tremeu e ficou em silêncio.

– O que quer fazer com ele? – Hanz indagou.

– Eu já falei que não lhe diz respeito – respondeu, passando a mão por seu moicano, retirando alguns fios de cabelos de seus olhos.

Kirios deu um passo à frente e Hanz manteve-se firme, ficando entre Corei e Kirios. O veterano tocou nos ombros de Hanz e o olhou com irritação, ele não estava de bom humor e queria aplicar uma lição naquela família barulhenta. Sem contar que o jeito de Corei irritava o loiro.

– Se não sair Hanz, eu vou ficar bravo – disse num tom baixo e rouco.

– Eu não posso deixar você machucá-lo – disse – ele não te fez nada.

– E desde quando isso interessa? – indagou, apertando seus dedos nos ombros de Hanz, que franziu o cenho de dor.

A porta do quarto abriu lentamente e Kim adentrou despreocupado deparando com a cena. O semblante antes calmo foi alterado para um ar preocupado e irritado.

– O que pensa que está fazendo Kirios? – Kim indagou.

– Eu estou a fim de castigar seu namorado – respondeu – ele é muito intrometido.

– Tente encostar um dele nele e eu te arrebento – Kim vociferou, caminhando na direção deles. Kirios soltou Hanz e ficou parado, apenas olhando para Maccario.

Kirios voltou sua atenção para o loirinho que tremia na cama, o veterano empurrou Hanz para o lado e avançou em Corei, fechando a mão em seu braço magro, erguendo-o.

– Não, por favor. Solte-me! – Corei implorou.

– Por favor, Kirios. Não faça nada contra ele – Hanz pediu também.

– Kim, fale para seu namorado não ficar no meu caminho – Kirios pediu – eu estou muito irritado. Sabia que bateram no meu irmão?

– Bateram? – Kim indagou com surpresa – quem faria isso?

– Os irmãos desse idiota – respondeu – eu não vou perdoar.

– Kirios, você já os encontrou? – Kim indagou.

– Ainda não. Eu vou começar com esse – disse, olhando para a face assustada de Corei.

– Quer ajuda? – Kim indagou.

– O que!? Eu não chamei você aqui para isso! – Hanz interrompeu a conversa, indignando-se com a atitude de seu namorado.

Com um longo suspiro, Maccario caminhou até Hanz abraçando-o pela frente, aproximando seus lábios dos ouvidos de Hanz.

– Eu não me importo com os outros, Hanz – Kim sussurrou – você sabe disso. Somente com você. E se Kirios quer castigar esse garotinho, eu não vou intervir e se ele quiser ajuda, eu ajudarei.

O corpo de Hanz arrepiou-se com aquilo. Às vezes esquecia-se que Kim poderia ser cruel e carrasco. As imagens da noite que Kim o tomou a força vieram à cabeça de Hanz, deixando-o entristecido e amargurado.

Kirios ficou em silêncio, pensando aonde levaria Corei. E de repente, teve uma idéia prática, ia dar um trato em Corei naquele quarto mesmo, assim teria mais tempo para arrebentar os outros irmãos.

– Kim, poderia bater nos irmãos para mim? – Kirios pediu – depois eu termino o trabalho.

– Sim – Kim respondeu – Alexis está muito machucado?

– Um pouco… eu ainda não estou acreditando que ele apanhou daquele jeito – comentou – meu irmão não faz nada a ninguém.

– Isso aconteceu, pois… um garoto gosta dele – Corei comentou – e meu irmão gosta desse garoto.

– Eu não dei permissão para você falar – Kirios disse, dando um tapa na face do loirinho que ficou vermelha imediatamente.

O corpo de Corei foi jogado na cama de solteiro. Hanz olhou para o lado, não agüentando aquela situação, ele não podia permitir aquilo. A mão de Hanz fechou-se no braço de Kirios que se limitou a encará-lo com descaso.

– Não pode fazer isso, Kirios – Hanz disse.

– Quem disse?

– Eu disse! É óbvio que não pode – disse num tom mais alto.

– Eu odeio quando me falam o que fazer – Kirios murmurou – seu namorado me irrita, Kim. Tire-o daqui ou então o entregue para mim.

Maccario riu baixinho com aquele comentário final, era mais fácil ele mandar Kirios para o hospital a ter que entregar seu amado Hanz para ele. O karateca começou a puxar Hanz para fora do quarto contra a vontade do moreno que começou a se debater.

– E não demore, Kirios – Kim pediu.

O casal saiu do quarto, ouvindo a porta ser trancada pelo lado de dentro. Hanz começou a bater na porta, xingando Kirios com muitos palavrões.

– Não pode permitir isso, Kim – Hanz disse.

– Não posso evitar – comentou – isso acontece o tempo todo. Você está agindo assim, porque é com seu amiguinho.

– Ele é tão inocente, Kim! Não pode permitir isso – disse num tom raivoso.

– Vai querer brigar comigo? – Kim indagou, cruzando os braços.

– Sim – respondeu.

Kim não esperou que Hanz falasse mais nada, ele puxou o moreno para a escadaria, fazendo certa pressão no seu pulso. Hanz se remexia, querendo voltar para seu quarto, porém Kim era mais forte. Com um pouco de dificuldade e alguns xingamentos, Kim conseguiu levar Hanz para seu quarto, trancando a porta em seguida.

OoO

No quarto, Corei estava assustado. Ele sentou-se na cama e olhou para Kirios que havia acabado de trancar a porta. Ao ouvir o som da fechadura fechando, Corei sentiu puro terror e desespero.

– Vamos brincar… – Kirios sussurrou.

OoO Por Leona-EBM

Continua…

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