A Grande Maça – Capítulo 25 – O Choque
Depois do dar depoimento á policia e contar tudo o que tinha acontecido eu pedi para que ligassem para Warren. Eu esperei vários minutos e eu ví Warren entrar no quarto desesperado e vir até a cama.
– Fry! – falou ele se aproximando – o que aconteceu?
– meu pai – respondi com vergonha.
– pensei que você não conhecia seu pai.
– até hoje. – falei.
Ele colocou a mão na minha testa e começou a analisar as feridas.
– como um pai faz isso ao próprio filho.
– ele me bateu porque sou gay – falei olhando nos olhos dele.
– não acredito que ainda exista pessoas assim.
– eu fiquei com tanto medo – falei tentando segurar o choro, mas uma lágrima escorreu no canto do meu olho esquerdo.
– você podia ter me ligado quando seu pai chegou.
– eu não sabia que era meu pai eu pensei que fosse meu tio.
– como? – perguntou Warren.
– eles são irmãos gêmeos, ele veio até mim como se fosse meu tio e eu descobri que era ele quando me perguntou sobre minha namorada.
Ele limpou meu olho com o dedão.
– eu sei que pode parecer cruel o que eu vou dizer, mas foi só um soco logo vai desaparecer e você vai esquecer isso tudo. – falou ele colocando a mão no meu peito me fazendo resmungar alto.
– o que foi? – perguntou Warren.
– não foi só um soco.
– deixe eu ver – falou Warren levantando a roupa do hospital. – ai Fry – falou ele vendo os calombos roxos e inchados por toda minha barriga e peito. – sinto muito – falou ele abaixando a roupa.
– ele machucou minhas mãos também – falei tirando a mão de baixo do cobertor.
– ele quebrou seus dedos? – falou ele pegando minhas mãos enfaixadas.
– não, mas quase.
– eu não sabia que ele tinha te machucado tanto, você já deu o depoimento para a policia?
– sim, eles já foram? – perguntei.
– não, eles estão na porta. Você contou a verdade?
– sim, mas não vou prestar queixa.
– você não pode fazer isso – falou Warren.
– eu não quero mais lembrar dessa história deixa do jeito que está.
– tudo bem, não vou falar mais nisso afinal você está em choque e não é preciso fazer a queixa agora, pode ser feito depois.
Antes que eu pudesse responder a porta do quarto se abriu e entrou uma mulher e um rapaz com uma câmera tirando fotos. Eu me assustei e peguei o cobertor e coloquei no meu rosto.
– saiam daqui – falou Warren indo até eles.
– nós só queremos saber o que aconteceu e algumas fotos. – falou a mulher.
– eu estou pedindo com educação, por favor respeitem a privacidade dele.
– eu não quero – falei.
– por favor – falou Warren levando eles até a porta e fiquei na passagem impedindo eles de entrarem.
Ele olhou para os lados procurando pelos policiais e eles estavam no fim do corredor conversando e não tinham nem idéia do que tinha acontecido.
– como você entraram aquí? – perguntou Warren e imediatamente olhou na direção dos policiais e deu um grito chamando a atenção deles. Os policiais vieram e logo fizeram eles irem embora e prometeram ficar na porta até que eu fosse embora do hospital.
Warren fechou a porta e veio até mim outra vez.
– você não pode ir embora agora? – perguntou ele.
– não posso devido aos ferimentos na cabeça eles me colocaram em observação e o pior de tudo é que eu não posso dormir.
– eu vou ficar aquí com você e vou te manter acordado.
– obrigado, se você quiser sair pra fumar pode ir a qualquer hora eu fico acordado.
A noite foi passando e o sono foi chegando, mas Warren não em deixava dormir, a minha maior doer não era a externa, mas a dor que estava me corroendo por dentro.
Por volta dás 09:00 da manhã o médico veio até meu quarto e eu fiz alguns exames na cabeça e depois que os resultados chegaram quase 1 hora depois ele me disse que poderia ir embora.
– você está bem – falou Dr. Max. – felizmente todos os exames vieram bem você já pode ir pra casa.
– obrigado – respondeu Warren.
O médico saiu do quarto e eu olhei para Warren.
– meus documentos estão na minha carteira, você pode ir no banco e retirar o dinheiro? A senha é 23…
– não precisa – falou ele – eu pago.
– não precisa.
– por favor não discuta comigo, eu estou dizendo que não precisa eu pago, pode ir se levantando eu vou te ajudar arrumar suas coisas, mas antes eu vou ir até a recepção pegar algumas informações.
Ele saiu do quarto e eu me levantei da cama e fui até o banheiro e troquei de roupa, alguns segundos minutos depois ele entrou outra vez no quarto.
– eu já fiz o pagamento, mas eu ví aquela reportar lá fora, ela deve estar esperando você receber alta.
– eu não quero sair em capa de jornais, eu não quero ser mais um exemplo de filho que é espancado pelo pai.
– não se preocupe eu vou conversar com o policial para ver se tem outra saída.
Ele saiu do quarto e desapareceu alguns minutos longos, quando ele voltou eu já estava pronto para ir embora.
– já resolvi tudo, nós vamos sair pelos fundos, já estacionei meu carro.
– eles não te viram?
– pra minha sorte eu estacionei longe do hospital e eu peguei o carro pela outra saída então eles não me viram.
Eu sai pela porta do quarto e o policial que vigiou a entrada nos acompanhou até a outra saída do hospital e logo estávamos de fora entrando no carro. Warren agradeceu o policial e entrou no carro.
– você vai me levar até meu flat?
– não, você vai pra minha casa.
– tudo bem – falei.
– você não vai negar? Dizer que não precisa? – perguntou ele com um tom de brincadeira tentando me animar.
– eu tenho medo de que ele apareça. – falei tentando parecer um pouco animado, mas aparentei mais triste do que parecia.
– tudo bem, fica tranquilo – falou Warren colocando uma das mãos na minha perna e apertando meu joelho enquanto dirigia com a outra – ele não sabe aonde eu moro e se ele aparecer na porta da minha casa eu mato ele – falou Warren um pouco sério demais pro meu gosto.
Logo chegamos na casa dele e eu fui entrando e indo até o sofá e me sentei.
– você me faz um favor?
– o que? – falou ele sentando ao meu lado.
– não conta pra ninguém o que aconteceu, especialmente sua família, eu vou conhece-los e não quero que eles saibam.
– eu prometo – falou ele me abraçando bem de leve sem me apertar e deu um selinho na minha boca.
Se passou dois dias que meu pai tinha me espancado no meio da rua na calada da noite. Eu não tinha ido á faculdade a única pessoa que sabia além de mim e Warren era Marley que me visitou esses dois dias. Eu passava o dia inteiro dentro de casa esperando Warren chegar do trabalho.
– Fry, cheguei – falou ele entrando em casa.
Eu me levantei do sofá.
– olá.
– desculpa a demora – falou ele me dando um selinho.
– não tem problema.
– a Marley veio te ver hoje?
– sim, ela ficou aquí quase 1 hora comigo.
Ele subiu as escadas e eu fui atrás dele.
– você já se decidiu se vai prestar queixa?
– eu estou procurando não pensar nisso, eu quero esquecer.
– você não pode “não pensar nisso” Fry. – falou ele tirando o terno.
– por favor não vamos ficar brigando pro causa disso.
– só tem um jeito de você criar idéia nessa cabeça sua Fry.
– qual – falei cruzando os braços e escorando na porta.
– ligar para sua família e contar o que aconteceu.
– por favor, não quero preocupa-los com isso.
– sinto muito, mas você não está raciocinando direito – falou Warren desabotoando a camisa e pegando meu celular que estava em cima do criado mudo. – eu vou ligar pra eles você querendo ou não.
– tudo bem – falei indo até ele e o abraçando – você tem razão é que eu tenho medo.
– não se preocupe – falou ele me abraçando. – posso ligar então?
– pode sim.
Eu saí do quarto e fui até a sala e me sentei e alguns minutos depois Warren se sentou ao meu lado.
– você liga ou prefere que eu ligue.
– eu prefiro ligar porque eles não sabem sobre você é e capaz deles terem um ataque do coração se você ligar dizendo que aconteceu algo comigo. Eles podem pensar bobeira.
– tudo bem, mas se você não se sentir bem em contar é só passar o telefone pra mim.
– tudo bem – falei procurando o nome do tio Jeff na lista de contatos e apertando em chamada. Depois de alguns toques ele finalmente atendeu.
– olá Fry, continua vivo?
– olá tio Jeff. Como você está?
– estou bem e você?
– não muito bem – respondi.
– o que aconteceu? – perguntou tio Jeff com um tom de preocupado na voz.
– meu pai veio até aquí.
– como é que é? – perguntou ele com tom de surpresa.
– me dá aquí – falou Warren pegando o telefone da minha mão.
– alô – falou Warren – boa noite.
– quem está falando?
– quem fala é Warren, sou namorado do Fry.
– o que aconteceu? – perguntou tio Jeff.
– o pai do Fry veio aquí vê-lo a 3 noites atrás.
– mas o que aconteceu? Fry se sente bem?
Warren olhou pra mim e deu um sorriso e se levanto uso sofá indo até a cozinha.
– como é o nome do seu irmão?
– Dean – falou tio Jeff.
– pois seu irmãos Dean veio até aquí em Nova York e se passou por você e levou Fry para jantar.
– eu não acredito que ele fez isso. Fry deve estar com uma luta interna.
– houve mais luta do que você pensa – falou Warren.
– o que aconteceu?
– Seu irmão sabia que Fry é gay?
– não. – respondeu ele.
– quando Fry descobriu que era o pai ele contou que era gay seu irmão espancou ele.
– mentira, você deve estar de brincadeira.
– não, não é brincadeira ele quase quebrou os dedos do Fry e ele está cheio de hematomas por todo o corpo sem contar o trauma que ele sofreu. Ele não sei mais de casa sozinho.
– deixe eu falar com ele – falou tio Jeff.
– ele não está muito bem para falar sobre isso, eu quase não consigo convence-lo a ligar para vocês.
– eu vou ir até Nova York no fim de semana. Você pode me passar seu endereço?
– claro!
Warren passou o endereço e logo depois se despediu e veio até a sala aonde eu estava sentado.
– e então? Ele já desligou o telefone?
– sim Fry, eles vão vir te visitar no fim de semana.
– vai vir apenas meu tio ou mais alguém vai vim?
– seu irmão e sua mãe também.
Eu respirei fundo pensando no fim de semana que eu teria.
– fica tranquilo – falou Warren alisando minhas costas.
Depois do jantar nós nos deitamos. Warren e eu deitamos sem camisa. meus hematomas ainda eram visíveis e as feridas doíam muito quando molhadas. Minha pele ainda estava sensível. Apenas meus dedos tinham melhorado um pouco.
– deita de barriga pra cima. – falou Warren.
Eu me deitei de barriga pra cima e ele me deu um beijo no rosto. Eu peguei o rosto dele em minhas mãos e demos um beijo de língua demorado e quente.
Ele parou de me beijar e começou a passar os dedos nas minhas feridas carinhosamente e as vezes dava beijos nela.
– os beijos são para melhorar – falou ele me fazendo cócegas.
Eu fechei os olhos e sentindo Warren beijar meu corpo eu adormeci, mesmo sem querer afinal eu queria apreciar aquele momento.
Sábado chegou e eu já estava a espera de todos. Warren tinha ido busca-los no aeroporto. Eu tinha criado uma espécie de síndrome do pânico e me sentia muito mal quando saia de casa.
Eu ouvi um carro chegando e logo a porta se abriu.
– Fry! – falou minha mãe vindo até mim e me dando um abraço.
– ai mãe! – falei resmungado um pouco.
– me perdoe filho. – falou ela se afastando.
Charles se aproximou de mim e me deu um abraço de leve.
– não acredito que ele fez isso com você – falou Charles dando um beijo no meu rosto e alisou com o dedão a ferida que eu tinha no rosto.
Ele se afastou e eu olhei para a porta e ví tio Jeff, eu comecei a sentir uma falta de ar forte no meu peito e ao mesmo tempo uma tontura que me fez cambalear para trás.
– o que foi? – perguntou Warren me abraçando.
– é ele! – falei fechando os olhos.
– não é ele Fry, é o irmão do seu pai – falou Warren.
– Fry, sou eu! – falou tio Jeff.
Eu abracei forte Warren e tentava controlar a respiração, mas estava difícil apesar de saber que não era meu pai meu corpo não me ouvia, eu realmente estava raciocinando muito mal.
– se acalma Fry – falou Warren dando um beijo no meu rosto – não é seu pai. olha pra ele. no fundo você sabe que não é seu pai.
Eu me virei e olhei para tio Jeff.
– posso te dar um abraço.
– pode – falei ainda com falta de ar.
A medida que ele foi se aproximando de mim eu ficava com mais falta de ar e sentia um aperto no meu peito, mas meu tio foi rápido e antes que me virasse ele me abraçou forte.
– sou eu Fry. Se acalma você está seguro está vendo? – falou ele levantando a camisa e me mostrando suas tatuagens na barriga e no braço.
– tudo bem – falei ofegante.
– o que meu irmão fez com você Fry?
Eu levantei minha camisa e mostrei as marcas no meu corpo.
Minha mãe colocou a mão na boca assustada.
– você prestou queixa Fry? – perguntou Charles.
– eu não quero.
– mas você nunca vai sair de casa se viver com medo – falou minha mãe.
– eu tive uma idéia Fry – falou Warren – eu andei consultando meu advogado e ele disse que se não quiser prestar queixa você pode pedir uma ordem de restrição contra seu pai dessa maneira se ele se aproximar de você ele estará infringindo a lei.
– tudo bem – falei me sentando no sofá. Minha mãe se sentou ao meu lado e agarrou no meu braço.
Todo mundo jantou e todos ficaram felizes de saber que eu estava indo bem na faculdade que finalmente tinha encontrado um namorado, uma pessoa que cuidasse de mim.
– estou feliz por Fry ter te conhecido Charles.
– o que? – falou meu irmão.
– não você Charles – falou minha mãe – o Charles namorado do Fry.
– desculpa, eu esqueço que temos o mesmo nome.
– me chame de Warren, eu não me importo, na verdade eu até já me acostumei e todos já me chamar só por Warren no trabalho.
– fico feliz de ter conhecido seu filho, eu realmente gosto muito dele – falou Warren tomando um gole da cerveja.
– obrigado pro cuidar do meu irmão. – falou Charles.
– não preciso de cuidem de mim – falei.
Todos olharam pra mim espantado.
– me perdoem, mas é que minha vida toda tive que cuidar de mim e da minha mãe e prometi não confiar mais em ninguém a minha vida e os meus cuidados, eu me sinto mal quando dizem que estão cuidando de mim.
– tudo bem – falou Warren.
No dia seguinte depois que Warren pegou todas as informações necessárias com tio Jeff sobre meu pai todos foram embora abismados com que Dean tinha feito comigo e prometeram voltar assim que pudessem.