Contos

Irresistível Força – Capítulo 11

Médico – Infelizmente, nenhum de vocês dois é compatível. A senhora Milano têm poucas chances de conseguir isso. Ela está na fila para doação de órgãos, mas, ainda assim, as chances dela são mínimas. Ela só deve ter duas semanas, um mês… Estamos sem rumo.

Eu – E agora, amor? O que vamos fazer? Eu não quero que ela morra!

Nessa hora o Miguel me abraçou. Ele me dá muita segurança. Quem diria que eu iria abrir meu coração de novo.

Miguel – Fica calmo, amor. Nós vamos dar um jeito… Ela vai conseguir esse transplante.

Eu – Que jeito? Estamos ficando sem tempo. Eu não quero dar essa notícia a ela.

Médico – Ela está muito tranquila, Renan. A Rosana sabe do seu real estado de saúde.

Eu – Podemos vê-la, doutor?

Médico – Ela está sedada. Estamos dando a ela altas doses de morfina. Recomendo que venha visitá_la outra hora.

Eu – O seu George está aqui?

Médico – Estava na cantina até antes da minha chegada.

Miguel – Obrigado por tudo, doutor. Voltaremos uma outra hora. – Miguel apertou a mão do médico.

Eu – Até mais. – me levantei e saí de mãos dadas ao Miguel.

Eu estava desesperado. A Rosana sempre foi tão boa. O George estava desolado, com toda certeza. Eles só tinham o Arthur. O medo da solidão deveria estar ganhando força dentro dele.

Procuramos o George por todos os lados e não o encontramos. Uma das enfermeiras disse que ele havia ido em casa. O que ele poderia fazer? A Rosana estava sedada, desenganada, já sem esperanças. Pobre George.

Miguel foi ao banheiro, e eu fiquei esperando por ele na recepção do hospital. Quase desmaiei quando vi aqueles dois monstros na minha frente. O Afonso estava com a cabeça enfaixada. Minha avó tinha feito um belo “trabalho” com aquela garrafa de Moet & Chandon Dom Perignon. Ele teve sua cabeça quase rachada por uma garrafa de um dos champanhes franceses mais caros.

Afonso – Olha quem está aquI, Edu: a bichinha!

Eduardo – Com certeza veio ver à morta-viva. Espero que já tenha passado para o lado de lá. Mas gostaria de vê-la sofrendo até o último segundo de vida.

Eu – Vocês dois são asquerosos, me dão repulsa. Eu poderia acabar com a farra de vocês dois. Sabiam que o incesto é mal visto em nossa sociedade? Querem que eu faça um escândalo aqui?

Eduardo – Do quê você está falando, orfãozinho? – pude notar o medo e o espanto nos olhos dele.

Afonso – Se a velha não tivesse quase afundado meu crânio, eu quebraria essa sua carinha de puta bem aqui. Ela tá louca, Edu.

Eu – Você acha que eu não fotografei vocês se beijando, se amassando na frente da casa da doutora Lúcia? Eu vou jogar no ventilador.

Afonso – Você não teria coragem…

Eduardo – Isso é um blefe dele. Eu sei que ele pode ter visto, mas sei que nunca tiraria nenhuma foto.

Eu – A frase pode ser clichê, mas define este momento: “Na guerra e no amor vale tudo”. Saibam que eu tenho muitos amigos na imprensa. Conheço até alguns “abutres”; eles se deliciariam com as fotos de vocês. Você é um homofóbico bem estranho, Afonso, afinal pega o seu próprio irmão. Quer dizer que a sua homofobia é só um disfarce? Você também é uma bichinha. Uma bichinha repugnante que come ou dá ao próprio irmão. – eu estava com sangue nos olhos. Não perderia a oportunidade de tripudiar em cima daqueles dois.

Afonso – Eu vou quebrar a sua cara!

O Afonso veio pra cima de mim, mas o meu amor tinha voltado.

Miguel – Se você tocar nele, eu esqueço que estou num hospital e te mando pra UTI.

Eduardo – Vamos embora, mano. – o Eduardo estava chamando o Afonso e o puxando pelo braço.

Eu – Não vai chamar ele de amor, Edu? – eu estava adorando aquilo tudo.

Eduardo – Não provoca ele, Renan.

Eu – Acertou meu nome? Esqueceu que sou um “orfãozinho”? Bicha, a senhorita me surpreende a cada dia.

Pude ver o ódio nos olhos do Afonso. Eu estava apaixonado pelo Miguel, mas o olhar penetrante do Afonso ainda me deixava desconcertado. Se ele não fosse tão canalha, talvez eu já tivesse caído nas garras dele. Ou ele na minha.

Miguel – Que história é essa de amor?

Eu – Eu não queria te envolver nisso, mas estamos juntos e precisamos um do outro.

Miguel – Eu vou querer saber, mas não agora e não aqui.

Fomos embora do hospital. O Miguel me levou para a empresa, eu apresentei minha sala a ele, mas ele recebeu uma mensagem da doutora Lúcia e precisou sair. Ele me disse que daria continuidade ao seu plano. Plano esse que eu nem sabia o que era.

Eu – Não vai me contar mesmo sobre o seu plano?

Miguel, Por enquanto, não. Eu não quero criar esperanças, pode não dar certo e o tiro sair pela culatra.

Eu – Você não percebeu que eu estou uma pilha com isso tudo?

Miguel – E eu não? Não existe mais minha vida e sua vida, desde a nossa primeira vez, é nossa vida. Eu não quero te perder nunca mais.

Eu – Você não me tem, como vai me perder?

Miguel – Eu achei que a gente tivesse em um relacionamento.

Eu – Que carinha mais linda. Você tinha que ver essa sua carinha de cachorro abandonado.

Miguel – Eu te amo, meu Rê!

Eu – Não vou dizer nada pra você não ficar se achando.

Miguel – Que homem difícil, meu Deus! Vou ter muito trabalho com você ainda.

Eu – Se não dá conta eu arrumo outro. Simples.

O Miguel me deu um beijo que me deixou de perna bamba. Eu amo esse homem, mas não posso deixar ele achar que me ganhou tão facilmente. Eu sei que vocês estão me achando um insensível, mas se coloquem no meu lugar e verão o quanto eu já sofri.

Rodrigo entrou na minha sala todo feliz. Ele e o Miguel conversaram muitas amenidades. Quando eles começaram a falar da noite de amor que tiveram, eu fiquei revoltado. O Miguel e o Rodrigo falando sobre mim e sobre a Stela como se fôssemos dois pedaços de carne.

Eu – Parem de se gabar. Eu já tive homens melhores que você, Miguel.

Rodrigo – Essa doeu, amigo.

Miguel – Diz isso pra seu corpo quando eu te beijo, te abraço, te pene… – dei um soco no peito do Miguel.

Eu – Vou fazer greve de sexo. Vou te matar na unha.

Rodrigo – Espero que a Stela não ouça isso.

Eu – Eu vou aconselhá-la a fazer isso. Vocês não nos merecem. Homens…

Miguel – Golpe baixo isso, Rê. Duvido você aguentar e resistir a mim.

Eu – Começo hoje então. Veremos se não resisto.

Miguel – Brincadeira, amor, brincadeira.

O Miguel me deu um selinho e foi embora.

Eu contei toda a história dos irmãos Guerrijos ao Rodrigo. O Rodrigo ficou chocado.

Rodrigo – Foi por isso que você estava daquele jeito ontem?

Eu – Foi.

[Miguel narrando]

Cheguei no B. Health e fui direto ao encontro da doutora Lúcia.

Eu – Bom dia, doutora! O Celso está no Brasil?

Lúcia – Sim, doutor Miguel. Ele chegou de madrugada.

Eu – Ele deu alguma esperança?

Lúcia – Sim, mas eu não quero olhar pra cara dele. Ele me falou que o Afonso entrou em contato com ele.

Eu – Era o que eu temia. Preciso entrar em contato com ele. A senhora se importa de me dar o telefone dele?

Lúcia – Não, anota aí…

Eu liguei para o Celso…

Celso – Alô?

Eu – Bom dia. Celso Pacheco?

Celso – Sim… Quem está falando?

Eu – Miguel Vinol.

Celso – Estava esperando o seu contato. Vamos almoçar? A doutora Lúcia já me adiantou o teor do assunto.

Eu – Que horas?

Celso – Às 13:00 horas. Te mando o endereço do restaurante por mensagem…

Eu – Fechado.

Eu desliguei o telefone com muito receio. Afonso entrando em contato com o Celso, ele todo prestativo… Será que estava preparando alguma coisa contra mim e a doutora Lúcia?

Lúcia – Então, o que ele falou?

Eu – Marcou um almoço pra gente conversar.

Lúcia – Espero que você consiga. Conte comigo para o que der e vier.

Eu – Tem que dar certo… Tem que dar certo…

Continua…

O que vai acontecer nesse almoço? Será que o Celso está do lado do Afonso? A Rosana vai conseguir o transplante? O que o Rodrigo vai pedir pro Renan fazer com as fotos?

Gente, estamos chegando na reta final do conto. Eu peço mil desculpas por ter ficado esses dias sem postar. Tive alguns contratempos e não pude sentar pra escrever o conto. Acho que amanha posto o capítulo 12. Muito obrigado por todos os comentários, vocês me dão forças pra continuar. Eu sei que não escrevo bem, mas agradeço a cada um por parar um pouco e ler essa estória. Eu estou vivendo Irresistível Força com vocês. Amo todos vocês! Beijos.

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