Desejos de Colégio – Capítulo 8 – Visão/Perspectiva de Rodrigo
*Esses capítulos retomam bastante alguns outros – sob a visão do Rodrigo – e mais pro fim um pouco do que aconteceu com ele na festa do capítulo 6 e depois dela (contado na parte 7 na visão de Bernardo). A parte 9 do conto voltará ao normal – com a narração de Bernardo. *
NAQUELA SEXTA-FEIRA
“Caralho, tudo estava bem até que a merda da professora de química me colocou com aquele garoto” eu pensava enquanto andava pela rua. Decidi não voltar para a festa de Daniela logo, não queria encarar a Marina e muito menos Matheus com a gravata do Bernardo. “Por que Bernardo fugiu do meu beijo? Eu sei que fugi do dele também, no nosso primeiro, mas é tão difícil explicar tudo o que está acontecendo” eu pensava.
Eram quase 6 horas da manhã quando voltei pra mansão de Daniela, quase todo mundo já tinha ido embora. Entrei e não queria ver nenhum de meus amigos e por sorte só avistei Douglas beijando uma menina perto da porta. Peguei minhas coisas e fui pra casa.
Desde o dia em que Bernardo foi fazer trabalho de química lá em casa, eu não conseguia parar de pensar nele. Mas não queria aceitar isso, não acreditava ser gay, fui criado dentro de uma família muito tradicional, sempre achei me interessar por meninas, ou achava elas bonitas. O problema era sempre antes de dormir, quando as lembranças de como tudo aconteceu me acompanhavam até que o sono chegasse e apagavam quase tudo que fui doutrinado a acreditar e ser.
LEMBRANÇAS
Foi naquele dia que os vestiários estavam em manutenção, até ali eu não tinha sentido nada de estranho, ou pelo menos não lembrava. Minha vida estava completamente normal. Não pude tomar banho depois da educação física, só poderia quando chegasse em casa, mas não pareceu que Bernardo se importou, eu não sabia muito sobre ele… Só que seus pais estavam sempre viajando.
Quando chegamos em casa -sem muita conversa- encontramos direto meus pais de saída. Eles sempre querem parecer as pessoas mais simpáticas do mundo, por isso nunca me importo, sei que são frios e calculistas quando não tem ninguém por perto. Bernardo era muito educado, dei oi e tudo, mas chamei-o para subir. No meu quarto ele se distraiu bastante, olhando ao redor, menino curioso… Eu estava todo suado, então comentei que tomaria um banho e fui tirando a roupa. Ele pareceu ficar tímido e ficou todo vermelho, sem saber para onde olhar.
Foi esse o momento, eu acho. Foram aquelas bochechas vermelhas e os olhos verdes mudando de direção de 3 em 3 segundos que despertaram algo que estava bem fechado em mim. Eu lembro de pensar “Porra, esse garoto tá me secando?” só que não vinha a raiva de querer bater nele, nem o sentimento de algo estranho. Eu me sentia a vontade com ele, eu me sentia eu mesmo pela primeira vez. Só que ainda não tinha entendido o que isso significava naquela hora.
Lembro dele parar de me olhar, lembro dele ir arrumar suas coisas e isso me incomodou. Eu queria sua atenção, eu precisava dela, desesperadamente. Então tirei minha cueca. Na hora eu mesmo me repreendi, “o que eu estava fazendo?” pensava. Falei que já voltava e fui para o banheiro.
O BANHO
Eu entrei tentando parecer de boa, mas assim que tranquei a porta meu pau ficou duro. “QUE QUE ESTÁ ACONTECENDO???” eu pensava pra mim mesmo. Porque eu estava duro? Liguei o chuveiro e tentei deixar isso pra lá, mas não conseguia baixar a ereção.
Peguei no meu pau, me masturbando, a única coisa que conseguia pensar era Bernardo olhando meu corpo nu, tentei deixar isso pra lá e pensar em alguma das meninas que já havia ficado, tinha até aquela que me fez um boquete. Foi só pensar nisso que pronto, broxei. “Que merda é essa, não sou viado?” eu pensava. Não conseguia entender.
O RESTO DO DIA
Bernardo olhava minha série preferida. Bernardo tinha olhos verdes. Bernardo tinha um sorriso bonito. Bernardo estava na minha casa, fazendo um trabalho comigo, e eu só conseguia pensar feito uma bixinha. O que estava acontecendo comigo? Eu sou macho, eu sou homem. Eu não sou gay.
Lembro dele ter se machucado aquele dia, ele bateu a cabeça. Esse foi nosso primeiro contato, quando peguei ele no colo e coloquei ele deitado na minha cama. Fiquei realmente preocupado, mas a visão dele na minha cama era tão aconchegante. Estava ficando de pau duro, tinha que fugir dali, eu não era viado. Falei que iria pegar um gelo, mas ele falou “Não sai daqui” e pegou na minha mão. Eu não soltei por um instante, sentir aquele calor na minha pele era diferente. Mas eu não era gay, eu não poderia ser, eu sempre fui hétero.
Tinha que ser macho. Então saí dali. Eu queria levar ele pra casa, queria estar com ele, mas não podia, não era certo, então deixei ele ir. Mas antes roubei um abraço, um abraço que ele retribuiu e que pude sentir seu cheiro por um tempo antes de solta-lo, na verdade ele roubou um abraço que eu queria ter roubado. Nem sei, só estava tudo girando..
NEGAÇÃO
“Preciso ficar longe desse menino, ele representa tudo que eu não quero ser” era só isso que conseguia pensar o resto da semana toda. O que eu podia fazer para ficar longe dele eu fazia. Só que sábado não tinha escapatória. “E se eu for grosso com ele? será que adianta?” E decidi que essa era minha saída.
No sábado análise foi tranquila, fiquei o mais longe dele o possível, o maior problema era o próximo passo do exercício que demandaria ficarmos juntos sem fazer nada por 3 horas. Eu não podia, tinha medo do que meu subconsciente ou consciente faria. Então eu subi para meu quarto, torcendo para que ele não viesse atrás.
No tempo que fiquei ali me deu uma tontura e sentei na cama. Eu estava suando frio, era muita pressão e pensamentos. Olhava para a foto dos meus pais e pensava em Bernardo lá na sala. “Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas eu não sou gay, é só de momento.” eu falava pra mim mesmo. Acabei dormindo e tive um sonho estranho.
“Eu estava na praia que vou todo o ano, mas não estava com a minha família. Eu estava com Bernardo, passando protetor em suas costas enquanto ele olhava o mar. Ele então levantava e pegava minha mão, me levando para o oceano. Então eu ficava bravo e gritava “Eu não sou gay, me solta” Então, ele me soltava e eu era levado pela maré pra longe. Só ouvia de longe ele falando “Ser quem você não é só vai faze-lo se perder mais ainda na água”.
Acordei assustado. “Quanto tempo passou?” me perguntava. Não foi tanto, 1h e 30 apenas. Desci e encontrei Bernardo dormindo no sofá, ele estava um pouco suado e dava pra ver que estava de pau duro. Aquela imagem me despertou outro sentimento estranho. Uma vontade, sexual, mas nenhuma que eu tinha sentido por qualquer menina. Era mais, era intensa. Ela me dizia pra ir, tirar a roupa dele, mas eu não podia. “Se controla, seja homem, não seja um viado” Então eu acordei e ainda mencionei o fato dele estar de pau duro. “Por que eu sou tão babaca?” eu pensava.
O BEIJO
Eu melhorei um pouco. Não queria ser um total idiota com ele, mas não queria ser gay. Eu não era gay. “Eu não sou” eu pensava. Nossa série iria começar logo, convidei ele para olhar. Por que eu fiz isso? Eu queria sua companhia. Depois ainda o levei pra casa. Não conseguia me entender mais.
As memórias começavam a ficar um pouco confusas a partir daí. Eu queria ficar mais perto dele, mas não queria ser gay. Seria ele meu amigo? Eu queria que ele fosse meu amigo? Eu conseguiria ser apenas seu amigo? Nem sabia como tratá-lo sem deseja-lo. E eu não sou gay. Eu me certificava disso a todo instante.
Quando chegamos perto da casa dele, tinha decidido que agradeceria ele pelo trabalho e que não teríamos mais contato. Mas foi aí que ele me abraçou. E eu abracei de volta. Abracei mesmo, querendo aquele abraço. O cheiro dele inundou minhas narinas e quando o abraço estava acabando eu não queria sair dali. Então ele me beijou. E eu o beijei de volta.
E de início foi perfeito, mas logo a voz de meu pai se ergueu do fundo da minha mente “Meu filho vai se formar do colégio e entrar em uma faculdade de administração, ter uma família com uma mulher linda, ter filhos, ele é meu maior orgulho” e então empurrei Bernardo e o meu melhor beijo chegou ao fim. Saí correndo sem olhar para trás.
PRÓXIMOS DIAS
Toda vez que o beijo de Bernardo vinha na minha mente, ou qualquer coisa que lembrasse dele eu me obrigava a pensar em outra coisa. Comecei a conversar com uma das nossas colegas, a Marina, comecei a cantar ela. Precisava não pensar nele. “O trabalho acabou. Posso só esquecer esse beijo e viver minha vida longe desse menino.” e pensei por todo aquele dia. E também no dia seguinte, quando fui o mais grosso que pude com Bernardo, e queria pensar assim pelo resto da minha vida.
A FESTA
Os dias passaram e eu continuava tentando ignorar Bernardo na minha mente. Eu afogava toda e qualquer existência dele. As vezes eu não conseguia, como quando ele ficou de dupla com Matheus, um dos Muchachos. Mas as vezes dava certo, como quando eu tinha que me esforçar pra caralho prestando atenção no que Marina falava. Ela falava demais. Isso era ruim, mas era um santo remédio contra ele.
A festa de aniversário de Daniela era no dia seguinte e eu meu plano de ficar longe de Bernardo (em pensamento e na vida) estava dando certo até então. Chegou a hora da festa, coloquei meu terno e fui. Tudo estava ocorrendo de acordo com meu plano durante as primeiras horas, menos o fato de que eu não conseguia ficar excitado beijando Marina. Passei a maior parte da festa tentando. Forçando o interesse por ela, tentando ficar de pau duro, tentando não pensar que não via Bernardo faziam horas já.
Ocorreu um escândalo com o namorado de Daniela, que pegou uma outra menina. Nem queria saber, mal conseguia prestar atenção em Marina. Mas estava uma gritaria quando Matheus chegou na nossa mesa e falou:
-Eaí gente, essa não é a melhor festa que vocês já foram?
-É sim, tanta mina desesperada que já peguei quatro- disse Douglas, um dos muchachos
Quando Matheus apareceu percebi que ele também tinha sumido faz um tempo. Ele estava todo sorridente, com o cabelo diferente e estava usando uma gravata diferente da que ele chegou, essa era vermelha. “Peraí, o que está acontecendo? Matheus estava com uma gravata azul, ele tem mil gravatas azuis pois realça seus olhos como ele diz, o Bernardo estava com uma gravata vermelha, não estava?” fiquei me perguntando. Comecei a olhar pra ele e pra gravata e depois procurei Bernardo pela mansão com os olhos. Lá estava ele. De gravata azul. A mesma que Matheus estava usando antes.
Isso me deu muita raiva. Fiquei furioso com Matheus, com todos, mas não podia explicar nem entender o que estava acontecendo. Era o álcool, era Marina, eram muitas coisas ao mesmo tempo. Mesmo assim eu só consegui pensar “qual era essa porra deles terem trocado a gravata?” Vi Bernardo saindo e decidi ir atrás dele.
-Já venho
-Ai amor, fica aqui – respondeu Marina, bêbada
-Fica aqui você, eu já volto – respondi grosso
Então segui Bernardo para a saída, meio cambaleando pela bebida. Estava uma escuridão. Conseguia ouvir a música ao fundo. Era Los Hermanos. A letra cantava, enquanto eu seguia ele, “”eu só aceito a condição de ter você só pra mim”” pensava nele e Matheus juntos, se é que tinha acontecido ago “”eu sei, não é assim”” a música cantava, mas eu queria que fosse.
Quando cheguei perto dele e ele me olhou, com aqueles olhos verdes que mesmo no escuro brilhavam eu não pude fazer outra coisa além de tocá-lo e beijá-lo.”Não tenta se soltar de mim” eu pensava “me beija” Então eu ouvi um carro. Fiquei com medo, não queria ser descoberto, então fiz a merda de soltar ele. Foi um erro, pois ele saiu correndo de mim. Que nem eu fiz tempos atrás.
DEPOIS DO BEIJO – partes inéditas –
Eu corri atrás do carro, mas não fui rápido o bastante, tive que desistir. Então fui caminhar. Foi assim que eu cheguei nessa situação. Por minha culpa. Ainda não sabia o que fazer, mas o efeito do álcool já tinha passado. Não poderia culpar na bebida. Nem na professora de química eu poderia culpar.
Não queria voltar para Marina. Não queria voltar para a festa. Não atendi o celular quando ela ligou, muito menos quando Matheus ligou. Só voltei um bom tempo depois para a festa e logo fui pra casa.
Meus pais estavam dormindo ainda, cheguei em silencio, tirei toda a roupa e deitei na cama com fones de ouvido. Procurei Sentimental dos Los Hermanos no meu iPod e coloquei para tocar. Foi a primeira vez em anos que eu chorei. Não me sentia um viado por isso, não conseguia pensar em outra coisa a não ser que estava triste. Uma onda de sentimentos entrou no meu corpo e fez essa cachoeira sair de mim.
Consegui dormir, só pois estava cansado, mas não desliguei a música. Acordei às 14h com muita fome e sentindo meus olhos cansados. Eles estavam vermelhos. Coloquei um colírio e desci procurando comida. Tinha um bilhete de meus pais falando que foram para nossa casa de campo e que tinha comida na geladeira. Comi e olhei um pouco de TV.
LIBERTAÇÃO
Logo subi para tomar um banho. Foi outro momento importante, onde eu me deixei ser eu pela primeira vez. Comecei a pensar em Bernardo, no seu rosto, seu sorriso. Lembrei das bermudas que ele usava, marcando bem sua bunda redonda e grande. Comecei a ficar duro e abracei esse sentimento de tesão. Lembrei dele deitado no meu sofá, com um volume gostoso na bermuda. Quase senti nossos beijos, seu gosto doce, que nem sua pessoa. Eu queria mais.
Comecei a bater uma, passando a mão pelo meu corpo enquanto a água quente batia nas minhas costas. Meu pau pulsando de tesão enquanto eu tentava imaginar Bernardo pelado. Será que tinha pelos? Será que tirava tudo? Como será que era seu peitoral? Será que ele ficaria excitado com meu corpo? Será que ele iria me querer?
Mil pensamentos me deixando excitados e com mais vontade dele. Comecei a gemer forte, imaginando que estava lambendo seu corpo todo. Foi um tesão inexplicável que gozei em todo o box.
O dia passou voando, ouvi música (bastante Los Hermanos) e estudei um pouco. Como queria passar no vestibular deveria ir bem no seriado desse ano. Só que eu não queria Administração como meu pai gostaria que eu fizesse. Eu não sabia o que queria ainda, ainda bem que estava no primeiro ano ainda.
NO DOMINGO
Agora que não estava mais em negação eu queria lutar por Bernardo. Acordei com essa sensação de que seria o certo a fazer. Não podia contar pra ninguém. Não queria que ninguém descobrisse. Na turma não tinha nenhum gay, não assumido pelo menos. O único que conhecia do colégio era Guilherme, um menino do segundo ano, mas que nunca conversei. Seria estranho chamar ele do nada, capaz de contar para todo mundo.
Não sabia o que fazer exatamente, só decidi que na segunda-feira falaria com Bernardo e daria um fim na história com Marina. Eu estava preparado para tentar, ultrapassando todos os meus limites e o jeito que fui criado e principalmente seguindo meu coração, que foi silenciado durante muito tempo e agora está gritando forte pelo que quer.
Abaixo a dica de um filme delicioso para vocês curtirem:
Sinopse do Filme Seja Meu:
Um cara que nunca beijou um menino sonha em pressionar os lábios com um pedaço que conheceu no café local, nesta comédia romântica gay.
Mayson (Dan Seldon) não é o tipo de cara para apressar o amor; ele sempre imaginou que seu primeiro beijo seria romântico e significativo. Quando Mayson cruza caminho com Reiley (Jared Welch), em um café, ele começa a se perguntar se ele, finalmente, encontrou o cara de seus sonhos. Mais tarde, a melhor amiga de Mayson, Robyn (Kendra Thomas), convida-o para uma festa do Dia dos Namorados, organizada pelo seu amigo em comum Eric (Eric Taylor). Quando Reily aparece na festa, começa a parecer que o objetivo de Cupido está morto.
Muito bom^^
Incrível
Nossa…
A cada capítulo lido, eu me apaixono cada vez mais por Ber e Rodrigo!; Estou extremamente apegado à este maravilhoso e perfeito conto. Sem contar nesses dois personagens.
Gostaria de dar uma pequena opinião:..
Será que fazendo a estória ser narrada por ambas as partes (Bernardo e Rodrigo) não ficaria ainda melhor??; Pois, os leitores ficariam ainda mais presos ao conto, iria satisfazer ainda mais a nossa sede de saber mais sobre e sem contar que iria ficar ainda mais PERFEITO! (Apenas uma pequena opinião)
Mas, desde já, agradeço do fundo do meu coração por está nos presenteando com essa magnífica obra!
Adorei esse conto um dos melhores q eu já li