Contos

Irresistível Força – Capítulo 5

Minha cabeça agora fervia. Será que eu teria coragem de encarar o Afonso e contar tudo? Como a doutora Lúcia e o Miguel reagiriam? Eu fiquei indeciso se contaria sobre aquela maldita proposta.

Minha vó chegou. Tinha ido ao shopping com uma de suas amigas. Ela adorava sair, passear. Ela estava sempre alegre. Já tinha superado à ausência do meu avô. Foi doloroso e difícil, mas ela conseguiu. Eu acho que se perdesse minha avó, meu mundo perderia todo o sentido. Ela morria de medo de morrer e me deixar sozinho. Ela dizia que queria me ver casado. Quem sabe o Miguel não quebraria a minha resistência, não me deixaria louco por ele. Não vai demorar pra isso acontecer. Odeio admitir, mas eu estava me rendendo a ele.

Vó – Algum problema, meu amor?

Eu – Estava pensando no Arthur, no Miguel… Enfim, eu odeio pensar neles.

Vó – Miguel? O tal “lance” de ontem?

O sentimento que me invadia crescia de uma maneira, que me fez esquecer que só tivemos uma noite de amor. Que noite!

Eu – Sim, e um dos sócios do B. Health.

Vó – Conta essa história direito, menino… – minha avó pegou na minha mão e olhou pra mim.

Eu contei tudo pra ela. Contei da mesma maneira que falei para o Rodrigo. Ela ficou surpresa, mas depois fez uma cara de quem tinha acabado de ter uma ideia. Eu conhecia bem aquela cara.

Vó – Convida ele pra vir aqui. Preciso conversar com ele. Vou juntar vocês dois, e de brinde ainda acabo com o bandido do Afonso.

Eu – Vózinha, please, não começa. Eu não preciso me juntar com ninguém. Eu não sou peça de quebra-cabeças. Para de tentar viver minha vida por mim. Deixa que eu resolvo tudo.

Vó – Você vai convidá-lo. Quero ele aqui hoje e, se possível, daqui a trinta minutos. Liga logo!

Eu – Tá certo…

Estava demonstrando raiva, mas por dentro estava festejando. Bastou um dia pra que ele me ganhasse. Maldito seja aquele loiro, gostoso, apaixonante.

Vó – Vi sua carinha triste e me esqueci de te entregar esse envelope – ela me estendeu o envelope.

Eu peguei aquele envelope simples, mas que parecia ter alguns papéis dentro.

Eu – Não tem remetente… Estranho… Depois eu abro.

Vó – O Sidney me entregou quando cheguei. Ele me falou que você chegou de carro e foi direto pra garagem. Ele esperou você descer… Mas o importante é que estás com o envelope. Liga pro bofe já!

Eu – Para, vó!

Parece que o destino estava se deliciando comigo e com minha vida. O Miguel estava me ligando.

Eu – É ele!

Vó – Atenda agora.

Fiz um sinal com a mão pra minha vó e atendi o celular…

Eu – Oi, doutor Miguel sem sobrenome!

Miguel – Miguel Vinol. Esse é o meu nome. Como vai, meu “extremamente mau”?

Eu – Melhor agora, meu “dominador”… Ai! – minha avó dá um tapa no meu braço.

Miguel – Aconteceu alguma coisa? Tudo bem? Sou médico, esqueceu?

Eu – Não. Foi só um dorzinha leve… – tive que mentir.

Miguel – Me dá seu endereço. Quero te examinar… E algumas coisas mais.

Eu – Ia te chamar pra vir aqui. Minha vó quer te conhecer.

Miguel – Minha futura sogra. Já amo ela! Manda seu endereço.

Eu – Te mando por mensagem… Tenho que desligar. Beijos…

Miguel – Estou chegando dentro de uma hora. Preciso organizar uns papéis. Beijos…

Desliguei o telefone quase babando. Minha vó me despertou do transe estalando os dedos.

Vó – Acorda! Vou passar as instruções do jantar. Vai tomar um banho e se arruma.

Eu – Estou indo.

Não contei nada sobre o jantar do dia seguinte. Peguei o envelope, fui subindo as escadas, e minha vó foi até a cozinha conversar com os empregados. Com certeza foi passar instruções para o jantar.

Respondi uma mensagem do Rodrigo quando cheguei no meu quarto. Fui ao banheiro e tomei um banho de Cleópatra. Só faltou o leite. Quer dizer, o Miguel me daria muito leite naquela noite. Nossa! Eu estou depravado demais.

Me arrumei e passei bastante perfume. Sempre me vesti bem. Sou muito vidrado em moda. Quando ia saindo do quarto, me deparei com o envelope na cama. A curiosidade falou mais alto e abro ele. Encontro três envelopes menores e um CD. Vi que todos eles estavam com a letra do Arthur. O que será que tinha neles?

Após ter chorado um pouco, decidi que nada estragaria minha noite. Joguei aquelas cartas no chão e desci enxugando minhas lágrimas. Me olhei no espelho do corredor e vi que estava lindo. Não dava pra ninguém perceber que havia chorado.

Quando vou descendo as escadas escuto a campanhia tocar. Grito que vou abrir a porta. Quando abro a porta, lá estava o meu amor. Ops! Amor?

Ele estava lindo. Estava com vestido com um blazer azul marinho, camisa branca que deixava o seu corpo forte marcado, uma calça jeans justa e calçando um mocassim. Não pude deixar de reparar no volume. Ele era enorme em todos os sentidos.

Miguel – Gostou?

Ele me olhava e sorria lindamente. Ele percebeu os meus olhares para o seu membro.

Eu – Tá legal…

Miguel – “Tá legal”? Diz logo que estou incrível.

Eu – Está legal…

Miguel – Amo seu jeito de durão. Se faz de forte, mas na cama se rende a minha pegada.

Eu dei uma apertada na mala do Miguel e ele sorri.

Eu – Gostou dessa?

Miguel – Louco… Sua vó podia ter nos flagrado…

Eu – Com medo? Ela é brava…

Minha vó me interrompe e fala: – Sou nada. Esse neu neto é um bobo. Não vai me apresentar esse gatão?

Eu – Miguel Vinol, vó! Meu na… Amigo.

Miguel – Prazer! Que linda a senhora é.

Vó – O prazer é todo meu! – minha vó aperta a mão do Miguel e o abraça falando em seu ouvido: – Já ganhou meu coração, genro!

Ele me contou que ela disse isso depois.

Eu – Deixem de tricô. Aceita um cálice de vinho?

Miguel – Claro.

Nos sentamos no sofá e meus dois amores conversavam muito. Eu já estava chamando ele de amor. Meu Deus! Complicou tudo agora.

Vó – Você é melhor que aquele crápula do Afonso. Uma parte do B. Health está em boas mãos.

Miguel – O Afonso? Crápula? Que história é essa?

Minha vó e sua boca grande. E agora? O que vai acontecer? O que tem nos envelopes? No CD? Será mesmo do Arthur? Ansiosos para o jantar? Os dois?

Continua…

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