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Filme Gay – Total Eclipse

Há 12 anos atrás, quando essa coisa de ser gay era um tipo de intensidade dentro de mim e que cedo ou tarde explodiria, já buscava algumas referência em artistas, textos e filmes para tentar me preparar para esse “salto” que daria na vida, de essencialmente me aceitar como homossexual e das consequências que viriam nos meus grupos sociais próximos quando, viver a minha vida gay, tornaria-se uma realidade para ser vivida.

Uma de minhas referências e inspirações que vendo hoje me soa ainda influente, foi o filme “Total Eclipse”, pouquíssimo difundido no Brasil como “Eclipse Total” ou “Eclipse de uma Paixão”.

A história narra a vida, amizade e relacionamento entre dois poetas na França, Paul Verlaine – reconhecido artista naquela época – e Arthur Rimbaud, jovem poeta de grande potencial.

O filme se passa por volta de 1871 quando Verlaine e Rimbaud alinham suas trajetórias de vida profissional e pessoal e iniciam um relacionamento conturbado, homoafetivo e que nos revela um tipo de intensidade interessante, daquelas que hoje traja roupas diferentes, mas que continua intensa e, as vezes, autêntica. Claro que nessa vida moderna, na qual tudo é mais acessível e próximo, vem uma carga de relacionamentos menos sustentáveis. Hoje, como já refletido em alguns posts, me parece que a quantidade de relacionamentos rema contra a profundidade nas relações. Naquela época, muito provavelmente, a vontade por se relacionar por afinidades era muito mais potencializada, principalmente pela realidade de acordos conjugais de interesses, dotes e status e não do sentimento pelo sentimento. Assim, quando um ou outro se cruzavam pela vontade, a coisa explodia! rs. Não é à toa que, sim, viviam ainda o período do Romantismo. Romantismo era assunto, e era assunto porque gritava por dentro.

Assistir um filme como esse sem o olhar da razão, ou da crítica quanto a idoneidade dos fatos, e se deixar levar pelas sensações que “Total Eclipse” tenta passar, pode ser uma oportunidade para aquele jovem gay que busca por conceber algum relacionamento afetivo na vida. Em outras palavras, para a gente se relacionar ou construir uma relação é necessário ter referências do que é a coisa da entrega, da intensidade, do envolvimento que as vezes nos movimenta para muito além da gente e que poucos se aventuram em tentar! Andamos sim sem essas referências porque o mundo “Big Brother” está mudado. Tudo anda muito prático, exposto e volátil; vivemos momentos do imediatismo que torna a busca da intimidade, que leva tempo, pouco praticável. Não é a toa que os posts mais lidos no MVG envolvem assuntos de namoros e relacionamentos. “Quero um namorado”, “Como ter um relacionamento gay”, “Onde encontrar um namorado”, “Namoro gay dá certo?” são as tags mais digitadas, como se namoro fosse algo de uma busca diária, um mistério não revelado.

Namoro e relacionamento talvez sejam sempre temas entre rodinhas, dentre as prioridades do ser humano. Foi assim em séculos passados e provavelmente será assim no futuro. E no final o que vale? Como diria o Freddy Mercury do Queen: “Just one year of love is better than a life time alone”.

 

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