Eu te amo tanto, meu baixinho lindo
Eu atravessei o corredor sem ser capaz de perceber se tinha alguém por perto, meus olhos ardiam anunciando as lágrimas que viriam tentar desafogar a dor que eu sentia no meu peito.
Entrei no banheiro masculino e, sem pensar em minhas ações, me sentei em um canto perto das pias e deixei que o pranto corresse. Chorava enlouquecidamente e gritava sem emitir sons para não anunciar para toda escola o que estava acontecendo ali.
Meu fôlego fugiu, meu peito ardia, quase não podia respirar. No desespero voltei a me levantar e olhar para o banheiro, não olhava nada diretamente, meus olhos apenas percorriam desesperadamente o ambiente procurando pelo que poderia ser uma saída.
A porta se abriu com violência e pressa, do outro lado daquele banheiro, o culpado pelo meu pranto invadia o ambiente e me olhava com pesar. Sua boca se entreabriu ameaçando o inicio de uma frase, mas eu levantei minha mão ordenando que parasse.
Ele veio em minha direção, mesmo eu dizendo para que não se aproximasse. Ele ficou cada vez mais perto e sua aproximação acelerou as batidas do meu coração. Senti minhas forças fugirem, um turbilhão de emoções pareceu subir pelo meu corpo e voltei a chorar, mesmo me odiando por fazer isso naquele momento.
Quando seu corpo estava a centímetros do meu, me descontrolei e comecei a ofendê-lo com todos os xingamentos que conhecia, depois parti para tentar agredi-lo fisicamente.
Batia com força contra seu corpo e ele apenas controlava pacientemente meus movimentos impedindo que eu o acertasse de alguma forma mais perigosa. Nem acho que isso fosse possível, uma vez que ele é indiscutivelmente maior e mais forte que eu.
Não sei quando parei, mas em algum momento eu cedi e me deitei em seu peito chorando ainda mais. Ao invés de tê-lo ali como um inimigo, me abriguei em seu abraço encontrando conforto para a dor que me consumia.
Ele me segurou em silêncio e esperou que meu pranto diminuísse, foi só então que ele disse “me desculpa”.
Eu suspirei como que tirasse um peso enorme do meu corpo. Eu ainda sentia uma leve dor, uma ardência que me consumia, mas de alguma forma estar com ele me deixava mais tranquilo, saber que ele se afastou de todos e veio me procurar demonstrava o quanto ele se preocupava comigo.
Não sabia o que aconteceria ao sair dali, o que pensariam da minha atitude de sair correndo enlouquecido por saber de um namoro que, supostamente, não tinha a menor relação comigo.
Mas o pior era ele, como ele explicaria ter saído atrás de mim se, pelo que sabiam, nem nos falávamos mais.
O abracei com mais força e deitei minha cabeça sobre seu ombro.
Ele me beijou levemente na cabeça e disse “eu te amo tanto, meu baixinho lindo”.
É difícil viver um amor escondido de todos, controlar carícias, olhares cúmplices e abraços espontâneos.
Fosse como fosse, ali eu descobri que não poderia viver uma vida ensaiada e escondida. De alguma forma eu sabia que ele também tinha entendido isso.
Não importava o que enfrentaríamos a partir dali porque naquele momento tudo que importava era que nos amávamos.
*Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
**Imagem meramente ilustrativa.