Contos

Irresistível Força – Capítulo 4

Rodrigo fez uma cara de espanto…

Rodrigo – Ainda estou besta com sua revelação… Tem certeza?

Eu – Ele me disse que veio de Fortaleza, que é médico, que veio tomar posses de umas ações… Ele disse que era novo no ramo. O Afonso me falou a mesma coisa. Eu fui bem claro e pedi que ele não comentasse nada com ninguém. Ele está virando minha cabeça. O cara é gostoso e lindo demais!

Rodrigo – Renan Vianna Garini, quem te viu e quem te vê! A fase “Arthur” passou?

Eu – Nunca… O que ele fez comigo não vai passar nunca… Não consigo superar. Tenho medo de me entregar de novo e… Chega! Já deu por hoje! Devia ter ficado em casa, trancado no meu quarto.

Deixei Rodigo falando sozinho e fui pra casa, estava muito pensativo.

O Arthur foi meu primeiro namorado. Eu tinha 16 anos, ele 17. Eu amava aquele desgraçado. Um certo dia eu estava indo pra casa quando recebo um foto dele com outro cara. Eu sabia bem quem era. Ele não havia ido à aula. Achei que talvez tivesse viajado com meu sogro. Ele sempre fazia isso.

Quando recebi aquela imagem fiquei possesso. Eu nunca imaginei ser traído por ele. Ele era a pessoa em quem mais confiava. O meu primeiro homem, primeiro amor.

Estávamos perto do fim do ano letivo. Eu iria pra faculdade. Já tinha escolhido cursar Administração de Empresas. Eu precisava tocar a Garini Novaes Med. O filho do sócio do meu avô, Rodrigo Novaes, meu melhor amigo, já estava no segundo periodo. Ele me ajudaria a seguir cuidando dos negócios das nossas famílias.

Fui pra casa, me tranquei no quarto e só chorava. Chorei muito. Resolvi tomar um banho e ir ao encontro do Arthur. Fui até sua casa e toquei a campanhia. Sua mãe abre a porta e me pede pra entrar.

Rosana – Rê, meu amor, o Arthur está no quarto. Pode subir.

Eu – Obrigado, dona Rosana. Preciso vê-lo.

Ela percebe o meu estado. Por mais que eu tente ser forte e esconder, não deixo de transparecer.

Rosana – Aconteceu alguma coisa? Tudo bem?

Eu – Mais ou menos… Depois eu te explico… Tenho que ir… – falei subindo as escadas.

Eu parecia um furacão entrando no quarto do Arthur.

Eu – Como foi capaz de me trair, seu animal? – comecei a bater nele que estava nos pés da sua cama sentado.

Arthur – Posso explicar… Desculpa…

Eu – Explicar como comeu aquele cara. Eu te amo. Eu me entreguei pra você. Sempre tive muito medo de me relacionar com as pessoas. Você deve ter adorado ter feito o “orfãozinho” de bobo.

Quando recebi a foto, na mensagem estava escrito: “Estive com seu namorado, orfãozinho”.

Eu imaginava quem tinha me mandado aquela foto: Eduardo. O Eduardo era meu colega de turma. Ele sempre desejou o meu namorado. O Arthur se apaixonou por mim primeiro. Ele sempre me odiou por conta disso. Achei que ele nunca teria coragem de se vingar por causa disso, mas estava enganado. Ele conseguiu ter o Arthur.

Eu – Odeio que mintam pra mim. Eu odeio te amar e sofrer por você.

Arthur – Foi um vacilo meu… Ele me provocou… Não resis… – acertei um soco nele.

Eu – Nunca mais me procura. Eu te odeio.

Arthur – Eu não consigo viver sem você.

Eu – Que se dane! Morra!

Rosana chega no quarto assustado com nossa briga: – Que briga é essa?

Eu – Seu filho me traiu. Por mim está tudo acabado entre nós.

Arthur – Não faz isso… Eu sinto muito.

Eu – Eu sinto muito mais por ter sido um idiota.

Saí de lá sem nem olhar pra trás. Eu queria distância dele.

Cheguei em casa e queimei boa parte do que tinha ganhado dele. Restaram algumas fotografias e três cartas dele.

Arthur passou dois dias sem ir ao colégio. Eu agradecia a ele por ter feito isso. Mas o Eduardo foi e me provocou nos dois dias. Já estava cansado e quebrei a cara dele. Era mais alto, mais forte, nem tive trabalho. Resultado: fui advertido pelo diretor. Levei a maior bronca dos meus avós. Eles eram maravilhosos, mas sempre estavam ocupados. Os diversos compromissos da empresa tomavam conta do tempo deles. Mas eles me deram muito amor e atenção.

Contei tudo o que tinha acontecido entre mim e o Arthur. Meus avós entenderam numa boa.

Mas uma notícia nos pegou de surpresa: o Arthur tinha se matado.

Eu fiquei em choque. Ele me ligava, me mandava mensagem, e eu o ignorei durante os dois dias após nossa briga. Nunca pensei que ele fosse capaz disso. Não fui ao velório, nem ao enterro. Estava muito mal.

Passei meses em depressão. Consegui me formar, entrei na faculdade. Nunca mais falei com a Rosana. Não falo com ela até hoje.

Desde que fui traído, jurei não amar ninguém. Me entreguei ao Arthur, fui fiel a ele, o amei, e ele me traiu. Ele se matou por minha causa. Sabia que nunca o perdoaria. Morreu de amor. Se me deixou uma carta, um bilhete, eu não sei. Nunca recebi nada da família dele. Nunca recebi sequer um telefonema.

Já estava no meu quarto. Essas lembranças me deixavam tristes. Queria esquecer tudo, superar de uma vez. De alguma forma, aquela proposta do Afonso, se jeito canalha, decidido, mexeram comigo. Mas do outro lado eu tinha um cara carinhoso, lindo, que parecia ter se encantado comigo. Mas eu não podia me entregar. Não quero nada com nenhum dos dois.

Eu – Você é imune ao amor, Renan – pensava alto.

Minha vó tinha saído. Não tinha ideia de pra onde ela tinha ido.

Meu telefone toca. Stela estava me ligando.

Eu – Stela?

Stela – Doutor, a doutora Lúcia gostaria de jantar com o senhor. A secretária dela acabou de me ligar.

Eu – Quando?

Stela – Amanhã à noite, às 20:00 horas. Será na casa dela. Ela quer que o senhor leve sua avó e o Rodrigo. Os novos sócios do B. Health estarão presentes.

Eu – Pode confirmar minha presença…

Stela – Até mais, senhor. Tchau…

Eu – Tchau…

Desliguei o telefone e fiquei pensando nessa maldito jantar. Afonso e Miguel juntos. Minha vó e Rodrigo comigo vai dar o que falar. Nitroglicerina pura esse encontro.

O que será que vai acontecer?

Continua…

Estão gostando? Contei sobre a história do Rê. É por isso que ele odeia o amor.

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