Contos

Neto, o moto-boy que virou a minha cabeça – Capítulo 1

Tive um acidente de moto provocado por um imbecil e, durante alguns meses, fiquei sem poder usar minha moto. Mas como eu preciso me locomover com muita frequência por causa do meu trabalho, sou contador e trabalho num escritório que presta serviços de auditoria para empresas e prefeituras, eu pedi que meus amigos pudesse me indicar um moto táxi de confiança. Me sugeriram um, conhecido como Neto. Pedi moto táxi porque uma corrida é muito mais barata que de um táxi, evidentemente. E sem contar a praticidade.

Conversei com ele sobre meu trabalho e que, ao longo do dia, ia precisar muito dele e que ele fosse pontual nos horários. Ele me disse que podia confiar nele pois ele era sério no seu trabalho. E que, por precisar do serviço, ia cumprir seus compromissos.

No dia seguinte lá estava ele no horário marcado: 6 da manhã. Eu até pensei: “No começo é sempre assim, depois vão avacalhando”. Mas, ao longo da semana foi tudo muito tranquilo. E entre uma viagem e outra, enquanto eu tinha que esperar algum cartório abrir ou que certos documentos ficassem prontos, nós ficávamos conversando. Ele me disse que tinha 23 anos, estudou até o ensino médio, trabalhava como moto táxi desde os 17, que tinha um carro (que usava em ocasiões particulares (até para economizar uma grana) e que tava guardando dinheiro para investir em imóveis para depois alugar.

Aqui na cidade onde moro, esse setor está crescendo muito. Me espantei porque eu comentei com ele que era preciso muito dinheiro para isso. Ele riu e disse que, por trabalhar quase o dia todo e por ser de confiança, tinha muitos clientes e que, por não ser de farra, já tinha uma boa grana depositada. Faltava pouco para ele conseguir.

Bom. Me chamou atenção. Tenho nível superior, um emprego bom e tal, mas nem mesmo eu tinha uma visão assim, tão bem construída sobre aquilo que eu planejava para o futuro. Passei a prestar mais atenção nele. E digo: ele não era o bonitão da novela, mas tinha algo que me chamou atenção, nem malhado ao estilo do que as pessoas sempre admiram.

Tinha um corpo até normal porque ele ia para academia nos fins de semana. Segundo ele, “não adianta investir em algo para a frente e não chegar vivo até lá”. Mas repito: não fazia o tipo malhado. Depois de mais umas semanas fui descobrindo que ele não tinha namorada mas que não ficava sozinho. Morava com família mas era um questão de tempo para arrumar o “barraco” dele.

Passei a pensar muito nele. Muito. Ele tinha um sorriso tão lindo. Uma sinceridade tão bacana. Acho que estava começando a me apaixonar.

Não sou assumido. Muitas vezes eu fico com garotas. Aqui e ali fico com algum cara, mas isso apenas quando vou para outro lugar. Cidade pequena não é lugar para pegação entre dois caras. Me sinto solitário as vezes mas uso o trabalho para preencher o vazio. E ele não me saia da cabeça. Teve um dia que me peguei batendo uma pensando nele. Teve outra vez que sonhei com ele na minha cama me comendo de ladinho. Acordei todo melado, mas feliz.

Mas eu sou bem pé no chão. No primeiro semestre, aqui na região norte, chove bastante e mototáxi não combina muito com chuva. Numa tarde de sexta-feira, ele tinha que me levar numa cidade vizinha até a Prefeitura de lá para que o secretario de finanças desse baixa numas notas. Depois eu teria que voltar para lançar as notas no sistema da Receita pelo menos antes das 18. Eu poderia fazer no sábado, mas eu queria ir viajar e, certamente, ele também.

Parecia que ia fazer uma tarde bacana e eu, despreocupado, não levei minha capa de chuva. Ele estava com uma jaqueta.

Na metade do caminho o tempo foi fechando. E quando isso acontece, a chuva não demora. Dito e feito. Começou a chover e, como eu estava com uma maleta cheia de documentos, não podia deixar molhar. Paramos numa barraquinha que vende lanche, mas estava abandonada. Peguei uma toalha de rosto que eu tinha que passei na maleta para tirar os respingos mas a chuva estava bem forte. Ele viu a minha preocupação com a maleta e tirou a jaqueta. Estava apenas com uma camiseta por baixo. Me ofereceu a jaqueta para proteger a maleta.

Agradeci. Depois ele foi para um lado da barraquinha, virou de costa e começou a mijar. Nessa hora eu suei frio. Como eu queria assistir aquela cena com ele de frente pra mim.

Quando ele se virou, depois daquela chacoalhada, acho que percebeu que eu estava olhando. Perguntou o que foi. Apenas consegui dizer que o frio é ruim porque sempre nos deixa com vontade de mijar. Ele confirmou. Ficamos um tempo em silêncio. Depois de um tempo a chuva foi passando e resolvemos partir. Cheguei lá, fiz o que eu tinha de fazer, até me rápido e voltamos preocupados com a chuva. Mão não deu outra. Mais chuva. Paramos numa outra barraquinha, e ele foi mijar de novo. Sacanagem. Dessa vez ele ficou de um jeito que eu conseguia ver o jato do mijo dele. Pena que eu não teria coragem de fazer nada.

A chuva não passou totalmente mas eu disse que poderíamos ir. Ele tirou a camiseta e pediu para eu levar. Caraca. Só de ver o corpo dele, fiquei de pau duro. Ainda bem que eu estava com a maleta e coloquei entre nós dois. Caso contrário ele ia sentir algo diferente atrás dele. Rs. Como a chuva estava aumentando, coloquei a camiseta dentro da maleta. Já era bem tarde, mas eu pedi para ele ir para o escritório. Não queria mesmo trabalhar no sábado.

Chegando lá, já não tinha ninguém, como eu esperava. Como eu tbém tenho a chave, abri e perguntei se ele não queria subir. Ele aceitou. Estava bem molhado. Entramos na minha sala, liguei os computadores. Ele perguntou se tinha como ele se enxugar. Disse que no armário do banheiro sempre deixávamos algumas toalhas para quem precisasse ficar até mais tarde. Ele aceitou dizendo que precisava mesmo mijar de novo. Eu apenas ri. Ele entrou mas n fechou a porta. Mas onde eu estava sentado não podia ver nada. Que pena. Só ouvi o jato forte no vaso. Depois silenciou e fiquei atento ao meu trabalho. Ele saiu e eu não percebi que estava me olhando enquanto se secava. Quando olhei para ele, ele desviou o olhar. A chuva continuou.

Eu disse para ele que ele poderia ir pois eu ia demorar muito. Quando eu fosse eu ligaria para um táxi. Devolvi a jaqueta dele e a camisa. Ele colocou apenas a jaqueta. Aí eu lembrei que tinha que pagar ele, chamei ele na minha sala, dei o dinheiro. Ele colocou na carteira e colocou a carteira por dentro da jaqueta e saiu. Enquanto ele colocava a carteira na jaqueta, me deu uma olhada. Caraca.

Continua…

No fim de cada capítulo do conto nós indicamos uma série ou filme.

Hoje nossa indicação e o filme LGBT: Role/Play

Sinopse:Um ator de novelas recém saído do armário (Steve Callahan) cruza caminhos com um ativista pró-casamento gay recém divorciado (Matthew Montgomery), forçando-os a confrontar o preço da fama e a natureza instável da celebridade dentro da comunidade gay.

Assista no player abaixo:

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